capítulo 36.

4.3K 319 33
                                    

POV Zayn

“ A pedido da Rose, li recentemente os livros do tal John Green e apesar de não fazer o meu tipo de literatura, houve uma parte em particular que não me saiu da cabeça: no início do Paper Towns, a Margo e o Quentin encontram um corpo de um homem que se suicidou e ela diz que talvez todas as cordas que o seguravam possam ter rompido.

Lembro-me como se fosse hoje do dia em que todas as minhas cordas se romperam.

No momento em que soube que perdera a minha “filha” e a mulher da minha vida, pensei nas diversas formas de suicídio que conhecia e ponderei aquelas que seriam mais rápidas e indolores. Não sei bem o que me impediu: não acredito em Deus nem no destino, e portanto não posso dizer que foi obra de qualquer um dos dois, mas a verdade é que estou aqui, com a Emma a dormir no quarto ao lado e a mulher da minha vida – não sei quantas vidas pode ter uma pessoa, mas eu tive pelo menos duas, com certeza, e esta dá 20 a 0 à anterior – a dizer que me ama.

A todos os que as cordas se romperam… segurem as pontas por mais um pouco, só mais um pouco… há-de vir alguém para dar um nó. “

            Num gesto instintivo ergui-a no ar, ignorando os seus protestos divertidos, e deixei-a escorregar nos meus braços, encostando a testa à dela:

            - Obrigado por atares as minhas pontas soltas. – Sussurrei, sorrindo tanto que até faz doer as bochechas. 

            - Obrigado por me ensinares a caminhar sobre pontes sem as deitar abaixo. – Respondeu ela, colando os lábios aos meus com carinho.

            - Obrigado por ficares cá a dormir hoje.

            - Mas eu não…

Eu lancei uma gargalhada e antes que ela pudesse rebater, gritei:

            - EMMA! A ROSE FICA!

            - Mas eu…

Em dois segundos a pequena atravessou o corredor disparada e atirou-se para os braços da Rose, que a pegou ao colo com carinho:

- Oh Rose, que bom! Amanhã é domingo e eu e o Zazza vamos sempre fazer bonecos de neve no parque ao domingo! Podes vir connosco! E levamos um lanche para comer no carro enquanto ouvimos o cd da Violeta!!!

Eu sorri ao vê-la tão entusiasmada e pisquei o olho discretamente a Rose, fazendo uma careta divertida.

- Bom, parece que agora vais ter de ficar.

- Se o patrão manda…

- Eu sei que disse que dormia no meu quarto… - Pois, eu devia ter imaginado que era fruta a mais. – Mas eu acho que está um monstro no meu armário. Posso dormir convosco?

Lancei um olhar divertido a Rose, que sorriu para Emma num gesto que não deixava dúvidas que teria de voltar a abrir o sofá-cama outra vez. E foi isso que fiz, tal como na noite anterior. Quando a Rose saiu da sala para se arranjar a Emma trepou para o sofá e sentou-se ao meu lado:

- Eu ouvi a Rose a dizer que te amava.

- E o que achas disso?

- Bem… - Ela pareceu hesitar uns segundos. – No filme da polegarzinha nascem-lhe asas quando ela descobre o amor.

Eu tentei não rir, mas foi mais forte que eu:

- Não vão nascer asas à Rose.

- Eu sei, Zazza… mas então o que acontece agora? Começa a parte do “e viveram felizes para sempre”, certo?

Love WingsWhere stories live. Discover now