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Depois de certo tempo, que para mim pareceram horas, escutei uma batidinha na porta, abri uma fresta, e lá estava ele, com a cara vermelha e estendendo uma caixa para mim.

- Achei no quarto da Gemma, estava escondidíssimo!

- Ah, obrigada! - peguei e fechei a porta correndo, mas assim que li o rótulo chamei ele de novo. - Harry!

- O que foi agora?

- Esse não serve para mim.

- Por quê?

- Porque... porque não é do tamanho certo. - Eu queria morrer!

- Tamanho... como assim?

- Isso aqui é tamanho super. - Outro silêncio embaraçoso.

- Essa porcaria tem tamanhos diferentes?

- Claro que tem! - E agora? - perguntou, e pensei por um momento.

- Vou precisar que você me faça outro favor, dessa vez dos grandes - falei nervosa.

Ouvi um longo suspiro.

- Eu sei que vou me arrepender de perguntar, mas lá vai, qual?

- Você pode ir à farmácia para mim?

- Você só pode estar brincando! - berrou, do outro lado da porta.

- Por favor, Harry, por favor! Eu não tenho mais ninguém agora, por favor, fico te devendo para o resto da vida! - falei desesperada.

- Ai, meu santinho! Hoje não é meu dia!

- Olha, tenho uma ideia. Você pega um xampu ou um desodorante, só para disfarçar, e coloca o absorvente junto, ninguém vai reparar.

Seguiu-se um momento de silêncio, no entanto eu quase podia imaginar as engrenagens do cérebro dele girando, pensando se devia ou não ir.

- Tudo bem, eu me rendo, mas qual o tamanho certo?

- O menor que você achar! - respondi aliviada.

- Já volto!

Fiquei aguardando, andando de um lado para o outro, então finalmente o ouvi chegar.

- Pronto, está aqui!

Abri a porta, peguei a caixa e li a palavra mini.

- Perfeito! Fico te devendo essa! - gritei, fechando a porta.

- Com certeza você me deve!

Agora, vinha à outra parte complicada, colocar o bendito absorvente interno, e minhas mãos tremiam. Li as instruções atentamente e, depois de duas tentativas frustradas, fiz o gol. Depois me vesti rápido e coloquei um vestidinho fresco, curto e soltinho.

- Harry! - chamei do corredor.

- Estou aqui! - A voz vinha do quarto dele, e corri para lá. Ele estava deitado na cama, com o ventilador de teto no máximo, me aproximei e num impulso o abracei, deitando do seu lado. Ele ficou imóvel.

- Obrigada - falei, com a voz trêmula, depois senti uma mão nos meus cabelos. Não sei o motivo, mas o gesto dele me fez começar a chorar.

- Você está chorando? - perguntou, surpreso, mas não respondi e só o abracei mais forte. - Ah, vocês, mulheres, são tão complicadas... - disse, e senti que me abraçava também, passando a mão nas minhas costas, procurando me acalmar. Depois que extravasei o estresse com o choro, enxuguei os olhos, olhei para ele e sorri.

- Obrigada, você foi incrível!

- OK, só me prometa nunca mais me pedir para fazer algo assim - declarou com firmeza.

- Nem precisa falar! Estou te incomodando, ficando aqui? - Afinal, era uma cama de solteiro.

- Não. - Ele parecia meio indeciso sobre sua resposta.

- Vou virar, acho que pode ficar mais confortável. - Fiquei de costas para ele, no estilo conchinha. - Melhor?

- Acho que sim. Eu estava pensando, será que a Gemma não é mais virgem?

- Que ideia é essa? - Fiquei espantada com a pergunta dele.

- Ah, você não disse que o absorvente da Gemma era tamanho super? Segui a lógica, você usa mini, ela usa o grandão, então...

- Então, você tira logo conclusões apressadas. Pode ser apenas uma diferença fisiológica, ela é tão mais alta que eu.

- É, você pode estar certa, mas é que ela vive se agarrando com aquele namorado dela, então quem sabe?

- Eu é que não vou perguntar - comentei, encerrando o assunto.

Senti que a mão dele tinha voltado para o meu cabelo, fazendo uma carícia suave, depois Harry me cheirou rapidamente atrás da orelha, provocando arrepios.

- Você cheira igual a um muffin.

- Muffin? - perguntei, rindo.

- Sabe quando a mamãe faz muffins, no final de semana, e a casa se enche com o cheiro de baunilha? Seu cheiro é parecido, meio docinho, sem ser enjoativo. - Ele voltou a cheirar bem rapidinho e se afastou. - Sim, definitivamente baunilha.

- Baunilha é bom? - perguntei, curiosa, e ele demorou a responder.

- Muito bom - disse por fim.

uncontrollably fond // hs Where stories live. Discover now