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De volta à pista, dançamos várias outras músicas, enquanto rolava mais champanhe. Agora nossos corpos se roçavam sugestivamente, e ao tocar uma sucessão de músicas vibrantes grudamos nossas pernas, enquanto ele me segurava pela cintura. Chuck sussurrou meu nome em meu ouvido, com aquele sotaque maravilhoso, suas mãos descendo e subindo por minhas costas. Seus lábios iam e voltavam perigosamente perto dos meus, e me senti ansiosa por ter essa experiência.

- O que você acha de irmos para um dos reservados lá em cima? - perguntou, enquanto roçava os lábios na minha orelha, provocando-me arrepios.

Confirmei, fazendo um gesto com a cabeça, e ele sorriu, animado. De mãos dadas saímos da pista, driblando os outros casais que encontrávamos pelo caminho, subimos a escada que dava acesso a um balcão onde várias pessoas dançavam, admirando a pista lá em baixo, algumas se abraçando ou beijando. Na parede oposta, vi também várias portas, e Chuck foi naquela direção, me levando junto com ele. Checando uma a uma, verificamos que a maioria já estava ocupada, até que encontramos vazia uma das últimas e entramos. A sala pequena estava iluminada por um abajur no canto, e um sofá imenso de couro preto cobria toda a parede, com uma mesa ao centro. Ele se sentou no sofá, comigo ao seu lado, me abraçou com carinho, e com uma das mãos segurou meu rosto.

- Você é tão linda - declarou, aproximando o rosto do meu.

"Ai, caramba, vai ser agora, meu primeiro beijo!", pensei, ofegante, fechando os olhos e sentindo o calor do seu hálito na minha pele. Inesperadamente, a porta se abriu com violência, fazendo-nos pular, surpresos.

- O que você pensa que está fazendo? - gritou um Harry furioso, entrando na sala.

- Saia já daqui! - gritei igualmente furiosa, pondo-me de pé.

- Chega desse espetáculo, você já foi longe demais! - gritou de volta.

- Calma, Harry... - disse Chuck, tentando acalmar a situação.

- Com você eu me acerto depois! - ameaçou Harry.

- Cala a boca, Harry! Você não vai se acertar com ninguém, muito menos com o Chuck, você não manda na minha vida!

- Vem comigo agora, Camila!

- Nem pensar! Você não é nada meu para dizer o que faço ou aonde vou!

- Camila, esse é o último aviso, vem comigo agora! Ou você vem por bem, ou vem por mal!

- Nem amarrada! - gritei.

- Eu te avisei! - subitamente, Harry me agarrou pela cintura, me jogando em seu ombro, e foi para a porta.

Momentaneamente, fiquei sem fôlego, pela surpresa de ser arremessada sem aviso algum, e horrorizada por ele ter a audácia de agir como um troglodita, mas me recuperei rápido e comecei a socar suas costas com minhas mãos.

- Espera, Harry! Vamos conversar... - ouvi Chuck dizer.

Harry se virou para ele e disse, apontando-lhe o dedo:

- Você fica fora disso, isso é assunto de família! - Em seguida, saiu porta afora, comigo esperneando jogada em seu ombro, tentando chutá-lo com minhas pernas e xingando-o com todos os palavrões que eu conhecia - até inventei uns novos, enquanto as pessoas nos olhavam, assustadas.

Ele desceu a escada comigo em seu ombro e, como eu não parava de lutar, entrou comigo por uma porta e me colocou no chão. Assim que voltei a ficar de pé, percebi que era o banheiro feminino, onde já havia estado. Completamente furiosa, observei-o trancar a porta e se virar pra mim.

- Você enlouqueceu? - gritei.

- Quem parece ter enlouquecido é você! - gritou de volta.

- Você não tinha esse direito! Você não é meu pai!

- Duvido que você fosse se comportar desse jeito na frente dele! Rebolando, se agarrando com um quase desconhecido na pista de dança, bebendo sem parar...

- Pode parar! - cortei. - Eu estava me divertindo, dançando como todo mundo, e o Chuck não é um desconhecido! Já vi você fazer coisa bem pior, nos bares que frequenta com suas "amiguinhas"!

- Isso é diferente, Camila!

- Não, não é diferente, estamos no século XXI, direitos iguais, lembra? Como ousa me humilhar dessa forma na frente de todos? Nunca vou te perdoar por me fazer passar essa vergonha, agora suma daqui! - disse, virando de costas para ele, tremendo de raiva.

- Nunca imaginei que um dia pudesse ver você fazendo papel de vadia! - O que ele disse foi à gota d'água, e sem pensar me virei rápido e dei um sonoro tapa em seu rosto.

uncontrollably fond // hs Where stories live. Discover now