Forma Viva

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       Não era que ele, no tempo das chuvas daquele fevereiro, de repente (como parecia ser tudo em sua vida), dera para salvar umas formigas? A água da vala aumentava com a chuva forte daquela tarde e ele erguia uma vara sobre aquela, que logo se entornaria sobre o formigueiro.

       Então as vermelhinhas lava-pés vinham subindo desesperadas, todas organizadas em fila indiana, inclusive a rainha-mãe, para futuras descendências, e iam dar no outro lado da coberta garagem. Tão solícito foi em resgatar aquela vida profundamente rica e una, ordenada em tarefas e divididas em sexos e nos levantares de folhas nas costas, dando mais do que o quádruplo de suas massas.

       Não teve como conter o sentimento que me registrou e que aqui vos passo. Tomara, ele fez uma prece também, tempos de estio viessem, e um florescente gramado verde, um jardim túmido de seiva, após o temporal, fossem dados a essas lindas criaturinhas.

Entre Sombras e FrutosWhere stories live. Discover now