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- Já reparou que você diz muito as palavras "se" e "talvez"? - recomeçou. - Isso significa que você não tem certeza de nada. Pode ser que rolasse, pode ser que eles aceitassem.

- Mas eu nem sei se ele me corresponde, Lexy! - desabafei.

- Você me disse que às vezes ele te olha diferente.

- Às vezes, quando olho para ele, tenho a impressão de algo no ar, mas sempre é tão rápido, e geralmente logo depois ele já começou a falar outro assunto ou simplesmente vai embora. Talvez seja coisa da minha cabeça, sabe? - Dei uma risada. - Vai ver, sem perceber, depois de todos esses anos, enlouqueci de paixão e estou vendo coisas que não existem!

- E se você arriscasse?

- Como assim?

- Agarra ele e pronto, tira sua dúvida!

- Já pensei nisso, mas a verdade é que tenho tanto medo. Medo de ser rejeitada. Dele não me querer como o quero, medo do que vou ver nos olhos dele. E se ele ficar com raiva de mim, ou pior, nojo, sabe? Sei lá! Eu não suportaria! Não conseguiria suportar que ele pensasse mal de mim! - disse, baixando o rosto ao terminar meu desabafo.

- Camila, olha para mim, vai! - Levantei o rosto, e estava tão aflita com aquele assunto que acabei chorando, rolaram algumas lágrimas que eu discretamente secava rapidamente com as mãos.

- Não puxei esse papo para deixá-la triste, mas para fazê-la refletir sobre como está sua vida no momento. Para incentivá-la a tomar atitudes - falou carinhosamente.

- E quais são minhas alternativas? - perguntei, limpando o nariz no guardanapo.

- Tenho duas para você. Primeira: literalmente cair de boca no Harry, pegar o cara à unha, tascar um beijo daqueles e ver como ele reage.

Olhei para ela espantada, pensando se não tinha surtado ao sugerir algo assim, mas ao ver seu olhar sério e decidido vi que tinha dito aquilo para valer.

- E a segunda? - perguntei, tremendo.

- A segunda é partir para outra e esquecer que o cara existe. Mas você tem que realmente querer isso, Camila, tem que querer esquecê-lo e encontrar outra pessoa. Poxa! Tem um monte de caras bonitos e interessantes aí fora, que adorariam ter uma chance com você. - Paramos um pouco a conversa, pois chegou o garçom com nossos pedidos. - Vai pensar nas coisas que eu te disse? - perguntou, quando ficamos sozinhas de novo.

- Vou sim - respondi com sinceridade.

- Quero que você saiba, que independente da escolha que faça estarei do seu lado, para o que der e vier - continuou, dando um tapinha na mesa.

- Obrigada, prometo que quando decidir você será a primeira, a saber.

Mais tarde, voltei para casa com a cabeça cheia de interrogações. Lexy estava certa ao dizer que eu não podia continuar vivendo assim, tinha que ter minha própria vida, fazer uma escolha e ter coragem de seguir em frente, de assumir as consequências, de correr riscos. Ao me arrumar para ir ao bar-restaurante aquela noite, me olhei no espelho e pensei o quanto estava cansada daquilo tudo, de ser covarde, de esconder meus sentimentos, se não seria melhor romper logo com tudo, mudar definitivamente e esquecê-lo. Acabava de passar o batom quando ouvi uma batidinha na porta.

- Pode entrar.

A porta se abriu, e o Harry apareceu, vestido de preto da cabeça aos pés, cabelos levemente bagunçados e aquele sorriso matador nos lábios. Olhou-me de cima a baixo, soltando um assovio, e corei de prazer.

- Gostou? - perguntei, dando uma voltinha, fazendo rodopiar meu vestido longo de um vermelho escuro.

- Muito, você sabe que fica muito bem com essa cor, combina com seu tom de pele - respondeu, observando o ondular do tecido.

- Obrigada - agradeci sorrindo.

- Vamos, já deve ter um monte de gente nos esperando. - Ele estava eufórico.

Pegamos um táxi até o lugar marcado e quando entramos já estava lotado. "De onde o Harry conhecia esse povo todo?", pensei. Assim que chegamos, fomos rodeados por vários amigos que começaram a nos cumprimentar alegremente.

- Camila, alguém já te disse que você está altamente "pegável" essa noite? - Zayn falou, assim que se aproximou. - Amigo, se fosse minha irmã não deixava sair assim.

- Pode olhar à vontade, Zayn - respondi para ele. - Agora, tocar só em pensamento, ou melhor, nem em pensamento.

- Hum, adoro mulher difícil!

Revirei os olhos; Zayn não aprendia mesmo. Comecei a caminhar, passando por um monte de gente, que conversava animadamente. Deixei Harry recebendo os cumprimentos dos amigos pela sua conquista. Finalmente avistei Lexy numa mesa, acenando para mim.

- Guardei um lugar para você! - Ela teve que gritar para que eu pudesse ouvir.

- Caramba! Isso aqui está uma loucura hoje! - falei, ao me sentar do outro lado da mesa, bem à sua frente.

- Nem me diga, não sabia que o Harry era tão popular!

- Para falar a verdade, nem eu! - concordei.

Pedimos nossas bebidas, alguns petiscos, e ficamos ali, batendo papo, rindo, brincando e observando o movimento.

- E aí, meninas! Posso me sentar um pouco com vocês? - Era o inconveniente do Zayn.

uncontrollably fond // hs Onde histórias criam vida. Descubra agora