#24

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" - Ele não está no quarto - Jeff se senta no sofá e cobre o rosto com as mãos.

- Ele só pode estár no banheiro. - Ray bate na porta mas Christopher não responde - abra esta merda, Christopher. - e mais uma vez ninguém responde. A esse ponto eu já estava começando a achar aquilo uma loucura. Arrombamos sua casa, vasculhamos todos os cômodos. Pra que tudo isso? Ou eles estão ficando lmalucos ou estão me escondendo alguma. - Vou arrombar esta merda.- e é isso que ele faz, três chutes foram o necessário para a porta ceder, eu apenas acompanhava a cena do sofá, tentando entender que merda estava acontecendo. Raymond cambaleia para trás e nos olha apavorado. Jeff se levanta no mesmo instante. Não sei o que está acontecendo mas sei que não foi a primeira vez. - Ele..

- Vou chamar a ambulância..."
...

Sinto um calafrio percorrer por todo meu corpo, tenho que tirar essas lembranças ruins da minha cabeça.

- sinto muito não estou nos meus melhores dias. - digo pela terceira vez desde que entrei na sala da senhora Bertrand. - Pôde repetir mais uma vez?

- a senhorita me disse isso milhares de vezes então preste atenção porque estou cansada de ficar repetindo tudo que falo.- ela levanta de sua cadeira e para na minha frente. - Raymond está de licença e como você não está mais trabalhando na minha sala..-  semana passada apesar de estar muito aflita assim como hoje, terminei a decoração da sala da senhora Bertrand, devo admitir que foi muito difícil lidar com ela e suas intromissões mas no final foi um ótimo trabalho, a sala ficou linda, coloquei muitas cores nela, sem deixá-la brega, tirei suas cortinas e coloquei uma parede de vidro para que a mesma tenha mais iluminação, tudo ficou realmente muito lindo. - creio que não tenha mais nada a fazer já que Kathy cuidou do seu trabalho nas últimas semanas em que trabalhou comigo. - devo agradecer Kathy por isso. - então não me resta mais nada a não ser te dar uns dias de férias até Raymond voltar. - Seu olhar agora se torna mais humano. - Sinto muito pelo que houve com..

- obrigado. - não costumo interromper a fala dos outros ainda mais de minha chefe, mas estou cansada de todos me dizendo isso, tendo pena de mim e de toda essa situação, tudo já esta difícil demais e não preciso que todos tenham dó de mim, não preciso que todos joguem na minha cara que o imbecil por quem estou perdidamente apaixonada me.. Tudo bem eu vou superar isso de alguma forma e não vai ser com a pena de ninguém. - agradeço pela folga creio que será muito útil diante de toda essa.. confusão. - me levanto da cadeira parando de frente para ela. - se me der licença vou retirar algumas de minhas coisas e voltar para casa.

- claro. - ela abre a porta para que eu saia. - foi muito bom trabalhar com você.

Não vou dizer coisas do tipo " o prazer foi meu." porque estaria mentindo então apenas saio da sala e vou até minha mesa onde pego minhas coisas e coloco dentro de minha bolsa.

- acho que ela já lhe contou sobre suas férias. - kathy cochicha. - Raymond que a convenceu sabia?

- Não.- e mais uma vez tenho de agradecer a Raymond. Mas antes há uma outra pessoa a quem devo agradecer. - obrigado por ter deixado tudo organizado enquanto estive trabalhando com a senhora Bertrand.

- Não foi nada. - ela sorri fraco.- se precisar de algo me ligue.

- e para mim também. - viviam se manifesta com o rosto um pouco sereno.- qualquer coisa mesmo.

- Obrigado. - tento sorrir mas é em vão. - até mais, meninas.

- Até. - elas dizem juntas e com o mesmo olhar de dó que todos vêm me lançando nesse último mês.

....

" - o que houve Ray? - chego perto dele mas o mesmo continua a chorar descontroladamente. - me deixe ver como ele está.

- Não entre lá. - ele me segura.- você não está preparada.

- E você está? - Ele me segura pelos braços. - me solta Raymond. - tento me soltar mas Raymond não deixa.  - eu quero ver ele. - paro de me debater e me jogo em seus braços já não contendo as lágrimas, algo dentro de mim diz que eu realmente não estou preparada, que não vou suportar ver o que quer que tenha acontecido com Christopher, mas eu não posso simplesmente ir embora. - preciso ver ele.

- tudo bem.. "
....

- alguma notícia boa? - Minha pergunta mais parece uma súplica. William nega com a cabeça. Sinto meu coração se quebrar novamente. Não quero perde-lo. Ele não pode me deixar aqui sozinha. - Por que ele fez isso? - William se levanta percebendo o pânico em minha voz e me abraça. - por que ele quer me deixar?

- Ele só não aguentou a dor que estava sentindo não tem nada a ver com você. - ele olha em meus olhos, nessas últimas semanas william e Jeff se tornaram essenciais em minha vida, só eles sabiam o quanto eu estava sofrendo, Raymond também
É claro. - ele estava apaixonado por você como eu nunca tinha visto antes mas a dor que ele carrega é forte demais, Beatriz.

- E que dor é esta? - Pergunto deitada em seu peito.

- A dor de uma perda.

Meus estomado se revira, minha cabeça então começa a doer. Tudo
Começa a fazer sentido.

....

" assim que entro no banheiro sinto meu chão desabar e tudo ao meu redor começa a girar. "Por que ele fez isso?" nunca em toda minha vida vi tanto sangue e acredito que seja a pior coisa que já vivenciei. Olho seu corpo jogado no chão. Seus olhos fechados, os olhos que tanto odeio, os olhos pelos quais me apaixonei. Sua pele pálida. Por que?

- Ele está..

- Não.- Raymond me segura pela cintura antes que eu pudesse cair. - ele só está inconsciente.

Seus pulsos não paravam de sangrar, ele tentou se matar.. Por que? "
...

- Doutor como ele está? - Pergunto ao médico que o examinou.

- Ele teve uma hemorragia externa de classe IV e tenho que deixar claro a situação na qual ele se encontra. - ele tira seus óculos e volta a me olhar. - é muito grave! talvez ele fique com sérias sequelas mas o exame só poderá ser feito quando ele voltar do coma. - ele se vira para mim - não posso dizer quanto tempo ele levara para acordar - ele tenta dizer algo, talvez para me animar mas logo percebe que isso é impossível, minha dor é forte demais.

Após a saída do médico vou até o quarto onde Christopher está internado, é horrível ver ele nesse estado, seus braços cheios de fios, ao seu lado uma bolsa de sangue. Sua pele pálida, seus pulsos agora cobertos por gazes. Tudo nele esta horrível, tudo nele me doí. Sento na poltrona ao seu lado. Como eu queria que ele me irritasse, que fosse um babaca, eu não ligo só quero meu Christopher de volta.

- Não me deixe por favor. - encaixo minha mão na sua.- por que fez isso comigo? - As lágrimas caem e como uma criança chorona me jogo em seu corpo, sentindo sua respiração, mas não o seu calor. Meu medo de perde-lo é incompreensível. Quem diria que aquele mesmo garoto que bateu a porta na minha cara, que me irritou tanto, que cuidou de mim. Poderia causar todo esse alvoroço - eu te odeio Christopher. - respiro fundo tentando conter meus soluços. - E eu odeio ter que mentir quando digo que te odeio.

O Garoto Do Sexto andar ( Em Reforma)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora