Capítulo 12| Christopher

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A semana passada foi uma baita correria, fui a muitos lugares em busca de emprego. Minha mãe e minha avó tentaram me convencer de que arranjar um emprego era desnecessário pois conseguiria sobreviver facilmente com a "mesada" que meu pai estava disposto a me dar. Não pude conter a mágoa em ouvir isso, eu era capaz de trabalhar e me sustentar sozinho. E além do mais, quero me ver sem qualquer tipo de vínculo com aquele que antes chamava de pai e agora só o consigo ver como um monstro.

Meu contato com Henry sempre foi apenas aceitável, tenho certeza de que ele nunca teve orgulho em me ter como filho, por mais que eu fizesse de tudo para agrada-lo, Henry sempre foi um pai muito ausente e frio, minhas lembranças com ele sempre envolvem mágoas ou tristezas, até hoje não sei como minha mãe, um ser tão doce e amável, pôde se atrair por aquele monstro. Ele estragou minha vida com uma decisão que nem ao menos era dele, ele tirou de mim o que eu mais amava e a minha felicidade. Não suportaria nem ao menos olhar em seu rosto novamente.

Mas o fato é: mesmo depois de muitas tentativas ainda não consegui um emprego. Não quero utilizar o dinheiro da minha poupança mas pelo visto terei de fazer isso pelo próximo mês.

Essa segunda tirei o dia pra ficar em casa, estou cansado de tantas entrevistas em um período tão curto, hoje e apenas hoje não quero me preocupar com nada.

Já são duas horas da tarde e acho que é melhor preparar meu almoço, aprendi a cozinhar muito novo, minha mãe sempre dizia que homem não é aquele que somente trabalha, homem é aquele que pode sobreviver sozinho, agora sei o que ela quis dizer pois hoje vivo essa frase. Levanto-me do sofá e vou até o armário entupido de coisas pois fiz compra esses dias atrás, pego o pacote de macarrão e um lata de molho.

E depois de preparar tudo lembro que não comprei queijo ralado.

- Merda.. - dou risada de mim mesmo.
Eu sou mesmo um imbecil.

Depois de muita relutância pego minha jaqueta e saio de casa, vou andando até o mercado que na verdade é apenas uma quitanda velha.

Eu estava voltando pra casa quando vejo Williar caminhar na minha direção, seus cabelos cabelos desarrumados e o rosto rosado por conta do frio. Ele acena com a mão direita e vem andando em minha direção.

- onde está indo nesse frio?

- Tive que comprar o maldito queijo. — resmungo mal humorado.

- Está cozinhando? - sorri pretensioso. - Cara você cozinha pra cassete.

- Pode vir se quiser - não contenho o riso. – e eu finjo que não notei a pretensão nas suas falas.

No caminho de volta  conversamos sobre sua banda. Will é baixista e segunda voz de uma banda conhecida pelo mundo inteiro. E quem diria que ele se tornaria um músico tão bom, lembro-me quando fazíamos parte de uma banda na época do Colégio, éramos ruins pra caralho, com os anos aprimorei minhas técnicas na guitarra, mas diferente de Will não tive a oportunidade de continuar nessa carreira.

- Carl é um vocalista muito bom. - comenta com desdém- mas aquele desgraçado está a um ponto de sair, ninguém mais mais suporta aquele desgraçado.

- e por que não o tiram da banda? - pergunto como se fosse óbvio mas ele me olha incrédulo.

- não é tão fácil, Chris.- bufa. - não encontramos ninguém bom o suficiente para substituí-lo.

- isso é uma parece ser merda..

já estávamos a um quarteirão de casa quando Will para bruscamente.

- É isso Christopher. - noto a empolgação em sua voz - você é um ótimo guitarrista, e você canta pra cassete!

- Onde quer chegar com isso? - Eu sabia o que ele queria, mas esperei ele continuar.

O Garoto Do Sexto andar ( Em Reforma)Onde histórias criam vida. Descubra agora