Capítulo 30

5.5K 345 43
                                    

Pov Rose

- Hmmm, Rou?

- Sim? - Gritei, prendendo a toalha no cimo da cabeça e saindo da casa de banho já vestida.

- A Catarina desapareceu. - Disse ele, segurando a pequena caixa que servira de última residência à pequena aranha.

- Como assim, desapareceu?! - Perguntei, nervosa, olhando em volta.

- Olha, desapareceu, sei lá, não está aqui! - Disse ele, virando a caixa na minha direção.

- Zazza, pior do que ver a aranha...é deixar de ver a aranha! - Guinchei, entrando de novo para a casa-de-banho, não fosse a diabólica andar por ali, com as suas nojentas oito patas, a pavonear-se pela sua fuga.

- Hmm Zazza, gosto que me trates assim. - Ele sorriu de lado, ajeitando o cabelo molhado ao espelho. Raios, que sexy. Eu já fiz coisas que nem poderia imaginar com este rapaz, e ainda assim, só um sorriso dele ainda consegue fazer-me corar. Ao fim de algum tempo lá nos arranjamos para as reuniões e depois disso veio o tal passeio no parque: abdicamos da ida ao Louvre pois temos muito que conversar, e não me arrependi minimamente; acabamos por encontrar um pequeno baloiço coberto de onde podíamos ver a neve cair sem levarmos com ela, e Zayn sentou-se puxando-me para junto dele.

- Não fujas assim que eu começar a contar-te a minha vida. - Pediu baixinho enquanto enrolava carinhosamente as pontas do meu cabelo.

- Não queiras apressar o dia em que eu te vou por a andar... Vais ter de te esforçar mais se te queres ver livre de mim. - Brinquei, fazendo-o rir e beijando ao de leve a sua mão, sobre um pequeno pássaro tatuado.

- Muito bem, então cá vamos... - Zayn começou por me contar da sua infância complicada, sempre enclausurado em casa sem poder brincar com outras crianças além de Susan: apesar de amar Kayle, Elaine e Peter, eles não substituíam a necessidade de amigos da sua idade com quem pudesse partilhar o crescimento. Contou-me como os seus pais se haviam separado e como ele culpara a mãe na altura por pensar que ela fora embora por egoísmo da sua parte, depois disso conheceu Borhan e eles tornaram-se amigos inseparáveis, mesmo sem ele saber que eram meios-irmãos, fruto de uma traição do pai. Contou como acabou por ser preso por culpa dele e como se esforçou por pô-lo em liberdade, pagando-lhe a fiança com o ordenado que deveria ser para construir o seu negócio de sonho. Na altura ficara furioso por o irmão não se ter dado ao trabalho de lhe agradecer e guardou-lhe rancor até há pouco tempo, quando ele apareceu e mostrou que afinal de contas, por culpa da interferência do pai, a fiança não fora paga e Borhan permanecera preso. Nessa altura acabara por aceitar o trabalho na empresa, e pouco depois dar-se-ia o acidente de Elaine e Peter, que deixara Emma a seu cargo. Nessa altura apareceu Jullie e deu-se aquilo que eu já sabia: Zayn apaixonou-se e ela traiu a sua confiança, só ainda não sabia como...

- Na altura nós vivíamos juntos em minha casa, ela e Emma davam-se lindamente e eu sentia-me completo com a minha nova família...até ao dia em que recebi uma chamada da D. Leila a dizer que Emma tinha desaparecido... - A dor na sua voz fez-me sentir o coração apertadinho, e peguei de novo na mão dele, dando-lhe força para continuar. - A Jullie tinha raptado a minha filha e pedia um resgate de milhares de euros assim como a direção da empresa...Tudo aquilo que passáramos fora somente uma tentativa de ela se aproximar daquilo que ela sabia ser o meu ponto fraco, e até hoje recordo a sensação que tive naquele momento: como se me tivessem roubado o chão e a qualquer momento eu fosse cair num abismo profundo.

Enquanto ele falava eu ia processando a informação toda com rapidez, embora me sentisse abismada com aquilo que ele fora obrigado a suportar... a traição de Jullie, o rapto de Emma... não admira que ele seja tão inseguro e protetor.

Love WingsDove le storie prendono vita. Scoprilo ora