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Joguei o livro de lado, peguei o protetor, coloquei uma boa quantidade nas mãos e comecei a espalhar. Fazia um bom tempo que eu não pensava nos meus sentimentos pelo Harry; não que eles tivessem diminuído, muito pelo contrário, sentia aumentá-los de ano para ano, mas procurava me distrair ao máximo, fugindo da tortura daquela atração proibida. Só que, em momentos como aquele, ficava muito difícil resistir à onda de emoção que eu sentia em poder tocá-lo, mesmo por um motivo tão inocente. Procurei prolongar a experiência espalhando o creme bem devagar.

- Hum, isso é tão bom - comentou, suspirando.

- Você se parece com aqueles gatos que ficam ronronando quando a gente faz carinho neles - brinquei, vendo a cara satisfeita dele. - Pronto, acabei.

Depois ficamos ali juntos, curtindo à tarde, cada um fazendo o que gostava. Algumas horas depois, comecei a sentir uma dor incômoda na barriga, era uma dor estranha, não me lembrava de ter sentido aquilo antes, por isso procurei mudar de posição, mas não melhorava. Talvez a combinação de sanduíche e calor não tivesse me caído muito bem.

- Harry- chamei, mas ele estava de olhos fechados ouvindo música, então toquei seu braço.

- O que foi? - perguntou, abrindo os olhos.

- Vou subir e tomar um banho. Não estou muito legal - disse, colocando a mão na barriga.

- O que você tem? - quis saber, preocupado.

- Não sei, acho que foi o sanduíche - respondi, já me levantando.

- Toma algum remédio - sugeriu.

- Boa ideia. Entrei e fui direto para o chuveiro.

A sensação da água fria no meu corpo quente era agradável, me ensaboei, lavei o cabelo e estava acabando de tirar o excesso de condicionador quando, distraída, olhei para baixo e vi o chão vermelho. Por um momento, pensei que pudesse ter me cortado com alguma coisa sem perceber, mas, examinando melhor, vi que o sangue saía do meio das minhas pernas, então a ficha caiu. "Fiquei menstruada!", pensei, agitada; agora eu entendia que aquela dor era das temidas cólicas. Saí do boxe e me enrolei na toalha, pensando no que fazer primeiro. Comecei a procurar por um absorvente no armário do banheiro e não achei nada. E agora? Tinha medo de sair andando pela casa, sujando tudo. Ai, por que isso foi acontecer logo agora, que não tinha nenhuma outra mulher em casa? Se bem que esses assuntos não eram novidade para o Harry, crescendo rodeado de mulheres isso era tema banal. Não teve jeito, abri a janelinha do banheiro e gritei seu nome, porém ele não respondeu.

- Droga, os malditos fones! - lembrei.

Peguei no armário um rolo de papel higiênico, mirei e arremessei-o pela janela, caindo bem em cima do peito dele, fazendo-o olhar para cima, assustado.

- Vem aqui, correndo! - gritei para ele, e um minuto depois batia na porta.

- Está tudo bem aí? - perguntou, agitado.

- Mais ou menos - respondi nervosa.

- Ainda está passando mal?

- Mais ou menos.

- Quer parar de ficar respondendo mais ou menos e dizer o que está acontecendo?!

Respirei fundo:

- Preciso que você me faça um favor.

- O quê?

Fechei os olhos, ainda mais nervosa.

-Precisoquevocêpegueumabsorventeparamim! - falei rápido.

- Camila, repete que eu não entendi nada.

- Preciso que você pegue um absorvente para mim - repeti pausadamente, e seguiu-se um profundo silêncio. Já estava achando que ele tinha fugido, quando ouvi sua voz:

- Isso quer dizer que aquela dor era... - parou sugestivamente.

- Sim - respondi rápido.

- Então, você ficou... - outra pausa sugestiva.

- Sim - respondi, num fio de voz.

- Caramba! - exclamou, nem eu teria dito melhor. - Mas não tem o que você precisa aí, não?

Agora eu estava perdendo a paciência.

- Você acha que, se tivesse, estaria pagando esse mico, te chamando aqui?

- OK, fica calma, onde posso achar?

- Qualquer lugar no quarto das meninas, rápido!

- Estou indo! - Ouvi os passos dele se afastando.

uncontrollably fond // hs Where stories live. Discover now