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Eu poderia chorar como chorei nos meus dois últimos términos, mas por incrível que pareça eu não chorei, estou triste e um pouco decepcionada mas no fundo algo me diz que tem algo que não estou vendo, mesmo assim, o que eu vi já é muito, foram três dias sendo ignorada e ainda tem aquela loira aguada saindo do seu apartamento, mesmo não vendo algo ( seja lá o que for) ainda sim é suspeito. Muito.

Já se fazem cinco dias desde que eu e Christopher brigamos e mesmo eu me fazendo de durona ainda sim estou muito chateada por ele não ter vindo se explicar, ele sequer me ligou e eu estou ficando irritada com essa situação, porque parece que eu sou a culpada mas não sou! Se tem alguém aqui que merece ser ignorado é ele e não eu. 

Mas se Christopher não se importa com o que quer que estejamos passando, não vai ser eu quem vai se preocupar.

- Você já está começando a me irritar - Raymond se inclina e apoia seus cotovelos sobre sua mesa. Sua feição mudou muito desde que se tornou pai, parece mais cansado, de um certo modo mais sábio, mas ainda continua a mesma pessoa sorridente e eficiente de antes. - Que tal tirar esse bico do rosto?

- Não estou afim. - rebato. Ele me olha surpreso mas não responde nada o que me dá a deixa para reclamar mais.- sabe, eu tenho cara de besta? 

- Você quer mesmo que eu responda?

- agr! - Rosno irritada. - que merda ray, eu estou falando sério!

- Tudo bem. Tudo bem. - ele se reencosta na sua cadeira, com os braços cruzados e o rosto sereno, a típica postura de Ray "o advogado" o que me deixa um tanto quanto nervosa mas no momento eu só quero explodir em alguém e Raymond é a pessoa perfeita para isso. - me diga o que está acontecendo.

- Christopher está me traindo.

Ray se engasga com a própria saliva do outro lado da mesa ele me olha por um longos segundos e então pergunta incrédulo:

- O que te faz pensar isso? 

- ele me ignorou durante três dias inteiros e tudo bem, eu sei que a banda é corrida mas poxa.. São três dias sendo ignorada.. Sem falar naquela loira! A bonitinha estava lá quando cheguei e pelo que bem entendi eles irão se encontrar novamente, se já não se encontraram!

- É isso? 

Eu digo que sim e então ele começa a rir, não o tipo de riso contido, ele começa a literalmente gargalhar na minha frente.

- Você está rindo? - Pergunto furiosa. - quer saber? Vão a merda vocês dois!

- Bea, espere.. - ele diz entre risos me deixando ainda mais enfurecida.

Dou- lhe as costas e saio do escritório, aliás, eu já posso ir para casa, já passou do meu horário.

Vou até o ponto de táxi e entro no primeiro que vejo, passo meu endereço e em menos de dez minutos já estou em casa ( lado bom de morar perto do emprego). O meu dia estava um cocô, minha semana para falar a verdade. Estou tão irritada e chateada que quando dou por mim vejo que estou chorando.

Não sei o que está acontecendo, por mais que eu tente tudo que eu consigo sentir é saudade, estando longe dos meus pais o único abraço que me reconfortou nesses últimos meses foi o de Christopher, e seria tão errado assim chorar por alguém que você ama?

Eu estou desiludida, ele disse que me amava e eu acreditei nele. Como pude ser tão idiota?

Quantas vezes eu preciso quebrar a cara para me tocar de que não fui feita para amar e nem sequer ser amada. Eu perdoaria a traição, eu o perdoaria se ele viesse me procurar, se ele me abraçasse e dissesse que tudo iria ficar bem, mesmo que não fique eu o perdoaria. Mas ele não veio me procurar, ele nem mesmo me ligou, e isso dói, e por mais que venham me julgar ou rir da minha cara isso não muda o fato de que em deterninado momento o mais banal que temos de fazer é chorar por um babaca. Eu só preciso desse momento, e depois de duas taças de vinho vou ter o meu momento de odia-lo, e é nisso que minha noite vai se resumir, em momentos. 

O Garoto Do Sexto andar ( Em Reforma)Where stories live. Discover now