Um pouco de calmaria

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Organizo as coisas no meu quarto enquanto Josh se acomoda no quarto de hóspedes e depois sigo até a cozinha para ver o que temos na despensa. Reviro os olhos ao notar que será preciso fazer compras. Parece que o caseiro não preparou absolutamente tudo, afinal. Saio pela casa procurando Josh e o encontro na sala, observando a decoração. Ele ainda está vestindo sua habitual jaqueta de couro e uma calça jeans preta. Isso me causa certa inquietação, já que estamos em um lugar super quente.

– Sério? – pergunto ao me aproximar. Ele me olha. – Você vai continuar vestido assim numa casa de praia?

– Não estou aqui para me divertir, Any. – ele dá risada. – É um dia de trabalho como outro qualquer.

– Ok! – me aproximo ainda mais dele. – Então como sua... patroa – faço uma careta. Josh me observa com curiosidade. – estou te dando dois dias de folga.

– Any...

– Oi? – levo minhas mãos até a gola da jaqueta. É a primeira vez que nos aproximamos tanto desde a noite que passamos juntos. Os olhos azuis me encaram como se estivessem ansiosos para saber o que estou prestes a fazer.

– Não posso baixar a guarda. Estou aqui para protegê-la. – a voz do homem a minha frente soa levemente rouca, o que provoca algo dentro de mim.

– Não há mais ninguém num raio de 5 quilômetros. Essa é uma área particular, assim como essa parte da praia. – digo com a voz baixa e deslizo a jaqueta por seus braços. Ele não me impede. – Isso quer dizer que, a menos que um monstro marinho apareça tentando me levar para as profundezas do oceano, você não tem do que me proteger aqui. Por favor, apenas relaxe! Você também merece um descanso.

Ficamos nos encarando. Os únicos sons no ambiente são causados pelas ondas do mar e por nossa respiração pesada. Não consigo evitar que meu olhar caia sobre os lábios de Josh, o que leva minha língua a umedecer os meus. O loiro se afasta e só então percebo que ele também encarava minha boca segundos atrás. Acabo soltando uma risada nervosa. É... aparentemente, seriam dois longos dias!

– Posso tentar relaxar, mas não totalmente, ok? – ele diz, se recompondo. – Mesmo que você me libere, ainda preciso ficar de olho. Assinei um contrato e não posso vacilar.

– Relaxar parcialmente me parece um bom começo. – sorrio pra ele. – Então vá se trocar. Não sei que tipo de roupas você trouxe, mas caso precise, sempre encontrará bermudas e camisetas disponíveis nos quartos de hóspede. – Josh estreita os olhos em minha direção. – O que foi? Costumo ser uma boa anfitriã! – dou de ombros. – Se arrume logo. Precisamos sair pra comprar comida. A despensa está vazia.

Para evitar ser reconhecida no supermercado, saio de casa usando chapéu e óculos escuros. Josh havia se dado por vencido e vestido uma bermuda jeans e blusa branca, roupas muito mais leves do que as que ele usa normalmente. Não demoramos durante as compras. Levamos apenas o necessário. Logo estamos de volta. Depois de me ajudar a guardar as coisas, Josh se senta na bancada. Ele observa enquanto separo os ingredientes para preparar nosso almoço.

– Você gosta mesmo de vinho. – ouço o comentário depois de algum tempo. Talvez ele tenha notado pelo fato de eu ter pegado três garrafas no supermercado.

– Sim, eu gosto. Acho que é minha bebida alcoólica favorita. Você não gosta? – desvio a atenção dos tomates que estou cortando para olhar pra ele.

– Adoro, mas ainda prefiro a boa e velha cerveja. – Josh me dá um meio sorriso.

– Isso explica o fardo que você comprou. – digo e ele ri.

– Precisa de ajuda? – Josh pergunta ao saltar do banco, já se aproximando da bancada paralela onde estou. – Modéstia a parte, acho que posso me considerar um bom cozinheiro.

– É mesmo? – o encaro com uma das sobrancelhas erguida. Ele balança a cabeça. – Bom, sendo assim, se importa de temperar e fritar os bifes? Não gosto muito de lidar com frigideiras.

– Você tem medo de fritar coisas? – ele pergunta debochado e solta uma risada divertida. – Eu não acredito!

– Por que o julgamento? Todos têm seus problemas culinários. – solto com falsa irritação. – E a propósito, não tenho medo de fritar batatas. Pelo menos com elas, a gordura não ataca a gente.

– Sei... – o loiro lava as mãos e coloca as carnes em um recipiente de vidro, depois de separar os temperos. – Mas eu te entendo. É sério! Eu também tinha medo quando era mais novo. Fui perdendo isso depois que passei a morar sozinho.

– Ah, então você mora sozinho? – não sei o motivo, mas é bom saber disso. – Engraçado, porque eu também moro, mas ainda não superei.

– Mas é claro, você está sempre almoçando e jantando fora. Somente a prática leva a perfeição. Você precisa cozinhar mais.

– Ou posso te contratar como meu cozinheiro particular, especialmente para frituras. – digo e Josh ri alto. – Não seria tão ruim, vai! Passamos a maior parte do dia juntos mesmo. – dou de ombros.

– É... Não seria tão ruim.

Terminamos de preparar a comida, então nos sentamos à mesa para almoçar juntos. Fico impressionada ao notar como estou me sentindo feliz e relaxada, como se de repente todos os problemas não existissem mais. É bom finalmente ter um pouco de calmaria. Esse é o efeito que Malibu tem sobre mim, mas não posso negar que Josh também tem sua parcela de culpa.

Your Love Saved Me • BeauanyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora