v i n t e e s e i s

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Acordei com o sonoro e persistente ecoar do despertador que atravessou meus ouvidos abruptamente e espreguicei-me ainda de olhos fechados, esticando um de meus braços até o objeto para desliga-lo, enquanto, com a mão livre, espalmei o espaço ao me...

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Acordei com o sonoro e persistente ecoar do despertador que atravessou meus ouvidos abruptamente e espreguicei-me ainda de olhos fechados, esticando um de meus braços até o objeto para desliga-lo, enquanto, com a mão livre, espalmei o espaço ao meu lado, abrindo os olhos no mesmo instante em que notei a falta do corpo caloroso de Nolan sobre o lençol.

Procurei por sua silhueta, percorrendo cada cômodo do quarto em expectativa, mas encontrei apenas um bilhete escrito á mão encima de minha cabeceira, com a sua caligrafia. Então, sem hesitar, girei meu corpo para o lado e alcancei o papel, apressando a leitura de meus olhos pelas palavras.

"Na mesma pedra se encontram, conforme o povo traduz. Quando se nasce uma estrela, quando se morre uma cruz. Mas quantos que aqui repousam, hão de emendar-nos assim:
'Ponham-me a cruz no princípio... E a luz da estrela no fim.' — Mário Quintana."

Eu reli a frase escrita com precisão e somente segundos depois, em um misto de angústia e confusão, recordei-me da lápide de Ryan, sentindo-me instantaneamente aliviada por ter identificado a sua mensagem.

Desde que seu irmão morrera, Nolan visitara sua lápide no Trinity Church Cemetery & Mausoleum durante as manhãs de natal e em seus aniversários, em razão de que essas eram as duas datas preferidas de Ryan em vida, e, possivelmente, ele gostaria que recordassem disso mesmo em sua ausência.

Rapidamente, pus-me de pé e apressei-me para ir de encontro a ele, sem me preocupar com o ronronar de meu estômago ou com o fato de ter vestido apenas um sobretudo por cima da camisola rendada que cobria muito pouco.

(...)

Encontrei Nolan ajoelhado sobre a relva congelada com o rosto enterrado entre as mãos trêmulas e os dedos esbranquiçados, quase tão sem cores quanto o olhar vazio que ele trouxe até os meus no momento em que o som dos galhos lascando-se embaixo de meus pés invocaram involuntariamente a sua atenção.

— Você veio — ele comentou, observando-me com ternura por entre os olhos marejadas.

Meus lábios entornaram-se levemente em um sorriso contido e eu aproximei-me dele, ajoelhando-me ao seu lado sem me importar com o atrito da grama gélida e úmida contra a pele aquecida de meus joelhos.

D.KRESTHWhere stories live. Discover now