16

5.5K 430 116
                                    

Alguns anos que se seguiram, nossa rotina não mudou muito, exceto que crescemos, cada um fazendo os cursos de que gostava. Ao completarmos 16 e 19 anos, eu e Harry, respectivamente, Gemma e Cate já haviam terminado o colégio e saíram de casa para continuarem os estudos na universidade. Gemma fazia jornalismo, já Cate estudava sociologia, agora só nos encontrávamos nas férias ou nos feriados. Já o Harry tinha se formado há um ano na escola, fato quase milagroso, devido às suas notas medianas e à quantidade de faltas e atrasos que ele teve. Na verdade, se Harry agora tinha um diploma de curso secundário, o mérito era todo de nossa mãe. Ela o incentivou a cada ano, quero dizer, talvez incentivar não seja a palavra mais apropriada, praticamente o obrigou a frequentar a escola, o empurrando porta afora, a cada manhã, e vigiando de perto seu rendimento escolar.

No dia da formatura, papai disse para quem quisesse ouvir que o diploma era mais da mamãe do que dele. Não que ele fosse "burro", estava muito longe disso, sempre foi um cara inteligente e sensível, mas com certeza seu futuro não estava no mundo acadêmico, desde muito cedo ficou claro para mim que sua estrela o guiava em outra direção. Era um excelente músico, tocava piano e violão, e tinha um estilo de vida meio boêmio, adorando uma noitada com os amigos. Profissionalmente, tinha optado pela carreira de ator. Ele havia entrado para um grupo de teatro, fazendo algumas peças, e já tinha gravado alguns comerciais para a televisão. Ele havia se desenvolvido bastante fisicamente, continuou alto e magro, mas agora estava mais encorpado, com ombros largos e pernas fortes, esculpidas pela prática constante de esporte. Não se podia dizer que era musculoso, mas se tirasse a camisa não faria feio.

Porém, para mim, seu rosto continuava a ser o que mais me chamava à atenção, não propriamente um rostinho de traços perfeitos, mas um rosto interessante de olhar, diferente e curioso, que logo nos fazia pensar: parece ser um cara legal, preciso conhecê-lo! Isso sem falar nos olhos, que continuavam as janelas da sua alma, límpidos e transparentes. Para mim, não havia no mundo todo rosto mais querido. E eu continuava sendo sua silenciosa admiradora. Não cresci muito. Tive que me contentar com meu 1,57 cm de altura. Junto com Lexy, comecei a ter aulas de balé, o que ajudou a me manter magra, afinar minha cintura e desenvolver pernas bem torneadas, e meus seios cresceram mas não exageradamente. Lembro-me até hoje da primeira vez em que fui para a escola de sutiã, com a sensação de que todos estavam olhando para mim, ainda mais com o olhar descarado do Zayn e com o que ele disse.

- Puxa Camila, como você "cresceu" esse ano! - disse, olhando claramente para baixo do meu pescoço. Não deixei essa passar barato, eu podia ser tímida, mas do Zayn eu sabia me defender.

- Engraçado, já você parece ter encolhido - falei, olhando para a calça dele. - Pelo menos, é o boato que anda circulando entre as garotas.

Tive o prazer de passar, todo aquele dia, sendo assediada por Zayn, que insistia em querer saber quem estava espalhando essa "infame mentira". Minha relação com Harry tinha se mantido a mesma, fraterna, pelo menos exteriormente, porque por dentro ainda me desmanchava toda por ele, apesar das nossas implicâncias eventuais, como naquele sábado pela manhã.

- Camila! - chamou Harry quando entrou no meu quarto, gritando como um doido. Fingi que continuava dormindo, nem me mexi. - Anda, acorda! - disse me sacudindo, porém continuei imóvel. - Prepare-se, você pediu! - falou subindo em mim, começando impiedosamente a fazer cócegas por todo o meu corpo.

Ele sabia que esse era meu ponto fraco, eu não resistia a cócegas, e comecei a rir descontroladamente, mandando-o parar, pois já estava ficando sem ar. Inesperadamente, ele segurou minhas mãos acima da minha cabeça e aproximou o rosto do meu.

- Se rende? - perguntou, com um sorriso travesso.

Abri os olhos, respirando fundo, e encontrar seu rosto tão perto do meu fez meu coração dar um salto no peito. Mesmo depois de todos esses anos de convivência, ele ainda tinha aquele efeito sobre mim. Olhei para baixo e verifiquei que ele estava sem camisa, só usava uma calça de moletom preta; quase fiquei vesga só de olhar para o peito dele, e minha vontade era estender as mãos e corrê-las pelo seu tórax. Sorte minha que estavam bem presas por ele.

uncontrollably fond // hs Where stories live. Discover now