Capítulo 7

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Pov. Bianca

São cinco horas da manhã, ainda é cedo mas eu gosto de sair para correr. Isso me ajuda a pensar e a tomar as melhores decisões.

Sabia que apresentar o projeto na empresa de Kevin Lusiack seria um erro fatal. Ele é o homem mais cruel, arrogante e cínico que eu já conheci, inclusive mais do que o meu pai.

Henry Payne.

Só de pensar nele eu fico toda arrepiada. Eu não consigo entender como uma pessoa maravilhosa como a minha mãe, pôde se apaixonar perdidamente por um homem como ele. Entendo quando dizem que o amor é cego.

Mas, pode ser também tonto e irracional?

Sim, pode ser também!

Eu me visto e coloco um tênis de corrida, para correr por vários quilômetros, preciso me descarregar.

O clima do verão de Londres é bom, mas não se compara com o clima caribenho do meu belíssimo México. As praias são lindas e as pessoas muito mais agradáveis do que aqui em Londres.

Pensei várias vezes em voltar para a terra onde a minha mãe nasceu e refazer a minha vida, mas o meu passado me prende a esse lugar. Meu centro de apoio está aqui e se eu for embora, eu estaria abandonando as pessoas que confiam plenamente em mim aqui. Eu não posso fazer isso.

Saio correndo devagar e pouco a pouco começo a pegar velocidade.

Kevin Lusiack.

Sem dúvida por trás de toda aquela merda existe um homem bonito. Me dou uma pancada mental para parar com esses pensamentos. Como sequer eu posso pensar num homem que me tirou de um projeto o qual eu sonhei a muito tempo? Devo admitir que eu também tenho a minha parcela de culpa, mas o que posso fazer se isso sempre vai contra o que eu estabeleci?

Pego o caminho para o centro, por que eu já corri o suficiente e eu também combinei de tomar café da manhã com as meninas e os seus filhos. Os pequenos preenchem o vazio que existe em meu peito. Seus sorrisos iluminam o meu dia e tudo é melhor quando eles estão comigo.

Entro procurando as coisas para fazer eu mesma o café da manhã. Se bem que aqui na Inglaterra eles tem o costume de comer pura porcaria no café da manhã e eu estou acostumando as minhas crianças a comerem coisas mais saudáveis.

Como hoje é sábado, não temos empregados encarregados da limpeza e as meninas podem dormir um pouco mais nos finais de semana, eu apenas me encarregarei do café da manhã, isso não me incomoda em nada.

Pouco a pouco as meninas vão chegando com os seus pequenos, cumprimento cada uma delas com um forte abraço. Todas elas tem uma história triste sob sua pele, o que me faz querer ajudar cada uma delas constantemente.

Algumas delas sofrem por não conseguirem sustentar o seu vício e outras como elas, choram por terem tomado a decisão ter os seus filhos sozinhas e sem ajuda de ninguém e ter toda uma sociedade as julgando por não terem abortados seus filhos no momento certo.

Londres é tão retrógrada em pleno século XXI, como era no século passado. A sociedade londrina é muito conservadora.

Uma mãe solteira não é bem vista.

Termino de preparar o café da manhã e algumas mães me ajuda a servir e eu agradeço porque é um trabalho esgotador. Nós sentamos todos juntos e começamos a tomar o café da manhã, quando escutamos um carro sendo estacionado em frente a porta de entrada.

Olho para a meninas e vejo que elas estão olhando para mim e levanto rapidamente para ver quem é. Nenhum entregador vem no fim de semana, por isso eu não entendo quem poderia estar dentro do carro.

E como se os deuses se unissem para fazer da minha vida uma montanha de merda, aparece o homem mais arrogante que eu conheço na minha frente. Seu cabelo preto esta penteado para trás e sua roupa é um tanto informal. Ele está de calça jeans preta e uma camisa branca que marca muito bem o seu abdômen. Ele fica muito bem naquelas roupas, isso eu não posso negar. Seus olhos são de um azul, um lindo tom de azul. Seus lábios são...Oh meu Deus! São tão beijáveis, que eu queria poder mordê-los, suga-los e...

Não posso continuar com esses pensamentos tão absurdos. Se controla Bianca!

- “Senhorita Lopez. Você não acha que o dia está lindo hoje?”

O que diabos ele faz aqui?

- “Sim, claro... Posso saber a que devo sua preciosa visita?”

Meu tom é extremamente sarcástico e meu olhar é mais cínico do que o meu interlocutor. Não quero demonstrar que eu sinto suficientemente intimidada por ele.

- “É desse modo que você recebe as visitas no seu centro?”

- “Você veio rir da minha cara?”

- “Não, claro que não. Vim em missão de paz” - ele diz com as mãos nos bolsos e olhando para o chão. Ele parece sincero.

- “Se explique.”

- “Acredito que não começamos da melhor maneira Bianca e venho te propor que começamos de novo. O que você acha?”

Não podia perder essa oportunidade. Eu iria conseguir fundos para a minha organização. Devo baixar meus decibéis e me desculpar, mesmo que sinta que meu orgulho me implorando para que eu não fizesse.

- “Bom, nesse caso acredito que eu lhe deva desculpa.”

- “E serão aceitas em troca de algo.”

E agora, o que esse homem está planejando?

Não tem parado de Chover (COMPLETA)Where stories live. Discover now