Capítulo 43.

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Pov Rose

-algumas horas atrás -

Se eu não respirar muito, estou certa que irei conseguir chegar a casa com o vestido intacto. Ajeitei-me desconfortavelmente no banco e mudei a frequência do rádio para algo mais animado - preciso de um impulso para conseguir divertir-me.

- Então, porque me convidaste para vir? De certeza que não foi por falta de convites. - Disse eu, rindo.

Ele encolheu os ombros, focando a sua atenção na estrada.

- Preciso de alguém capaz de me fazer rir nestas festas ridículas, e quem mais poderia fazer isso além de uma das minhas melhores amigas de sempre? - Respondeu francamente, esboçando um sorriso fraco. - Sabes que às vezes acho que nunca vou encontrar alguém que realmente me interesse. Talvez eu seja demasiado exigente, mas eu não consigo contentar-me com algo que não me arrebata.

- Compreendo. - Respondi, acenando em silêncio e tentando disfarçar o facto dos buracos do meu coração, colados recentemente com colheradas de chocolate e manteiga de amendoim, estarem a descoberto de novo.

- Há uma miúda... Bem, ela é enfermeira lá no hospital e ela não gosta de mim. Por alguma razão que desconheço ela passa a vida a evitar-me e sempre que tentei falar-lhe, simplesmente respondeu com monossílabos. Ela é diferente das outras, sabes? Tu não deves compreender, mas nós conseguimos perceber o tipo de pessoas com quem estamos a lidar pela forma como elas tratam os outros. Tratar no sentido médico da palavra, sabes? Os próprios gestos falam, e os dela são particularmente ensurdecedores…

Eu voltei a acenar porque tenho consciência que se falar a minha voz irá atraiçoar-me.

- Oh, desculpa estar a falar destas coisas, estou a ser um bocado insensível. - Disse ele, embaraçado, começando a estacionar o carro.

- Não tem mal, eu consigo lidar com isso. - Menti, ajeitando o cabelo antes de sair. Eu não consigo lidar com isso, eu sinto-me devastada só de imaginar que vou ter de lidar com isso, mas é tudo o que eu sempre quis...sentir algo... ainda que seja dor, é algo, por isso é bem-vindo ao meu coração outrora vazio. Continuo a defender a minha posição de que um coração partido é mais fácil de suportar do que um coração vazio: não há nada que pague a sensação de que há alguma coisa pela qual chorar. Ou lutar, dependendo do ponto de vista, mas sempre achei deselegante lutar pelo amor; se ele existe então não precisa que lutemos por ele, como a dor, ele também exige ser sentido.

- Estás bem? - Perguntou Liam, abrindo-me a porta.

- Estou ótima. - Respondi, forçando um sorriso. - Vamos?

*

Entramos num pavilhão gigante, magnificamente decorado com elementos natalícios. Algumas das pessoas já estavam sentadas enquanto outras conversavam alegremente, espalhadas ao acaso pelo recinto. Agora percebo que o Liam não exagerou quando disse que isto era uma festa com classe: sinto-me como se estivesse num baile de princesas.

Caminhamos até à nossa mesa, não sem antes parar umas quantas vezes para cumprimentar algumas pessoas.

- Boa noite pessoal. - Disse ele assim que nos sentamos. Um grupo de pessoas retribuiu o cumprimento e umas rápidas apresentações foram trocadas entre nós. Sentei-me ao lado de uma rapariga morena com um ar pouco simpático e secretamente agradeci por isso, ao menos não terei de esforçar-me muito para parecer divertida. A conversa foi fluindo normalmente e muito embora todos exibissem sorrisos rasgados, havia uma tensão estranha no ar, típica de um ambiente propício a ser-se tudo menos nós próprios.

- Então Sophia, como ficou a paciente de hoje à tarde? - Perguntou o Liam, dirigindo-se à rapariga pouco amigável sentada ao meu lado. Não precisei de mais do que uns segundos para perceber que esta era a rapariga de que ele falara no carro e não posso deixar de confessar que fiquei ligeiramente desiludida. Quer dizer, ele merece alguém divertido como ele, não é?! Não uma songa-monga qualquer sem sentido de humor.

Love WingsOnde as histórias ganham vida. Descobre agora