Capítulo 9| Christopher

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Quando encontrei aquele cara agarrando Beatriz, não pude conter minha raiva. Senti uma vontade imensa de arremessa-lo na parede e soca-lo mas antes que eu pudesse encostar um dedo esse tal de Nick fugiu como um verdadeiro covarde, a imagem de Beatriz no chão tão assustada e vulnerável foi muito ruim, eu tinha que fazer algo, foi quando à levei pra casa e cuidei de seu ferimento, mas o que mais me preocupa é o que esta lá, dentro dela, aquilo que só ela poderia saber o que é, quando me chamou para terminar a garrafa de uísque não pude dizer não. Sua voz estava tão dolorida e eu podia sentir isso.

Não tinha como ser o babaca perto daquela Bea pequena e frágil.

Só tinha uma coisa que eu poderia fazer por ela, algo que com certeza faria ela molhorar, mas que eu iria me arrepender amargamente no dia seguinte.

Pego meu celular que deixei em cima do seu balcão e volto para o quarto.

- O que está prestes a ver vai corroer qualquer tipo de tristeza que possa estar sentindo - ela abre sorriso divertido e é exatamente por esse sorriso  que estou disposto a mostrar algo tão vergonhoso.

- O que?

Sento ao seu lado, pego o celular e abro o pior vídeo que já gravei em toda minha vida.

Basicamente o vídeo é da minha pessoa com 15 anos, meus cabelos eram grandes e tinha uma longa franja que me tampava os olhos, na época eu tinha uma banda onde ambos tocavamos muito mal,  eu ainda estava praticando com a guitarra, no vídeo eu tocava Rock, e cantava. Por que eu cantava?(!) Minha vós era horrível, até os 16 anos minha voz era fina como a de uma garota. Resumindo o vídeo é muito constrangedor.

- você era horrível, Chris! - Bea ri alto, e apesar dela estar rindo de mim eu fico feliz por ouvir sua risada.

- Sua sinceridade me machuca- coloco a mão no peito fingindo-me magoado.

- e que droga de franja é essa?

- não fale dela. Na época as garotas caiam em cima.

- elas provavelmente tinham sérios problemas de visão - ela ri até uma lágrima brotar em seus olhos.

- meu vídeo é tão ruim assim?

- é horrível, nem parece a mesma pessoa - ela diz assim que o vídeo acaba.- por que me mostrou esse horror?

- Queria ver seu sorriso mais um pouco. - sua bochechas ganham um tom levemente rosado contrastando com sua pele branca e seus olhos castanhos.

Beatriz estava linda mesmo estando frágil e vulnerável, como alguém poderia machuca-la? Minha mandíbula se contrai só de imaginar o que eu faria se  esse tal de nick-sei-lá-oque aparecesse na minha frente outra vez.

Olho em seus olhos que se prendem aos meus, e como um imã não consigo me separar deles, me aproximo mais um pouco vendo que ela faz o mesmo, não sei o que estou fazendo, parece que tudo parou e tudo que consigo fazer é me aproximar daqueles olhos castanhos, estávamos nos aproximando ainda mais, e vi que ela desejava o mesmo que eu desejava naquele momento, meu olhar caiu involuntariamente sobre seus lábios finos e delicados ..como eu queria borrar esse batom vermelho com um beijo.

Em meio ao meu transe, me assusto com o toque do seu celular, mas ela não atende, continua a me olhar ao que parece entorpecida.

– você ia me beijar?

- claro que não! - Me afasto e olho para os lados, todos lugares menos para aqueles olhos, a verdade é que eu não sei o que estava fazendo.

" qual é?  esta assim por que? Desde quando fica envergonhado em um quase beijo? Você não é assim! o que você quer você pega e depois larga. Foi assim todo esse tempo não foi?(!)"

Me sinto confuso, olho para Beatriz que parece me investigar com seus olhos grandes, " que merda rolou agora?"

- .. Eu vou indo - pego meu celular - espero que melhore!

Ela apenas sorri ainda tentando me decifrar. Saio daquele quarto e vou pra casa, ligo para Will e peço para que ele me encontre no mesmo bar que o outro dia. Saio de casa e vou até o bar andando, afinal, todo tempo é válido para  pensar.

Assim que entro no bar vejo meu amigo no balcão ao lado de uma loira, assim que me vê ele a rejeita e vem ao meu encontro.

- Olha só se não é meu amigo Chris. - ele me abraça - como vai?

- Nada bem! Quase beijei uma garota.- faço um gesto com as mão para o barman e um segundo depois ele me entregar meu copo de cerveja.

- E desde quando isso é problema meu amigo? - Ele sorri com malícia, eu reconheço aquele sorriso pois também o tenho.

- ela não é uma garota de uma noite, Will. -olho para loira de mini saia, camisa decotada, meia calça rasgada e botas, que a pouco lhe fazia companhia - ela não é uma vadia.

- Está apaixonado? - Pergunta surpreso.

- Não. - bato em seus ombro e tomo um longo gole de cerveja - não sei o que senti mas não foi paixão, ainda não me perdi por completo.

Ele sorri.

- ah, meu amigo mulheres são um ser de marte - dou risada.

- Concordo plenamente!

O resto da noite foi uma doideira, muitas bebidas e risos, não demorou muito para um garota de olhos verdes e cabelos ruivos se oferecer para me fazer companhia, Will foi embora cedo pois teria de trabalhar no dia seguinte e isso foi a deixa para a ruiva e eu sairmos de lá e irmos para sua casa.

A verdade é que só levei uma garota pra casa, mas com ela não era sexo era amor. E não vai ser por uma garota qualquer que eu vou mudar, a garota mal sabe meu nome mas não parece se importar com isso, ela só quer uma noite de prazer e eu quero o mesmo, quero tirar aquele quase beijo da mente, quero esquecer aquele maldito sorriso, eu sou um babaca e é assim que tem que ser.

A noite foi longa e muito prazerosa foram três ao total, na cama, na sala e uma no banho, (essa com certeza foi a melhor da noite), quando enfim terminamos eu me sentia ainda pior, sem nem mesmo olhar para o rosto da garota eu me joguei ao seu lado e dormi, mas acabei acordando no meio da noite, ouvindo aquele riso ecoar pela minha cabeça.

" – bea.."

O Garoto Do Sexto andar ( Em Reforma)Where stories live. Discover now