— Olá, senhorita Cannes. Está meio tarde para vir até aqui sozinha, não?
Eu sorrio para o mordomo gorducho da mansão dos D.Kresth, e suas bochechas ficam ruborizadas.
Ele é adorável.
— Você está certo, Burke — eu abraço o próprio corpo quando o vento gélido arrepia-me da cabeça aos pés. — Podemos apenas fingir que eu não estive aqui?
Burke se aproxima, recuando algumas vezes antes de segurar o meu rosto com uma das mãos. Suas íris esverdeadas me observam com carinho e, repentinamente, eu sinto vontade de abraçá-lo como se pudesse simplesmente me aconchegar nos seus braços e fugir de tudo por um único momento.
— Ás vezes, coisas ruins acontecem com a gente. É sempre imprevisível e nunca estamos preparados para lidar com o coração partido — Burke acaricia a minha bochecha com o polegar e sorri, arqueando apenas um canto da boca. — E, na maioria das vezes, alguns acontecimentos acabam nos machucando mais do que outros. Mas nós fingimos que esse grande vazio teve um fim até que tudo desmorona novamente. Não podemos simplesmente fugir ou tirar uma folga de nós mesmos, porque a dor está sempre ali, querendo apenas ser sentida.
Novamente?
Meus olhos finalmente brilharam em reconhecimento.
— Onde o Nolan está, Burke? Por favor, diga-me a verdade.
Burke suspira, encarando-me como se travasse uma batalha entre duas decisões difíceis.
Então ele cede.
— Hospital Bellevue. Não conte a ninguém, senhorita. Eu posso perder o meu emprego.
Dou-lhe o melhor sorriso que consigo diante dos lábios trêmulos e, antes de dar as costas a ele, aproximo-me e deposito um beijo em sua bochecha.
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D.KRESTH
RomancePara ele, Kendall Cannes era a própria reencarnação do diabo. Suas íris esverdeadas arrancavam sua lucidez e o atraíam para o obscuro. Mas com um sorriso angelical ela camuflava a maldade e a perversidade em seus lábios. Kendall Cannes era quente c...