Capítulo 39

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Pov. Kevin

Acho que posso afirmar o seguinte: Quando uma pessoa está à beira da morte, toda a sua vida passa diante dos seus olhos em questão de segundos.

Posso afirmar isso porque no momento que Henry Payne nos apontou a sua arma, porque vi toda a minha patética vida passar diante de mim e foi aí quando compreendi ou melhor dizer, acabei aceitando que Bianca era a melhor coisa que havia acontecido comigo.

Minha triste e solitária infância, meus anos de adolescência sem boas amizades e conselhos de pai que tanto precisei e uma idade adulta triste eram testemunhas da minha necessidade dela.

O que Bianca tocava, sem dúvida alguma, se convertia em algo maior e eu era prova disso. Mas agora, depois de quase toda uma vida ajudando e salvando os outros, ela precisava ser salva. E eu me encarregaria disso.

- "Não posso acreditar que eu não tenha feito você desaparecer antes, criatura do inferno."

- "Como você pode falar assim dela Payne, ela é sua filha."

- "Una filha que só me trouxe desgosto Lusiack, e vai trazê-los pra você também."

Não havia mais pessoas nesse amplo salão, só nós três. Bianca tremia e chorava em meus braços enquanto eu acariciava o seu lindo cabelo.

- "Sinto muito Kevin, sinto muito eu não queria isso, só que levo tanto tempo guardando essa dor, que acabei explodindo."

- "Não sinta querida, você é única vítima de todas essas pessoas."

Henry Payne ia disparar, eu sabia porque ele não estava nenhum pouco comovido pela dor de sua filha, uma filha mendigando piedade para continuar vivendo uma vida que ela não escolheu, a vida de uma mulher que nunca poderia ser mãe.

- "Henry não faça isso, se você não fizer por Bianca, faça por seu outro filho e a sua esposa."

Ele duvidou, sabia que havia tocado em um ponto muito sensível, do seu pequeno e adorado filho homem, esse filho que tanto desejou e que por fim ele obteve depois de tanto esperar.

- "Mãos para o alto!"

De tão concentrado em Payne e em tudo o que estava acontecendo nesse momento, que acabei não percebendo as sirenes do carro da polícia. Henry Payne não teve outra opção a não ser soltar a arma e colocar as suas mãos atrás da cabeça, enquanto um policial apontava a arma para ele. Consegui soltar todo o ar que eu estava prendendo durante todos esses minutos. Me sentia aliviado.

Bianca estava em meus braços mas agora ela estava inconsciente em um sono profundo, um que eu me encarregaria por tudo o que me resta da minha vida. Ela vai ser feliz outra vez.

[...]

Bianca passou as duas últimas semanas no hospital para se recuperar, já que o consumo de todos os tipos de drogas a deixou muito fraca. O doutor negou o meu pedido de levá-la para casa para que eu pudesse cuidar dela melhor, e eu entendo porque ela deve permanecer internada em uma clínica de desintoxicação.

- "Kevin ela precisa de cuidados especiais, inclusive não podemos mantê-la mais aqui, devemos enviá-la para um lugar onde vão cuidá-la da maneira correta."

- "Não quero que ela fique sozinha nesse lugar...não sei, me dá muito medo de que não dê resultado."

- "Primeiro devemos falar com ela, por que a decisão é dela."

Caminhamos pelos corredores branco do hospital. O cheiro de remédios e produtos descartáveis estão me dando náuseas; odeio os hospitais. Quando entramos em seu quarto, vejo que ela está olhando pela janela com o olhar perdido no horizonte onde o sol está se pondo para dar lugar a noite fria. Quando ela escuta que entramos no quarto, ela se vira mas não sorri, há muito tempo que ela não sorrir.

- "Olá Bianca como você está?"

O doutor a trata com muita amabilidade e Bianca o olha friamente.

- "Quando vou poder sair daqui?"

- "Bianca temos que conversar..."

- "Eu quero sair dessa merda, eu já estou bem...não quero ficar aqui, só quero ir pra minha casa."

Eu olho para o médico aterrorizado pela maneira de agir que ela está se manifestando. Ele havia me explicado que Bianca estava passando pelo período de abstinência por falta das drogas e era normal que ela agisse dessa forma. Mas isso me matava lentamente.

-Bianca..."

Ela me olhou e começou a chorar desconsoladamente.

- "Kevin me tira daqui por favor, não quero vir nunca mais aqui."

- "Eu vou te tirar, mas você só precisa se recuperar."

O doutor havia me explicado que ela faria de tudo para me manipular me dizendo que ela estaria bem, que não voltaria mais usar drogas, mas eu já deveria saber que ela era viciada e que somente em um lugar capacitado para lidar com pessoas viciadas em drogas e álcool, a ajudaria se recuperar e assim ela poderia seguir em frente.

- "Mas Kevin, eu estou bem, eu já sai uma vez disso e vou fazer isso novamente."

Me aproximei dela e a segurei fortemente como se a qualquer momento ela escaparia dos meus braços. Tinha medo de perdê-la.

- "Estou com medo Kev, tenho medo e não quero ficar sozinha nesse lugar para onde querem me levar."

- "Você não vai ficar sozinha meu amor. Isso eu te prometo..."

Não tem parado de Chover (COMPLETA)Where stories live. Discover now