O Garoto Do Sexto andar ( Em Reforma)

#31

minhas lembranças da noite anterior estão totalmente fragmentadas. Lembro de ter dançado com meu primo e de como ele me ajudou com todos aqueles conselhos amorosos de que eu tinha que correr atrás da minha felicidade, lembro-me também do beijo de Christopher e mesmo com toda esta maldita ressaca ainda me sinto nas nuvens, consequentemente lembro-me de toda vergonha que passei, as vezes me questiono se minha família gosta ou não de mim, pois estão sempre me envergonhado na frente dos outros, parece até que nunca virão um "casal" se beijando, se bem que nunca em toda minha vida beijei alguém em público como ontem, mas não estou surpresa, Christopher é o melhor em me tirar do controle. E como esquecer aquele beijo? Mesmo depois de tantos drinks, aquele beijo ainda esta me consumindo por dentro. E então veio as bebidas, quem diria que Jack e Eduard conseguiriam mesmo achar bebidas quentes, acontece que elas estavam apenas estocadas no fundo da geladeira, a princípio não quis beber nada, mas quem resiste ao chamado de uma dose de tequila? Foi então que toda merda começou.

Eu bebi uma, duas, três.. Nem me lembro mais de quantas doses tomei, no fim desisti e fui logo virando a garrafa inteira guela abaixo. Tudo já estava girando, as vozes pareciam tão distante. Eu dancei ( se aquilo pode ser chamado de dança) ..cantei, fiz tudo que não fazia a anos. lembro de Christopher me dizer algo do tipo: Já deu. Vamos pra casa!. Eu não sei o que eu fiz para ele ter dito aquilo mas parece que o atormentou muito. No fundo, no fundo eu sinto que só bebi para escapar de algo, algo que se apossa de mim todos os dias, algo novo e perturbador mas que já se tornou parte de mim. No fim Christopher me pegou no colo me forçando a sair daquele lugar, não lembro se ele chamou um táxi ou se Sophia lhe emprestou o carro mas lembro que fomos de carro, e quando o carro deu a partida senti toda bebida se revirar dentro de mim, o arrependimento foi instantâneo, não deveria ter bebido tanto. Não sei o porque de eu ter feito aquilo mas admito que no momento aquela ideia pareceu incrível, então me joguei pra fora do carro, por sorte ele estava parado no engarrafamento, corri até a calçada e por fim botei tudo pra fora, Christopher veio logo em seguida com um misto de preocupação e indignação em sua face, segurou meus cabelos e me acariciou as costas, lembro muito bem de sua palavras rudes: "você está parecendo uma bêbada Beatriz!" sei que disse da boca pra fora mas mesmo assim me senti ofendida, me levantei um pouco desgostosa e voltei a me sentar no banco traseiro do carro. Foi aí que tudo acabou, meus olhos aos poucos não tinham mais forças para se manterem abertos, o sono repentino se apossou de mim e foi então que eu dormi.

Fui acordada pelos raios de Sol que mesmo sem meu convite infestaram todo quarto. Eu fechei os olhos e os abri novamente já não tão incomodada pela luz, olhei tudo em volta e então percebi algo muito importante: este quarto não é meu! Levantei ainda sonolenta, olhei mais uma vez para aquele lugar, os pôsteres de bandas pendurados nas paredes brancas, os poucos móveis.. De fato não sei onde estou. Meu susto foi ainda maior quando vi que estava vestindo apenas uma grande camiseta masculina.

- Finalmente acordou! - viro-me ainda assustada vendo Christopher encostado na batente da porta. Ele me analisa de cima a baixo e então sorri, seu sorriso repleto de malícia. O que me faz questionar mais uma vez: por não estou com meu vestido? - Trouxe um analgésico para você.

Ele me estende a pílula e um copo de água, mesmo confusa eu o pego de suas mãos e o forço a descer com um gole de água. A dor de cabeça era tanta que seria burrice minha recusar aquele comprimido.

- Onde estamos? - Este não é o quarto de Christopher, eu já estive nele e este de fato não é o quarto dele.

- Você estava capotada e não parecia muito bem - ele me olha de relance e então volta a falar - como estávamos próximos da casa da minha mãe eu resolvi te trazer para cá. - Certo. Uma questão solucionada, agora só falta uma.