Capítulo 40.

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Pov Sophia

Eu sei que é horrível ter inveja da felicidade dos outros, e deus me perdoe, mas não havia nada que eu não desse para que alguém olhasse para mim da forma que este paciente olha para a namorada. Se são mesmo namorados, confesso que duvido, mas que se amam perdidamente, disso não tenho dúvidas. Não há forma de os olhos mentirem: amor, quando é amor, denuncia-se sempre pela forma como se olha, é quase como se os olhos deixassem de ser olhos e passassem a ser um par de janelas para a alma, e como ninguém me convidou a espreitar, desvio o olhar e concentro-me nos registos das operações dessa noite.

O nome do Dr. Liam salta-me à vista e sinto o meu coração acelerar só de pensar nele. Quando cheguei a este hospital há quatro anos atrás, foi a primeira pessoa com quem me cruzei. Seria uma estupidez dizer que foi amor à primeira vista, até porque os olhos demoram algum tempo até virar janelas da alma, e por isso levei três longos anos a descobrir que estava irremediavelmente perdida de amores por ele. Não sei bem a partir de que momento é que pensei "olha que esta, estou apaixonada" mas a verdade é que aconteceu, e nos entretantos tive de aprender a viver com o facto de não ser correspondida.

Devia ser proibido gostar de alguém que não gosta de nós, não é? Talvez se o coração pagasse um imposto de cada vez que isso acontece, ele começasse a pensar duas vezes antes de se lançar assim para as mãos de alguém que não o quer agarrar.

Quando finalmente consegui convencer a namorada do rapaz a sair do quarto dirigi-me ao bar do hospital para pegar um café:

- Então Sophy, já escolheste um vestido para a festa? - Perguntou-me a Clarice, aproximando-se.

- Não, eu não vou.

Todos os anos o pessoal do hospital costuma reunir-se para uma festa de Natal à qual, todos os anos, eu tenho o hábito de faltar propositadamente. Além da Clarice e do Liam, é claro, não há ninguém aqui com quem eu desejasse manter uma conversa civilizada, e por isso não sou grande fã destes eventos sociais cujo intuito não é mais do que mostrar a nova coleção de sapatos topo de gama para os quais o meu salário não está à altura.

- Porquê? Podias vir, só este ano! E sabes que são as raparigas a convidar os pares, por isso podias convidar o Liam!

Ah sim! Resta dizer que a festa se estende a várias unidades hospitalares, o que faz com que o Liam receba às dezenas de convites, reduzindo a zero as minhas já escassas probabilidades.

- Lamento, tenho um compromisso inadiável com o meu sofá para essa noite.

- Oh Sophia, anda lá!

- Eu vou pensar nisso. - Respondi somente para a calar, já que não há nada que me faça trocar uma boa noite de filmes por uma festa aborrecida.

Nesse momento uma série de gritos despertou a nossa atenção e não tive dúvidas de que a verdadeira namorada do paciente apaixonado havia chegado.

*

POV Rose

Quando chegamos ao corredor de onde vinham as vozes exaltadas, uma sensação de raiva percorreu o meu corpo ao deter o olhar sobre Tinna. Eu sei que é suposto eu esperar até que ela avance com os planos para ter provas suficientes contra ela, mas a sensação de saber que alguém está a planear algo tão cruel contra mim e os que me são próximos é difícil de suportar. A acrescentar a isso, a forma horrível como ela está a tratar a Tris está a pôr-me fora de mim.

- Sua cabra, não me acredito que andavas com o meu namorado nas minhas costas! - Gritou ela, tentando alcançá-la enquanto Louis a agarrava.

- Louis, eu sinto muito...

Love WingsWhere stories live. Discover now