#28

68.7K 5.2K 696
                                    

Como depois de tudo isso ele pôde me amar?

Logo eu a única pessoa que não pode retribuir seu amor, talvez eu até possa, pois o fato é que está tudo tão confuso dentro de mim que sou completamente incapaz de identificar o que de fato sinto por aquele imbecil. Mas mesmo assim ele foi um genuíno babaca por se deixar levar por esse amor. Eu vim para cá tentar algo, pensei que pudéssemos viver nossa paixão juntos, mas ele não é mais apaixonado por mim, ele me ama! E como isso poderia dar certo se eu não o amo também?.. Ou será que amo? Arg! Eu não sei. Eu não sei pois nunca amei. Não sei o que é amar e não sei se o amo. E é por isto que estou a chorar sentada em um dos bancos do lado de fora deste hospital.

- Está bem senhorita? - Uma enfermeira se senta ao meu lado. Já perdi as contas de quantas pessoas me perguntaram se estou bem até agora. E mesmo elas não tendo culpa estou começando a me irritar com esta maldita pergunta.

- não! eu não estou bem. - respondo aos berros. A enfermeira me olha ofendida. O arrependimento veio logo em seguida. - desculpe-me. Acabo de descontar minha raiva em você que não tem culpa de absolutamente nada.

- Tudo bem. - ela sorri. Um sorriso repleto de carinho. O sorriso que eu costumava receber de minha falecida avó. Foi apenas com um sorriso. Este sorriso. Que eu embarquei em meu mundinho de lembranças. Onde o forno estava sempre ligado, a raspa da massa do bolo estava sempre a minha espera e minha avó estava sempre a sorrir. Ela era e ainda é a melhor vó do mundo. - Eu estava indo comer algo na lanchonete. Por que não vem comigo?

- ninguém chora de barriga cheia - seu olhar de admiração me faz rir. Um misto de sorriso e lágrimas. - Minha avó sempre me dizia isto quando eu estava triste.

- Uma mulher muito sábia - ela sorri. Enxugo minhas lágrimas, respiro fundo e me levanto. Eu não estou com fome, nem um pouco para falar a verdade, mas aquela senhora me trouxe um grande conforto, mesmo eu não a conhecendo, talvez seja por se parecer tanto com a minha avó. Seguimos até a lanchonete, que estava repleta de pessoas, umas estavam chorando, outras riam. De tudo eu via. A senhora me levou até o balcão onde fomos atendidas por um senhor sorridente - oi Moisés. Pode me trazer dois Grande copos de chá?

- faço tudo que você quiser, flor. - olho para eles dois perplexa não contendo o riso. parece que o clima está intenso sobre esses dois pombinhos - e quem é está jovem?

- uma mulher que precisa sorrir mais. - ela me olha e então sorri.- talvez o seu chá dê conta disso.

- vou caprichar então - Ele sorri.

Saímos do balcão já com o chá na mão, quem diria que um chá poderia ser tão gostoso, seu José que me perdoe mas Moisés faz o melhor chá que já provei.

- Então minha jovem..

- pode me chamar de bea, me apresentar é o mínimo que posso fazer.

- Então, bea, por que estava aos prantos?

- sentimentos confusos - eu queria lhe contar mais, dizer tudo que estava acontecendo, eu sinto que posso confiar em Maria, mas não sei por onde começar. - chega a ser engraçado ver-me nesta grande baderna que virou minha vida.

- sentimentos nos provam que de fato estamos vivos mas que também podem nos enlouquecer de vez em quando!

- ele me ama - meu sorriso escapa involuntariamente - mas não sei se eu o amo.

- Acho que sabe sim - ela põe a mão no coração.

- por que?..

- Bea? - escuto a voz de alguém atrás de mim assim que me viro vejo William e jeff com seus lanches nas mãos - Christopher acordou!

O Garoto Do Sexto andar ( Em Reforma)Where stories live. Discover now