Capítulo 9.

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*nota da autora: Oiii :) Anda tudo muito silencioso por aí! :'( Gostava muito de ter uma ideia se estão a gostar ou não da fic... beijinhos e boa leitura*

POV Zayn

Fiquei a vê-la caminhar até à porta, observando-a a tremer levemente nos sapatos de salto alto. Ela é realmente desajeitada, mas é uma das pequenas coisas que a tornam tão…singular. Observá-la é uma tarefa que me tem tomado algum tempo: pensei que quanto mais conhecesse os seus gestos, a sua postura, mais fácil seria de prever as suas atitudes e reacções. No entanto, as minhas tentativas têm sido um fracasso. Ela é tão imprevisível que nunca sei como ela irá reagir a seguir, e isso devia ser razão suficiente para a despedir. Sei, por experiência própria, que pessoas imprevisíveis podem ser perigosas, que sempre é preferível alguém com uma personalidade menos…entusiasta, vá. Mas ainda assim, há algo que me detém: algo que faz com que este pequeno processo de observação, tantas vezes repetido com as candidatas anteriores, seja diferente com ela. Começo a dar por mim a notar certos detalhes que nada têm a ver com o trabalho, como aquele tique de trincar as pontas do cabelo quando está concentrada, ou a forma como cora tão facilmente.

Observá-la deixou de ser uma obrigação, como o era com as restantes, para ser algo que faço com gosto…com demasiado gosto, e isso assusta-me.

 Peguei no quadro que estava sobre a mesa e contemplei-o por uns segundos: uma andorinha ocupa quase a totalidade da tela, mas os seus traços são incompletos, difusos, quase como se estivessem a diluir-se.

Ela é uma verdadeira artista e não tenho dúvidas de que não terá dificuldade em vingar na área da ilustração infantil.

Um ruído vindo da porta fez-me sobressaltar.

- Sim?

- Posso? – A voz irritante de Tinna fez-se ouvir atrás da porta e revirando os olhos, dei-lhe permissão para entrar.

- Precisas de algo? – Perguntei diretamente, perdendo a boa disposição.

Ela aproximou-se, massajando os meus ombros provocadoramente.

- Ai Zayn, não sejas tão rude. – Um sorriso cínico desenhou-se nos seus lábios e eu afastei violentamente as suas mãos.

- Que queres? – Repeti, criando um espaço entre nós, o que a fez rir maldosamente. Por norma, não sou uma pessoa violenta, mas ela desperta em mim um desejo quase sádico de lhe acertar com uma cadeira nos dentes.

Tinna é das pessoas mais mesquinhas e falsas que já conheci em toda a minha vida…não tivesse sido ela a melhor amiga de Jullie, a gaja que quase destruiu a minha vida há dois anos atrás. De certa forma ela conseguiu o que queria…apenas não da maneira que tinha em mente, mas isso é outra história.

- Vim só ver como se está a dar a tua nova assistente… parece-me que a criancinha não vai durar muito tempo.

Uma onda de raiva percorreu o meu corpo.

- Sai. – Ordenei mecanicamente, tentando controlar-me o melhor possível.

- Zayninho, não sejas assim, eu só quero saber se ela é tão eficiente como a Jul…

-SAI! – Gritei, agarrando-a violentamente pelo braço e erguendo o pulso para lhe bater, no entanto, ao último momento respirei fundo e baixei o braço.

- Quase que tive medo, Zayn, quase. – O seu sorriso maléfico permaneceu intocável e todos os nervos do meu corpo pulsaram violentamente.

- FORA!

Nesse momento, atraído pelos gritos, o segurança entrou no gabinete, repreendendo-me discretamente, mais uma vez. Faz algum tempo desde a última cena destas entre mim e a Tinna – após a morte de Jullie elas começaram a ser frequentes e nos últimos tempos abrandaram, mas eu sabia que era uma questão de tempo até ela me incomodar de novo. Se eu pudesse, eu já a teria despedido há muito tempo, mas há razões demasiado fortes que me fazem mantê-la aqui.

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