Capítulo 16

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Pov. Bianca

Sonho on:

- "Como você pôde Bianca? Como pode manchar o meu sobrenome, meu precioso sobrenome. Como vou olhar na cara dos meus amigos, dos meus funcionários, do meu círculo social?"

- "Richard me disse que você vai para a América Central, para a terra da mamãe, porque eu não posso ir?"

- "Porque você terá que enfrentar essa vergonha sozinha, não queremos saber de você, pelo menos por um tempo, você manchou o seu próprio sangue e um homem bom como o Richard!"

- "Você acha que eu fiz isso de propósito? Que eu fiz isso sozinha? Papai me dá uma oportunidade!"

- "Não, já investi muito em você e você só sabe me defraudar. Você ficará sozinha por um tempo, isso te fará bem e você vai aprender a dar valor as coisas que você tem."

E foi assim, depois da sua partida, perdi o mais importante da minha vida.

Sonho off:

Malditos pesadelos!

Olho para o meu relógio e são 6:00hs da manhã, uma boa hora para correr. Quando volto da corrida, vou para casa tomo um banho, me arrumo e vou para o centro.

Chego no centro e vou para a cozinha e me encontro com Celina que está lendo o jornal com entusiasmo.

- "Bianca, você por aqui tão cedo?"

- "Sim, eu tive um pesadelo."

- "Outra vez?"

- "Sim, outra vez!"

Quero que ela pare de me perguntar. Nunca contei pra ninguém sobre o meu passado e ela não será a exceção, somos boas amigas mas não posso contar para ela sobre essa parte da minha vida, que me causa tanta dor.

- "Quando você vai se abrir comigo Bianca?"

- "A que você está se referindo?"

- "Olha, eu sei que algo está te acontecendo, há algo em você que te perturba, ainda mais com a chegada do seu pai."

- "Eu preciso ir, você pode se encarregar do café da manhã pra mim?"

- "Sim, eu posso fazer...e Bianca... ninguém pode reprimir tantos sentimentos como você faz."

Eu olhei para ela, mesmo ela tendo razão eu ainda não estou preparada para falar.

Peguei a minha bolsa e decidi que hoje eu só caminharia e iria percorrer as lojas para procurar um vestido de gala. Precisava me distrair.

Fui a algumas lojas e optei por um vestido branco, o qual ficou bem em mim, valorizou as minhas curvas. Comprei uns sapatos e alguns assessórios. Não gosto de ficar dando voltas nas coisas, se eu gostava de algo eu comprava, se eu puder pagar, é claro.

Um carro preto estacionou em frente à loja onde eu estava. O que chamou a minha atenção é que eu reconheci imediatamente quem estava descendo do carro. Saí da loja e nossos olhares se cruzaram.

- "Papai."

- "Bianca."

Não tinha nada a dizer, só olhá-lo e esperar que ele ataque.

- "Bianca, eu fui muito claro na advertência que eu te dei. Se afaste desse homem, você vai arruiná-lo."

- "Pai, você pode parar de agir com um perseguidor e me deixar em paz!"

Me virei e comecei a caminhar, eu já estava farta dessa situação, entre os meus pesadelos e a presença frequente do meu pai, estava claro que a minha pobre mente está esgotada.

- "Voltarei a viver em Londres."

- "Eu o que eu tenho a ver com isso?"

- "Não posso pedir para você ir embora, alias eu sei que você não fará isso. Preciso que você se mantenha afastada do meu círculo social e te lembro que Kevin agora faz parte dele."

- "Papai me deixa te dizer algo. Kevin e eu somos só sócios e não se preocupe com isso, a coisa que eu menos quero é estar próximo do seu círculo social, são uma merda igual a você. E EU TAO POUCO QUERO TE VER E NEM TER NENHUM CONTATO COM VOCÊ!"

A partir desse momento não vou deixar mais me intimidar por ele e nem por ninguém. Eu tinha que aprender a conviver com a culpa, mas não deixarei ninguém me rebaixar. A partir de agora eu era órfã, não tinha pai, nem mãe, nem irmão, nada. Só o meu centro e eu, meus estudos e minha patética e triste vida.

Minha mãe. Um redemoinho começou a habitar em meu interior. Ela sempre havia sido doce e carinhosa comigo. Então, porque ela me deu as costas? Por acaso ninguém da minha família sentiu pena da minha situação?

Todos me abandonaram e eu estava sozinha.

Fui até um supermercado e comprei a única coisa que podia acalmar a minha dor: Álcool. Precisava de grandes quantidades para apagar esse fogo em meu interior.

Ou ele apagava ou ele se acendia ainda mais...

Não tem parado de Chover (COMPLETA)Where stories live. Discover now