Capítulo 2

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Ja que você sabe um pouco mais sobre o mundo em que eu vivo, agora eu vou contar a minha história para você saber quem eu sou de verdade.
Você vai conhecer quem eu sou de verdade. O "eu" sem aquela máscara que eu uso para enganar toda a sociedade.
A minha história começou assim: eu fui abandonado na porta de uma porra de um orfanato assim que eu nasci. Na verdade, eu nem me lembro do orfanato, porque antes de completar dois anos de idade, eu fui adotado por Harry e Suzane Guiterrez.
Nessa parte da história, eu deveria dizer que sou grato a eles por terem me adotado e me criado como um filho, certo?
Errado.
Pode-se dizer que meus pais adotivos nunca foram pais exemplares. Aqueles dois desgraçados nunca gostaram de mim. Pelo contrário, pareciam me odiar. E, depois de um tempo, a recíproca se tornou verdadeira.
Ainda criança, eu os odiava com todas as minhas forças. Acho que esse foi o primeiro sentimento que eu tive por alguém. Viver naquela casa com aqueles dois era o inferno. Eu não entendia o porquê eles me adotaram. Claramente eles não gostavam de crianças.
Bem, na verdade, o filho da puta do Harry gostava demais de menininhas, se você me entende.
No dia em que estava completando 13 anos, eu saí escondido para o Central Park. Estranho que o verde da grama sempre me acalmava. Eu me sentei em um banco e fiquei por horas olhando para um pato que nadava no lago que estava a minha frente.
Eu estava pensando em fugir de casa. A rua não poderia ser pior que a vida que eu levava com Harry e Suzane. Na verdade, o inferno deveria ser melhor que morar com eles.
Sem que eu percebesse, um casal se aproximou de mim. Eles pareciam ser muito ricos. Usavam roupas caras e bonitas. O homem usava um terno preto, uma camisa social branca e uma gravata listrada de prata e preta. A mulher usava um vestido verde muito bonito. Eles pararam na minha frente e ficaram me olhando de um jeito que me incomodou profundamente.
Eu olhei para eles desconfiado, mas os ignorei. Na verdade, eu queria que eles saíssem de perto de mim, pois eu detestava quando as pessoas ficavam me encarando.

- William? – a mulher me perguntou.
Eu a olhei confuso. Como ela sabia a porra do meu nome?
-Quem quer saber? – eu devolvi a pergunta.
Eu estava muito desconfiado deles. Será que eles me conheciam? Eles não pareciam ser pessoas más, mas nunca se sabe. Harry e Suzane também não pareciam ser maus.
-Meu nome é Victoria e esse é meu marido Anthony Lombardo. – a mulher falou sorrindo. O cara tinha o meu nome. Isso sim era esquisito. Ninguém mais se chamava Anthony, William Anthony.
-Podemos nos sentar com você, querido? – ela perguntou.
-Não. – eu respondi rispidamente.
Eles se entreolharam assustados com a minha rispidez. Afinal, para eles, eu era apenas uma criança de 13 anos.
-Meu bem, não sei como fazer isso da forma correta. – Victoria disse carinhosamente – Mas você foi adotado por Harry e Suzane, certo?
Eu congelei e eles perceberam a minha reação.
-Como... como vocês sabem disso? – eu gaguejei.
Eles se entreolharam mais uma vez. Só que dessa vez, eles pareciam estar em dúvida ou com medo de algo.
-Como vocês sabem disso? – eu insisti com a voz mais firme.
-Nos dê uma chance de explicar o que está acontecendo. – a mulher pediu.
Fala logo! – eu disse curioso para saber o que eles queriam comigo.
Um silêncio mortal se formou. Os dois se olhavam com dúvida e apreensão.
-Bem, acontece que nós somos seus pais biológicos. – o tal de Anthony disse de uma vez só.
Era a primeira vez que ele falava alguma coisa e ele parecia estar nervoso.
-Vocês são os meus pais? – eu perguntei cético, os olhando da cabeça aos pés – Meus pais de verdade?
Eu percebi que eu me parecia com a mulher. Os cabelos cobres dela eram iguais aos meus. Mas meus olhos eram verdes iguais ao do homem. Eles seriam os meus pais de verdade?
-Somos sim, querido. – Ea disse visivelmente emocionada.
Um turbilhão de sentimentos veio à tona, mas o que sobressaiu foi a raiva.

-Por que vocês me abandonaram? – eu perguntei com raiva me levantando do banco.
Raiva não. Ódio. Era isso que eu sentia por eles. Por que eles me abandonaram? Essa era a pergunta que eu me fazia todos os dias. Teve época de eu imaginar se minha vida não seria diferente se meus pais não tivessem me abandonado e eu não tivesse sido adotado por Harry e Suzane.
-Eu não queria. – Victoria disse chorando – Eu não queria largar o meu bebê.
Ela começou a chorar cada vez mais. Ela deu um passo para frente e abriu os braços, para me abraçar, mas eu dei um passo para trás batendo com a perna no banco. Eu não ia deixa que ela me abraçasse.
Ela chorava e soluçava até que o tal Anthony a abraçou. Eu fiquei parado apenas observando aquela
cena.
-Mas era necessário. Para a segurança dele, se lembra querida? – ele disse tentando acalmá-la.
-Minha segurança? – eu perguntei confuso – Que papo estranho é esse?
-É uma longa história. Vamos almoçar em um restaurante aqui perto e nós te contaremos tudo. – o Anthony sugeriu.
Eu os olhei desconfiado. Eu ia dizer não, mas Victoria me pediu aos prantos para ir com eles. -Então, eu fui. Não por eles, mas pela comida. Eu havia saído cedo de casa e não tinha comido nada até àquela hora.
Anthony e Victoria me levaram para um restaurante caro e chique perto do parque. Um lugar que eu jamais sonhei entrar em toda minha vida.
No almoço, eles me contaram que tiveram que me deixar para minha "própria proteção". Eles me explicaram que eram chefes da máfia. Anthony era o Don, ou seja, o chefão, e Victoria era a 'consegliere' da Organização.
Eu já havia ouvido falar sobre a Cosa Nostra. Muitas vezes, eu escutava Harry reclamar sobre os "filhos da puta da Cosa Nostra", como ele dizia.
Eles me perguntaram como era a minha vida com Harry e Suzane e eu contei como era a minha vida. Eles pareciam estar tristes e revoltados por tudo que Harry e Suzane faziam comigo, mas eu não me importava mais.
Eles me falaram que eu não poderia morar com eles, pois seria perigoso demais para mim. Mas eles prometeram que me ajudariam e estariam sempre por perto.

Military SeductionWhere stories live. Discover now