Minha queda

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Sempre odiei viagens longas. Fala sério! Ninguém merece ter que passar quase 13 horas dentro de um avião. Infelizmente, esse era o tempo de vôo estimado entre LA e São Paulo, sem contar as escalas e tudo mais. Pelo menos Josh e eu viajariamos de primeira classe e teríamos acesso ao mínimo de conforto. Quando nosso vôo decola, pouco depois das 22 horas, coloco um dos meus fones de ouvido. Percebendo que Josh está meio perdido, ofereço o outro a ele, que aceita prontamente.

- Obrigado.

- De nada. Também já fiz isso.

- Isso? - ele pergunta, parecendo confuso.

- Esquecer que o vôo terá uma duração absurda e guardar os fones de ouvido na mala. - digo sorrindo.

- Saber disso é reconfortante. Eu estava começando a pensar que era o único idiota a dar uma mancada dessas.

- Ei, idiota é você! Eu sou perfeita! - brinco e ele dá risada.

Não demora muito até que as pessoas a nossa volta comecem a pegar no sono. Também pudera, estamos voando no meio da noite, sem absolutamente nada para fazer. O engraçado é que mesmo com todo o silêncio a nossa volta, Josh parece imune ao sono, o que me leva a lutar contra o meu apenas pela vontade de ficar lhe fazendo companhia.

- Any, posso fazer uma pergunta? - ele pergunta depois de séculos sem dizer uma palavra.

- Claro. - me endireito na poltrona para encarar seu rosto. - O que quer saber?

- Essa ideia de me levar com você para o Brasil... Ela surgiu só por que você vai mesmo precisar de um guarda costas por lá ou existe algum outro motivo? Isso tem me feito pensar muito durante a semana, então por favor, seja sincera!

- Algum outro motivo? Por exemplo?

- Hm... Não sei, algo como você não querer ficar sem ver a porra dos meus olhos azuis todos os dias? - Josh faz uma careta divertida, recuperando a frase que soltei sem querer durante a festa de lançamento.

- Uau! - sinto minhas bochechas esquentarem. - Caramba, você tinha mesmo que me lembrar disso?

- Desculpa, não quis te deixar constrangida. Eu só queria saber. Pelas minhas contas, contratar outro cara no seu país seria muito mais econômico.

- Sim, seria mais econômico. - faço uma pausa enquanto tento escolher as palavras mais adequadas em minha mente. - Mas não sei se esse cara seria tão bom quanto você, Josh. Como a Yonta mesmo disse, você é o melhor e eu preciso admitir isso.

- Entendo. - ele desvia o olhar, parecendo pensar, mas em seguida volta a encarar meu rosto. - Então é tudo puramente profissional?

E de repente fico sem saber o que dizer. Me pergunto onde ele pretende chegar com essas perguntas e fico confusa com as possibilidades oferecidas pelo meu cérebro.

- Bom... não. Não posso negar que gosto da sua companhia. Talvez isso tenha influenciado um pouco. - dou de ombros.

- Eu também gosto da sua companhia. - ele diz e leva uma de suas mãos até a minha, deixando-me sem reação. - Me sinto bem em estar ao seu lado.

- Josh...

- Sim? - sua atenção volta ao meu rosto.

- O que você está fazendo? - sinto minha respiração ficar pesada. Sua aproximação, tão repentina, me deixa nervosa.

- Não sei, eu só... - ele solta minha mão e suspira. - Desculpa. Tenho tentado me controlar o máximo possível, mas parece que estou falhando. Com licença!

Ele se coloca de pé e sai andando em direção ao banheiro. Encaro minha mão que, por algum motivo, está formigando devido ao contato recente e depois o corredor por onde Josh seguiu. Repito seu gesto sem nem pensar duas vezes. Nossa conversa ainda não acabou. Faço o mesmo percurso e encontro o loiro andando de um lado pro outro próximo ao banheiro, que estava vazio.

- Josh, o que foi aquilo? - cruzo os braços, o olhando a certa distância.

- Nada demais. Apenas eu sendo imprudente. - ele tenta parecer calmo, mas percebo que está agitado demais para conseguir. - Me desculpe, está bem? - o loiro tenta passar por mim para retornar ao seu lugar, mas o seguro pelo braço.

- Será que você pode parar de fugir e conversar comigo?

- Eu não estou fugindo.

- Está sim! - meu tom de voz sobe um pouco, assustando até a mim mesma.

Olho para os lados apenas para me certificar de que ninguém está nos observando e então, empurro Josh para dentro do banheiro. O pequeno cubículo faz com que nós fiquemos muito próximos.

- Dessa vez sou eu quem pergunto. O que você está fazendo? - ele me encara surpreso quando tranco a porta.

- Tentando impedir que você pague de doido pra cima de mim. Agora me diga o que está acontecendo! - ordeno.

- Certo. Parece que não tenho outra saída a não ser te dizer a verdade. - ele volta a dizer depois de um tempo. - Você é linda, Any! Na verdade, linda é pouco. Você é um verdadeiro mulherão da porra! Por esse motivo, eu não pensei duas vezes antes de aceitar ir pra sua casa, aquele dia da boate. Quando eu soube que iria trabalhar pra você, soube também que estaria ferrado. Sempre fui extremamente profissional durante a execução dos meus trabalhos por razões óbvias, mas você... - Josh ergue a mão para acariciar meu rosto. Fecho os olhos ao sentir seu toque. - você faz com que eu perca a cabeça.

- Josh...

- Shhh... me deixe continuar antes que eu perca a coragem. - me arrepio ao ouvir sua voz levemente rouca. - O que nós fizemos em Malibu foi literalmente a minha queda. Foi quando percebi que estava fodido de verdade. Mesmo sabendo que já era tarde, eu me afastei. Jurei a mim mesmo que não tocaria em você outra vez e é o que venho tentando fazer desde então, mas tem sido difícil pra caralho. Principalmente depois que descobri que você é tão maravilhosa por dentro, quanto por fora. Puta merda, você é perfeita! - ele encosta sua testa na minha. A aproximação parece deixar o meu corpo em chamas. - É torturante ficar ao seu lado o tempo todo e não poder te tocar, não poder sentir a sua boca na minha, não poder te fazer gemer daquele jeito que eu gosto tanto... Você me deixa maluco, Any!

- Josh, você... - começo a dizer, mas ele me cala com um beijo.

Your Love Saved Me • BeauanyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora