Não tem parado de Chover (COMPLETA)

Capítulo 44

Pov. Bianca

Depois que Kevin me deixou claro que não iria me procurar mais, me senti aliviada. Não porque a sua presença me incomodava, longe disso, mas eu sabia bem que isso era o melhor pra ele. Eu o amo, não quero ser egoísta, eu sou muito grata ao homem que amo.

Algum dia ele vai me agradecer, quando ele estiver de mãos dadas com uma boa mulher, carregando os seus filhos, ele não vai lamentar que não tenha procurado jamais. Kevin seria feliz e se ele fosse feliz, eu também seria.

Continuei com a terapia duas vezes por semana. Meu psicólogo me aconselhou que pensasse sobre a ideia de deixar Londres por uma temporada. Para mim, era algo que não tinha questionamento; era a hora de fazer a viagem que eu tanto havia desejado.

Depois de várias sessões, eu havia conseguido superar, em parte, a minha traumática gravidez. Por mais que eu soubesse que era algo espiritual do que outra coisa, pedi que construíssem uma tumba azul celeste para ir rezar. Embora não houvesse nada ali dentro, além de alguns objetos que eu havia guardado durante a gravidez, senti que enfim as minhas preces iam ser dirigidas ao meu pequeno Felipe, aquele bebê que eu amei e que não chegou a nascer.

Sobre minha família, se é que eu posso chamá-los assim, não sabia muita coisa. Meu pai continuava preso e ficaria lá por um longo tempo, pelo que parece ele andava metido em coisas "muito complicadas", pelo menos era assim que os detetives denominaram. Minha mãe e o pequeno Juan me visitavam e passavam o seu tempo com as mulheres do centro, mas eu ainda não podia perdoá-la completamente.

Encontrei o consolo que eu mais precisava no pequeno Juan. Meu irmãozinho é um homenzinho digno de admirar, ele é muito inteligente e sagaz. Sua aparência física é parecida com a da minha mãe e ele possui poucas características herdadas de Henry Payne.

Em um dia bastante chuvoso, eu estava fechando as contas do centro quando avistei a sombra de um homem. No primeiro momento, eu tive a ilusão de que fosse Kevin, mas não era ele. Richard apareceu com um buquê de flores. Eu o atendi amavelmente, não lhe reprovei em absolutamente em nada, porque para mim tudo já foi dito e encerrado. Entre tantas coisas, ele disse que a uma delas, era a possibilidade de começar de novo nos Estados Unidos, onde ele estava planejando abrir uma filial de sua empresa de turismo. Eu neguei ao seu pedido, porque sabia que a minha vida não era para ser ao lado dele.

Ele se despediu de mim com um sorriso triste e com um "me perdoe" em seus lábios. O que eu não disse era que o perdoava e que o desejava o melhor.

[...]

Enfim, os dias continuava passando e por alguma estranha razão não podia me decidir pegar o primeiro avião que me levasse para qualquer lugar do mundo e desaparecer. Sentia uma tremenda vontade de ligar para Kevin e dizer que estava disposta a tentar, pedir que ele me perdoasse, dizer que eu estava decidida a fazer o que estava ao meu alcance para fazê-lo feliz. Mas depois eu me lembrava que havia algo fundamental na vida de um homem que eu não poderia dar e acabava desistindo de pegar o celular e discar o número de Kevin.

As sessões com o meu psicólogo se estenderam até que eu optei por não voltar a ir. Estava cansada da monotonia das sessões com as mesmas respostas "Eu não era culpada de nada e que tudo iria ficar bem" cansava de tanto açúcar quando o amargo prevalecia em minha vida.

O centro de apoio para mães solteiras estava indo muito bem, as reformas ficaram muito boas e as mulheres e as crianças estavam muito felizes. Celina estava o dirigindo muito melhor do que eu. Era hora de abandonar um pouco a única coisa que estava me prendendo a essa chuvosa e fria cidade, para finalmente me afastar.

Depois de me decidir, peguei a minha carteira e caminhei devagar até a minha casa, era hora de empacotar. As ruas de Londres estava cheias de pessoas. Talvez fosse uma loucura parar pra comprar algumas coisas que precisava, mas pensando bem ninguém estava esperando por mim agora, eu podia demorar o tempo que eu quisesse.