v i n t e e q u a t r o

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"Querido Gavin, eu gostaria de lhe dizer que não me recordo do exato momento em que eu abri a porta de minha casa e me deparei com o primeiro buquê de flores deixado cuidadosamente por você ao lado do batente, mas eu me lembro como se fosse hoje e...

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"Querido Gavin,
eu gostaria de lhe dizer que não me recordo do exato momento em que eu abri a porta de minha casa e me deparei com o primeiro buquê de flores deixado cuidadosamente por você ao lado do batente, mas eu me lembro como se fosse hoje e o revivi incontáveis vezes.

Mesmo que eu não quisesse.

Eu nunca consegui impedir que minha mente vagasse por todas as memórias em que você me sorrirá flores.

Mas, com todo o meu coração, se eu pudesse retornar ao passado, não teria ido contra o meu sexto sentido que costumara nunca falhar se isso significasse nunca ter te conhecido.

Porque, Gavin, você me conquistou com flores e me cortou com as próprias pétalas.

E agora todas elas perderam as cores.

E eu também.

Agora, sou cinza.

O tom feio de algo belo.

E meus milhares de pedacinhos, quebrados por você, transformaram-se em pétalas.

Pétalas que cortam.

Ass, Juliet.

Escuto três batidas quase inaudíveis na porta de meu apartamento e inclino o livro em minhas mãos para frente, apoiando-o em minha barriga. Eu franzo o cenho levemente e espero até que, segundos depois, quando cogito ser apenas uma ilusão de minha mente por conta dos analgésicos que havia tomado para dor muscular e congestionamento nasal, o som se repente com um pouco mais de intensidade, obrigando-me a endireitar o meu corpo que estava estirado no sofá. Então eu espalmo a caneta mais próxima para encaixa-lá entre as páginas do livro e o fecho, colocando-o sobre a mesa antes de arrastar-me até a porta.

Ao aproximar-me do batente, eu passo as mãos pela camisola amassada, limpo o nariz com as costas da mão e ajeito o cabelo desgrenhado antes girar a maçaneta da porta que se abre facilmente pelo fato de já estar destrancada e, no momento em que eu reconheço os olhos azuis em minha frente, o meu coração para.

E o mundo, também.

— Kendall Cannes — o meu nome sai de seus lábios demoradamente, como se ele o quisesse mantê-lo em sua boca, e eu me contorço ao escutar a sua voz.

Meu peito sobe e desce aceleradamente e a sensação angustiante em meu estômago se espalha por cada célula de meu corpo quando observo as inúmeras rosas amarelas que compõem o buquê de flores em suas mãos.

Elas poderiam ser as minhas favoritas, o pensamento passa por minha mente.

Mas eu odeio flores.

Eu permaneço em silêncio e depois de um momento as palavras travadas em meus lábios simplesmente saem, com um misto de ironia e incredibilidade: — Flores? Sério?

— Esse é o charme dos romances — Nolan diz, com o sorriso perverso de sempre entornando os seus lábios e, sem hesitar, ele dá um passo à frente e eu mantenho-me paralisada.

Então, outro passo.

E mais um.

Até que a sua aproximação faz todo o meu corpo implorar subitamente pelo seu toque e o meu peito queima, fazendo-me finalmente entender a minha fascinação pelo fogo.

— Por que você voltou? — questiono, quebrando o silêncio que se estabeleceu entre nós quando eu encarei minhas próprias mãos por um instante.

E são exatos dez segundos em silêncio a mais até que Nolan diz, erguendo o seu olhar até o meu: — Porque eu preciso de você.

Eu fecho os olhos por um momento e, quando finalmente separo minhas pálpebras, ele ainda está me analisando com intensidade. E, então, Nolan solta o buquê de flores no chão e encosta seus lábios nos meus, fazendo-me prender a respiração quando sinto o calor de sua língua deslizar pela abertura involuntária que permite a sua passagem para dentro de minha boca.

Seu beijo é necessitado, quase sufocante, e eu o seguro o seu rosto, precisando com urgência do ar que sai dos seus lábios e adentra os meus.

Nolan desce desesperadamente suas mãos pelo meu corpo, erguendo-me para que eu enlace a sua cintura com as minhas pernas, e eu afasto a minha boca da sua, encostando o meu nariz no seu em busca de forças para empurrar a porta atrás de mim, o que torna a ser impossível quando seus lábios descem por minha clavícula e param em meu pescoço, depositando beijos ardentes e demorados.

Eu prendo o lábio inferior entre os dentes e esforço-me para conter o gemido que sobe por minha garganta tão rápido quanto o calor que sobe pelo meu corpo diante de seu toque.

Então ele desvia os nossos corpos da entrada e empurra minhas costas contra a parede do corredor, fazendo-me cravar as unhas na pele macia de seus ombros enquanto sua língua se enterra em minha boca com ainda mais força.

Eu arqueio o meu corpo para frente, tentando abafar os gemidos em seu pescoço quando as pontas de seus dedos gélidos erguem o tecido de seda da camisola até o meu umbigo e deslizam para dentro de minha lingerie, pressionando o ponto latejante entre minhas pernas, que súplica pelo seu toque.

Ele então começa a esfregar-me com lentidão e eu repuxo os fios de seus cabelos castanhos com força quando a pressão de seus dedos torna-se cada vez mais intensa. Mas, de repente, minhas mãos são afastadas bruscamente e ele as ergue, encostando-as na parede á cima de minha cabeça com firmeza.

Em seguida, seus dedos roçam a minha entrada e eu sinto-me entorpecida quando ele os afunda em mim.

Céus, penso.

E, segundos depois, sinto-me no inferno.

Nolan segura a minha cintura com uma das mãos enquanto eu movo o meu quadril em sua direção e todos os músculos de meu corpo tensionam quando seus dedos sobem e beliscam o meu clitóris, obrigando-me a morder o canto da boca para não emitir os sons que por pouco não escapam de meus lábios.

Então eu o vejo sorrir, mas não consigo manter os meus olhos abertos por mais tempo quando sua voz rouca alcança os meus ouvidos e ele diz, não como uma ordem, mas como súplica: — Goze.

D.KRESTHWhere stories live. Discover now