Capítulo 10

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Pov. Kevin

Durante o caminho para um lugar onde vai acontecer esse evento de caridade nós conversamos sobre alguns temas.

Os jantares de caridade costuma ser aborrecidos, em geral eu vou sozinho e fico durante uma hora e depois saio despercebido. Mas hoje eu estou indo com uma adorável companhia e pelo que vejo eu vou custar convencê-la a passar a noite comigo. Ela não parece ser como as outras, disso eu tenho certeza.

- "Como se chama?"

- "Como se chama quem?"

- "A mulher que te deixou plantado e fez você buscar uma outra opção em mim." - seus olhos passam pela estrada e depois pelo meu e vice-versa, enquanto suas bochechas adotam um tom levemente vermelho.

- "Na verdade ninguém me deixou plantado, eu queria vim com você." - optei por dizer a verdade, não queria mentir.

- "Por quê?" - ela pergunta espantada. Por acaso ela não se olha no espelho? Ela é belíssima.

Talvez se eu mentisse um pouco. Não podia dizer a ela que eu tinha esperança de poder levar ela para minha cama essa noite, mesmo sendo verdade queria estar na sua companhia, de qualquer uma que ela estivesse disposta a me oferecer.

- “Achei que era necessário me desculpar e começar de novo. Aliás, estou certo que será uma acompanhante perfeita para a ocasião. Você é a diretora de uma organização disposta a ajudar mães solteiras e essas pessoas também quer ajudar a comunidade, igual a você.”

- “Tá bom, acho que eu estou começando a ter um novo conceito de você, você soou tão sincero.”

- “Que conceito você tinha de mim?”

- “Antes eu te achava um cretino, mas acho que depois dessas palavras... tão doces e sinceras... Eu diria que você é um homem agradável”.“

- “Homem agradável?”

Isso é sério?

- “Sim, porque não?” - ela perguntou mais pra ela mesma do que pra mim.

- “Soa melhor do que cretino, acho que vou permitir que você me chame assim.”

Quando chegamos ao evento entrelaço o seu braço no meu e entramos sorrindo. Nunca tive a oportunidade de experimentar esse tipo de relação. O tipo de relação que se pode proporcionar algo pra outra pessoa.

Isso é novo.

Cumprimentamos algumas pessoas e apresentei Bianca aos membros da ONG. Falamos do meio ambiente e de sua organização, e pela minha fortuna, não me aborreço em fazer. Ela era tão delicada, sentia tanta paixão pelo que fazia que era difícil não desfrutar de seus argumentos.

Sua maneira de se dirigir a outras pessoas é assombrosa, tão própria de uma profissional. Suas mãos se agitavam ao som de suas palavras e as pessoas que estavam ouvindo parecia desfrutar tanto quanto eu.

Ela era uma boa companhia, que fazia com que os homens parassem para olhá-la e as mulheres a invejavam...praticamente tudo dela.

- “Nossa estou surpreso, sua capacidade de se relacionar com as pessoas é brilhante. Você deveria trabalhar em minha empresa.”

- “Obrigado, mas eu gosto de trabalhar na Universidade e em meu Centro. Não creio dispor mais tempo” - ela toma um gole da sua bebida e eu posso ver como ela desliza por sua garganta. - “Mas obrigada de novo, por me trazer. Esse lugar é muito agradável, estou gostando bastante.”

- “Não precisa agradecer. É um prazer compartilhar esse momento com você.”

Continuamos conversando por um longo tempo. As pessoas que nos rodeavam haviam desaparecido e só éramos nós dois. Duas pessoas que conversavam e ria. E eu realmente gostava disso. Ela era graciosa e não duvidava em me tirar um sorriso. Estávamos passando muito bem, até que uma voz masculina e grossa nos interrompeu.

- “Senhor Lusiack?”

Olhei para o sujeito que Bianca dava as costas, era um homem de quase sessenta anos que estava muito elegante. Seu olhar era frio como o de meu pai e seu sorriso era endiabradamente perverso. Depois de analizá-lo olhei para Bianca que estava paralisada.

Seus olhos tinham uma tristeza enorme. Uma lágrima rolou pela sua bochecha e caiu no seu vestido, sua mão estava pressionada com força na taça, quase a quebrando.

O que está acontecendo?

- “Bianca, o que foi?” - eu perguntei pra ela e depois olhei para o sujeito. - “Quem é você?”

- “Me chamo Henry Payne, é um prazer finalmente conhecê-lo.”

Bianca olhou para o chão e tentou se afastar, mas eu não permiti. O homem que agora eu reconhecia como o investidor da América Central, estava cada vez mais próximo dela, fazendo com suas mãos tremessem.

- “Bianca é você?” - ele disse olhando para ela e a analisando.

Seu sotaque era muito britânico assim como o seu sobrenome. Que relação ele tem com Bianca?

- "Sinto muito Kevin, mas eu preciso ir agora."

Ela saiu do salão quase correndo. Eu olhei para o sujeito com a minha pior olhada inquisidora e corri atrás dela. Um sentimento muito profundo me dizia que eu precisava cuidar dela.

Do lado de fora do evento, eu avistei ela tentando parar um táxi. Eu corri até ela e consegui detê-la. Ela estava chorando muito.

- “Bianca, o que aconteceu?”

- “Sinto muito Kevin, mas eu não posso e nem quero ficar neste lugar, eu preciso ir.”

- “Espere não vá, e se você está totalmente decidida em ir, me deixe te levar.”

- “Não quero arruinar sua noite Kevin, o seu lugar é ali dentro.”

- “Claro que não. Eu vou com você, vou te levar para casa.”

- “Tudo bem. Podemos tomar uma bebida antes?”

- “Claro. Vamos para o meu clube. O que você acha?”

Ela voltou a rir.

- “Me desculpe Kevin, eu estava passando uma noite muito boa com você.”

- “Me diz quem era aquele homem. Só me responde isso e eu não vou te perguntar mais nada.”

Ela duvidou por um momento e depois concordou.

- “Ele é o meu pai. Mas eu só posso te dizer isso, mas por favor não me pergunte mais nada, pelo menos não por essa noite.”

Eu respeitei a sua vontade. Eu não queria arruinar esse momento mesmo estando morrendo de curiosidade e precisando saber o que a atormentava tanto.

Eu não podia esperar pelo momento em que ela estivesse feliz de novo.

Não tem parado de Chover (COMPLETA)Where stories live. Discover now