Capítulo 17

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Pov. Bianca

Quando cheguei em casa liguei para o centro avisando que eu não voltaria para lá pelo resto do dia, o que deixou Celina preocupada, mas não me importava.

Vodka e Gelo, a única solução que eu encontrava possível.

Era cedo, mas de todos os modos eu decidi me afogar no álcool. Meu corpo havia perdido o costume e a bebida desceu queimando a minha garganta. Dez anos exatamente sem beber.

Não sei quanto tempo estou bebendo, eu me sentia totalmente relaxada na banheira. Eu estava bêbada.

E como se eu estivesse em um bonito sonho, seus olhos azuis celeste apareceram na minha frente.

- “Enfim um bom sonho...”

Minhas mãos tocaram o seu bonito rosto, parecia tão real. De repente os meus olhos estavam pesados, já não lembro de nada...eu só estava com muito sono.

Estou quase dormindo. Devo admitir a minha cabeça amanhã vai me odiar. Me levanto e uma tontura me faz parar.

Eu rio sozinha, é como se eu estivesse quebrado uma regra e me sentia bem com isso.

- “Você fica bem quando sorri, é uma pena que você não costuma fazer muito.”

Ele estava aqui e agora. A diferença é que ele não estava nu com uma toalha na cintura.

No meu sonho estava bem melhor!

- “O que você está fazendo no meu banheiro?”

- “Eu vim te buscar já que eu fui no centro e me disseram que você estava aqui. Bati várias vezes na porta mas você não atendia e eu fiquei preocupado, por isso entrei pela janela.”

- “Você não acha que eu queria ficar um tempo sozinha?”

- “Bianca você passa a maior parte do tempo sozinha e eu sou um homem malditamente agradável, admite.”

A verdade é que ele realmente agradável e eu não podia negar que eu gostava que ele estivesse aqui.

- “Bom, que horas são?”

- “São oito horas, você tem uma hora para tomar banho e se vestir para irmos pro jantar de gala. Você não precisa de muito tempo, tenho certeza que você se arruma bem rápido.

- “Esta bom, mas eu não estou cem por cento segura de ir, minha cabeça está explodindo de dor.”

- “Ah não, você vai, vai ser divertido, aliás temos um trato.”

Depois de tomar banho e me arrumar, fui para a cozinha. Ele estava ali, um terrível e impressionante homem bonito. Eu me sentia pequena ao seu lado.

- “Toma.”

Ele me entregou um comprimido e um copo com água, eu realmente estava precisando.

- “Por favor Kevin, não me pergunte nada, se você perguntar não vou com você.”

- “Não vou perguntar, só me deixe desfrutar da sua companhia.”

- “Tá bom.”

Chegamos a um elegante salão. Os garçons servia champanhe a todos os convidados. Nossa mesa estava próxima do palco, onde uma banda reconhecida tocaria.

Todas as mulheres estavam usando vestidos elegantes e penteados extravagantes. Todas eram personalidades reconhecidas, mulheres de senadores e médicas. Todas tinham coisas para falar, menos eu. Este é o círculo social que o meu pai se referia, por isso a minha mão está tremendo e depois todo o meu corpo. Não queria que Kevin notasse, mas era tarde.

- “O que foi?”

- “Não é nada, eu só não me encaixe nesse lugar.”

- “Você é perfeita para se relacionar com quem quiser, não seja insegura consigo mesma.”

Suas palavras não conseguiram me tranquilizar, temo que o meu pai apareça aqui e arruíne a noite, porque diabos vim nesse lugar?

- “Bianca me escuta, ninguém vai vir e te fazer passar por uma noite ruim. Eu prometo, vamos cumprimentar a doutora Aldrich, sei que está realizando uma investigação sobre o câncer de pele e a minha empresa está financiando isso.”

- “Sim, vamos.”

A doutora Aldrich é uma mulher por volta dos 60 anos, a sua pele era perfeita e seu corpo trabalhado, não aparentava isso. Foi muito agradável conversar com ela e ela prometeu visitar o centro.

Nós afastamos da multidão para irmos pegar uma bebida no bar, o qual eu agradeci, já que eu precisava aliviar tanta tensão. Pedi um Cosmopolitano e ele um whisky.

- “Não esta sendo tão ruim, não é?”

- “Devo admitir que estou passando uma boa noite, Kev.”

O primeiro Cosmopolitano acabou rapidamente. Não bastava toda a vodca que eu já tinha bebido, precisava de um pouco mais.

Uma suave voz e de tom sedutor chamou o homem que estava ao meu lado.

- “Kev? Que bom te ver! você ainda está irritado comigo?”

Sem dúvida essa mulher era modelo, seu corpo a delatava só de olha-la. Não pude evitar de me sentir minúscula diante da sua presença, era uma mulher muito bonita e pelo que parece havia tido algum rolo com Kevin.

- “Kátia nunca pensei em te encontrar e um lugar como esse.”

- “Eu não gosto, mas o meu agente está fazendo um negócio com o homem que está aqui, instituição beneficente. Uma verdadeira perda de tempo.”

Seguramente Kevin pensava o mesmo que essa mulher, mas não dizia nada por respeito. Minha consciência protetora dos fracos me incitou a me intrometer na conversa.

- “Então porque está aqui?”

Minha voz a pegou de surpresa. Seus olhos me avaliaram do meu rosto até a minha barriga. Por acaso ela me achou gorda?

- “E você quem é?”

- “Meu nome é Bianca Lopez.”

- “Que sobrenome tão curioso. De onde você é?”

Não quero falar da minha origem, não por vergonha, mas pelo fato de não querer que suspeitem que Henry Payne é meu pai. Não quero que suspeitem que conheço esse círculo de pessoas arrogantes de merda, sem sentimentos nobres e gostos caros.

- “Sou latino-americana, agora se me derem licença vou ao toilette.”

Eu sai dali e fui ao banheiro, eu fiquei escondida ali até que a loira se afastasse. Dava para notar que ela estava interessada em Kevin, seu olhar era de desejo puro, ele não parecia interessado nem nos gestos oferecidos dela. Sabia que eu não podia ter nada com ele, mas eu gostava que ele rejeitasse as outras mulheres.

Quando a loira se afastou decidi ir para perto dele. Um momento antes de chegar perto dele, uma voz, uma perturbadora voz, que aparecia nos meus sonhos se fez presente.

- “Olá Bianca.”

Meus pesadelos estavam se tornando realidade, primeiro o meu pai vinha me advertir, me pedir para desaparecer e agora esse sujeito para quem eu havia entregue a minha felicidade se apresenta, aqui, agora mesmo.

Richard.

Não me virei para olhar, não precisava de tão pouco eu podia fazer, já que os meus pés ficaram preso no lindo e luxuoso piso de porcelanato que revestia o salão. Logo vi que Kevin tinha percebido essa incômoda situação, seguramente ele percebeu por causa do pavor visível no meu rosto.

- “O que foi Bianca? Você está bem?”

Não podia fugir de novo, não outra vez mas, o que podia fazer? Para a minha sorte Kevin foi astuto e segurou a minha mão, me puxou para ele e me abraçou. Depois de tantos anos, eu me sentia realmente segura.

- “Vamos embora?” - ele diz e eu assenti.

Não vi o rosto que durante tantos anos eu ansiava poder voltar a ver. Somente sai de braços dados com este homem, que pouco a pouco está conseguindo um espaço em minha vida.

Não tem parado de Chover (COMPLETA)Where stories live. Discover now