Capítulo 34.

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POV Tris

(algumas horas atrás)

Desfilei pelo corredor com tanta sensualidade quanto consegue alguém com um pé engessado, um par de muletas e um talento natural para ser desajeitada, e assim que cheguei perto deles exibi um sorriso nervoso.

- Estou pronta, podemos ir?

- Tris! Como te sentes? – Perguntou Louis prontamente, levantando-se para me ajudar.

- Cansada, só quero ir para casa. – Repeti, evitando olhar para Borhan diretamente. Ainda estou em dúvida se hei de deixar a janela destrancada ou não, de qualquer das formas o pedido dele deixou-me surpresa e embora tenha mais com que me preocupar (como por exemplo: alguém me explique como vou conduzir para o trabalho assim?!) o nosso possível encontro daqui a umas horas não me sai da cabeça!

- Vamos então. Borhan, podes levar-nos?

- Claro. – Respondeu, levantando-se e piscando-me o olho subtilmente.

O caminho para casa foi silencioso e assim que chegamos despedimo-nos rapidamente, não sem antes Borhan me lançar um olhar cúmplice.

- Ahn… queres que eu entre e fique contigo? – Perguntou Louis, enquanto estávamos parados à porta da entrada.

- Estou cansada… - Menti, sentindo-me desconfortável.

- Ok, eu compreendo, vemo-nos amanhã, se precisares de algo avisa.

-Claro. Até amanhã. – Beijei-o levemente nos lábios e entrei desajeitadamente em casa, encostando-me à porta e fechando os olhos. Eu não aguento isto durante muito mais tempo, tenho de falar com ele! De amanhã não passa. Arrastei-me até ao sofá e liguei a tv num canal qualquer, olhando de cinco em cinco minutos para a janela, enquanto tentava decidir se haveria de abri-la ou não. Sinto os olhos a pesar de cansaço e as dores não ajudam, mas ainda assim, ao fim de algum tempo levantei-me a custo e atravessei a sala, correndo o trinco lentamente.

- Mas que…

- Estava a testar quanto tempo irias demorar até vir abrir a janela e devo confessar que estou positivamente impressionado com a falta que te faço. – Borhan empoleirou-se no parapeito e saltou para dentro da sala com um sorriso matreiro.

- Eu só…

Antes que pudesse ter reação, Borhan pegou nas muletas em que me apoiava e atirou-as para longe, e assim que me desequilibrei ele segurou-me pela cintura, impedindo-me de cair.

- Eu preciso disso! – Ripostei, tentando soltar-me.

- Não, precisas não, eu não te deixo cair. Além disso, eu também preciso de ti e não te tenho, parece-me justo.

Corei violentamente e ignorei o seu sorrisinho triunfante.

- Não devias estar com a lampreia amarela? – Perguntei rudemente.  

Ele riu alto e contra minha vontade – ou nem tanto – pegou-me ao colo e caminhou até ao sofá, sentando-se cuidadosamente e travando-me os braços para que não tentasse afastar-me dele.

- Importas-te?! – Protestei, ligeiramente corada.

- Importo, senão não estaria aqui.

O seu sorriso esmoreceu, convertendo-se numa expressão séria e intensa e o meu olhar deteve-se por uns segundos no dele, só o tempo suficiente para eu desviar o rosto, constrangida.

- Bea, és tão linda.

- Caíste e bateste com a cabeça na pista, Boo? - Ele sorriu com o apelido amoroso e sem esperar pela resposta eu tomei o seu rosto entre as mãos e colei os nossos lábios, com a urgência de quem há muito já o deveria ter feito. Sinto-me febril e descontrolada como se combinação do sono, com as dores e os medicamentos tivessem resultado neste estado destravado e destemido de mim mesma.

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