Dou três batidas sutis na porta do quarto de Nolan e o mesmo aparece em questão de segundos com um sorriso nos lábios.
Ele sussurra um "entra aí" antes de se certificar de que ninguém me seguiu ou está nos observando e eu reviro os olhos enquanto tiro meus sapatos com o auxílio dos próprios pés e sento-me na ponta de sua cama exageradamente grande, apoiando as mãos para trás do corpo.
— Você já deveria saber que os únicos acordados a essa hora, além de nós, são os seguranças que estão cientes do que temos e nunca se atreveriam a dizer uma palavra se quer em relação a isso.
Nolan vira a chave duas vezes na maçaneta da porta e se encosta na madeira esbranquiçada quando se alinha em minha direção.
— Eu sei.
Eu encaro minhas mãos, não conseguindo sustentar o seu olhar intuitivo e o seu sorriso de canto que pode facilmente arrancar calcinhas ou te resultar um olho roxo.
— E também sei que você não está aqui para dialogar sobre o nível de desdém dos seguranças que rondam a mansão D. Kresth.
Com isso, Nolan dá passos em minha direção e encaixa seu corpo entre minhas pernas. Ele aproxima seu rosto do meu e arrasta sua língua por minha clavícula.
Eu não o impeço.
Nem quero.
Mas gostaria.
— Não mesmo. Eu só estou aqui pelo mesmo motivo de sempre. Sexo. E isso não envolve diálogos.
Seu hálito quente me faz empurra-lo para o lado, me esgueirando para levantar até ficar de pé em sua frente. Ele passa a língua pelos lábios e os morde quando eu me ajoelho diante dele, cruzando os braços por trás da cabeça.
Quando me deparo com o seu abdômen, desço meus olhos até a entrada em V um pouco acima de sua cueca e engulo em seco, não me permitindo arfar diante dele.
— Tire sua cueca.
Nolan sorri com malícia diante da ordem que lhe dou, mas não move o seu corpo.
— Tira você.
Eu ignoro a ordem que recebo em resposta e me sento nos próprios pés, apoiando as mãos em minhas coxas.
— Hoje sou eu quem dá as ordens, Nolan. Então se apresse ou eu vou embora.
Ele não retruca, dessa vez, e seu sorriso cresce enquanto suas mãos deslizam o tecido acinzentado da Calvin Klein por suas pernas, antes que seu corpo repouse sobre o colchão novamente.
— Não tire os olhos de mim.
Nolan enrola as extensas mechas do meu cabelo em seus dedos, e os puxa quando eu passo a língua pelo seu membro enrijecido, umedecendo-o. Ele movimenta o seu quadril em direção a minha boca e arfa quando eu faço pressão com os lábios, sugando-o em um vai e vem, e desacelero os movimentos quando meus dentes roçam de leve em sua pele, tomando cuidado para não machuca-ló.
— Sua boca foi feita — ele hesita, arfando, e conclui. — para me chupar.
Um gemido escapa de seus lábios quando eu deslizo a língua pelo seu membro e chupo suas bolas, uma de cada vez. Encaro-o ao escutar outro gemido e inclino seu membro em sentido vertical, massageando-o com as mãos, uma na base e a outra logo acima, encaixando-as em todo o seu comprimento.
Então ele gemeu mais alto.
— Não para.
Seu corpo estremece e eu sinto suas bolas incharem em minha boca.
E, antes que Nolan chegue ao limite, eu paro.
— Por que diabos você parou? — ele murmura, incrédulo e insatisfeito.
Normalmente, eu gostava de deixar Nolan entorpecido antes de levá-lo ao paraíso. Era satisfatório ver suas íris revirarem com o prazer que eu lhe proporcionava, como se estivéssemos em um jogo doentio no qual eu era a deusa do próprio Lúcifer.
Mas não hoje.
Não quando ele havia me mostrado que eu poderia ser a porra da deusa que pecaria contra o maior dos pecadores, reivindicando o seu lugar no paraíso ao invés de se sujeitar a permanecer ao lado de um anjo caído.
E se a própria deusa tem inimigos, adoraria que o mais cruel e perverso fosse um deles.
— Sabe, eu fiquei pensando no que você me disse enquanto dançávamos — sussurro, passando as costas da mão em meus lábios. — E, Nolan, eu concordo com você. Nós não somos tão diferentes um do outro. Ambos somos o mesmo lado da moeda e seremos condenados pelos mesmos pecados. Mas, a diferença entre nós, é que você gosta do meu lado mais escuro porque somente ele faz com que você se encontre em meio ao caos, enquanto eu me entrego e sou arrastada para a sua ruína, perdendo-me em meio aos demônios dos quais você está tentando fugir.
Nolan permanece em silêncio, cabisbaixo.
— Eu te dou o que você quer, toda vez. E você me dá apenas o que tem. Mas a verdade é que você não tem nada, Nolan.
Seus olhos encontram os meus e a vermelhidão em suas íris causa-me arrepios. Eu desvio o olhar do seu e encaro as persianas acinzentadas que escurecessem e tornam o seu quarto ainda mais sombrio, mas é como se eu tudo ali me desse a sensação ilusória de que nós realmente estávamos caminhando lentamente a caminho do inferno.
Talvez estejamos.
— Você não me tem — engulo em seco, sussurrando cada vez mais baixo. — Mas você precisa que eu esteja aqui para bloquear essa solidão que existe dentro de você.
— Eu preciso que você me olhe, Kendall.
Aperto minhas pálpebras com força.
Eu não posso.
E não vou ceder dessa vez.
— E a verdade, Nolan, é que durante todos esses anos eu fui apenas aquela que te deu o prazer do céu enquanto você tentava fugir do seu próprio inferno.
Eu me levanto ainda de costas para Nolan e sinto o seu olhar queimando em minha nuca, até que eu alcanço a maçaneta da porta e a destranco, a tempo de ouvi-lo dizer:
— Você deveria brincar com o gelo, Kendall. Seria menos árduo. A minha especialidade é o fogo. E eu queimo lentamente.
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D.KRESTH
RomancePara ele, Kendall Cannes era a própria reencarnação do diabo. Suas íris esverdeadas arrancavam sua lucidez e o atraíam para o obscuro. Mas com um sorriso angelical ela camuflava a maldade e a perversidade em seus lábios. Kendall Cannes era quente c...