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- Bêbada? Estou bêbada? - perguntei, surpresa.

- Bem, não muito, só de pilequinho, na verdade. Mas você está muito engraçada, comendo e se olhando nesse espelho, com um olhar de quem está "toda se querendo" - Não tive como não rir do comentário dele. - Espera aí, isso merece ser registrado, seu primeiro pileque... - Ele pegou o celular e mirou na minha direção, e assim que fiz uma pose, segurando o sanduba, ele tirou a foto.

A gente continuou comendo, com aquela naturalidade de quem se conhece a vida toda, rindo, brincando, fazendo comentários bobos sobre alguém que entrava, e caindo na risada.

- Senti muita falta disso - disse, segurando minha mão por cima da mesa.

- Do quê?

- De estar assim, com você, conversando sem estresse, falando um monte de bobagem, sem julgamentos, sem brigas. Você tem estado muito diferente de uns tempos para cá. - Baixei os olhos e dei um suspiro. - Por quê? Por que você mudou tanto? - ele perguntou, com um olhar triste.

- Você não desconfia? - questionei, olhando para nossas mãos unidas.

Ele segurou meu queixo com sua outra mão, me obrigando a encará-lo.

- Nós? - ele perguntou, me olhando nos olhos. - É esse o motivo?

- Sempre foi - confirmei.

Não precisava dizer mais nada por enquanto, sabia que ele tinha entendido. Harry se levantou e se sentou ao meu lado, passando o braço por trás do meu ombro.

- Mas agora, esse motivo não existe mais - ele disse, carinhosamente.

- Não? - perguntei, insegura.

- Não - respondeu, mexendo no meu cabelo. - Você acha que, agora que eu provei o gosto da sua boca, vou te deixar fugir? - Senti várias borboletas voando pelo meu estômago, quando o ouvi dizer aquilo.

- Quem disse que quero ir embora?

- Não sei. Nunca se sabe quando pode aparecer um gavião na área.

Fui até seu ouvido e sussurrei:

- Nunca houve outro, só você. - Já ia afastar meu rosto, mas ele me segurou pela nuca, impedindo que me afastasse.

- Você não espera dizer uma coisa dessas no meu ouvido e sair ilesa, não é? - falou, com um sorriso na voz, beijando-me apaixonadamente em seguida.

Quando paramos o beijo, ele estava tão sem fôlego quanto eu, encostando sua testa na minha.

- Deixa eu tirar uma foto da gente junto. - Ele colocou o rosto ao lado do meu, ergueu o celular, e sorrimos. - Vamos, namorada? - perguntou, ao se levantar.

Olhei para ele ainda sem acreditar que tudo aquilo estava acontecendo.

- Namorada? Tem certeza? - quis saber, abraçando-o pela cintura.

- Longe de mim contrariar a Funcionária do Mês - disse, rindo e me dando um beijo rápido no nariz.

Pegamos um táxi e fomos para casa. O carro da mamãe já estava estacionado bem em frente ao local.

- Puxa, esse pessoal da produção do filme é realmente eficiente - comentei, já na calçada.

- Com certeza. É melhor a gente colocar logo o carro dentro da garagem, não é?

- Sim, é melhor. Cadê a chave?

- Está aqui, no lugar que eu combinei - disse, pegando-a embaixo do capacho, e me entregando. - Você está bem para guiar o carro lá para dentro?

- Tranquilo, pode deixar. - Ele se sentou ao meu lado no carro e o manobrei sem problema, abrindo a garagem com o controle-remoto.

Entramos. Parei o carro e ficamos em silêncio, vendo o portão da garagem se fechar atrás de nós, só as luzes do painel nos iluminando.

- Já quer subir? - perguntou.

- Qual é sua sugestão?

- Hum, podia colocar uma música aqui para gente - disse, já mexendo no som, e em seguida comecei a ouvir uma música suave - estava rolando o maior clima.

Olhei para o relógio, passava um pouco das quatro horas da manhã.

- Que horas eles vêm buscar você? - perguntei.

- Às seis e meia da manhã - respondeu, desanimado.

- Você não vai dormir nada! - falei, preocupada.

- Não vai ser a primeira vez.

- Então... a gente não tem muito tempo, não é?

- Não.

Primeiro, olhamo-nos assim, meio de lado, quase com timidez, e no segundo seguinte nos atiramos um nos braços do outro, nos beijando com avidez. Eu sentia uma urgência diferente no Harry, talvez por causa do pouco tempo que tínhamos antes dele viajar. Ele parou de me beijar, virando-me e, inesperadamente, me puxou, colocando-me sentada de lado em seu colo, encostando minhas costas na porta ao lado dele. Ele começou a beijar e sugar meu pescoço, provocando-me sensações desconhecidas e intensas. Movi minhas mãos para sua camisa e comecei a passá-las por seu peito, mas estava meio torta e me senti desconfortável naquela posição, o que ele logo percebeu.

uncontrollably fond // hs Where stories live. Discover now