Capítulo 3

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Depois de dois anos cumprindo missões de menor importância, Don Anthony me chamou para termos uma conversa pessoalmente. O que era estranho, porque ele e Victoria nunca se encontravam comigo, sob o argumento idiota de que poderia ser perigoso demais para mim.
Eu achava a preocupação deles excessiva e desnecessária, uma verdadeira idiotice, mas eles eram meus chefes e eu sabia que não devia contestá-los.
Eu fui para o Central Park na hora marcada. Já passava da meia noite. Nós ficamos de nos encontrar em um lugar ermo e escuro. Um esconderijo praticamente perfeito para criminosos.
Quando cheguei ao lugar que havíamos combinado, vi Don Anthony me esperando. Ele estava de costas e usava um sobretudo preto e um chapéu preto, bem estilo mafioso mesmo. Às vezes eu pensava que ele realmente queria ser o Poderoso Chefão.
Oi. – eu disse para Don.
Ele se virou e me olhou sorrindo.
Ei moleque. – ele falou – Como está?
Ele sempre me chamava de moleque. No inicio eu ficava puto, mas agora, eu nem me importava mais.
Bem. – eu respondi.
E seu namoro com Elizabeth? – ele perguntou.
Está bem. – eu respondi dando os ombros.
Naquela semana, Elizabeth havia descoberto uma traição minha. No inicio, ela tentou fazer um escândalo, mas depois se acalmou.
Você deveria ser mais discreto nas suas escapadas. – ele me aconselhou.
Ela sempre soube que eu não deixei de ter outras mulheres quando começamos a namorar. – eu
respondi e Don Anthony gargalhou.
Apesar de não amar Elizabeth, ela era minha amiga e eu sempre fui sincero com ela. Eu não era um homem de uma mulher só e ela sabia muito bem disso.
Não vamos perder mais tempo. Precisamos de você na Organização. – ele falou ainda sorrindo, mas logo ficou sério – Você é um atirador nato. Sua precisão é impressionante. E eu não posso desperdiçar o seu talento. Tudo bem?
Eu não estou entendendo Don. O que você quer de mim? – eu perguntei sem saber direito o que ele queria.
Digamos que estamos mudando você de departamento. – ele disse sorrindo novamente – Você a partir de agora receberá missões mais complexas e mais importantes.

Então, Don Anthony me explicou detalhadamente como seria minhas novas missões. Ele me explicou como eu deveria realizá-las e outras bobagens.
E assim, me foi designada a minha primeira missão realmente importante: assassinar um senador.
William, seu alvo é Armando Padilla, o senador republicano. Esse desgraçado possui ligações com a Família Cordopatri e está prejudicando os nossos negócios. – Don William me disse.
Só para você saber, a Família Cordopatri é a uma organização mafiosa concorrente a Cosa Nostra. E já viu, né? Se envolver com a organização errada, o destino do imbecil só pode ser um: caixão.
Aqui está tudo o que vai precisar. – Don Anthony falou e me entregou uma mochila.
Eu a abri e vi armas e munição. Sorri. Eu amava armas. Realmente era a minha paixão.
Confio em você, moleque. – ele se despediu sorrindo e se virou para ir embora.
Ainda fiquei alguns minutos no parque, mas logo depois fiquei com sono e decidi ir para a casa.

E eu não quero te forçar a nada, filho. – ele me interrompeu – Mas saiba que se você quiser contar, quando quiser, eu e sua mãe estaremos sempre ao seu lado. E nunca se esqueça que nós jamais julgaríamos você.
Ele me deu um beijo na testa e foi para o quarto sem dizer mais nada. Eu fiquei alguns minutos parados, tentando assimilar tudo que meu pai havia me dito. Era estranho como se ele soubesse que eu estava fazendo algo errado.
Balancei minha cabeça tentando esquecer aquela conversa. Eu jamais poderia contar meu segredo para os meus pais. Era questão de segurança para eles.
Eu suspirei e subi para o meu quarto. Tomei um banho quente e relaxante, coloquei a calça de um moletom velho e me joguei na minha cama. Caí deitado de costas e coloquei o braço em cima da minha cabeça..
Pensei um pouco sobre o senador Armando e no que eu tinha feito. Eu tinha acabado com a vida de uma pessoa e não estava nem um pouco arrependido.
Eu sentia... nada. Simplesmente nada.
Foi nesse dia que eu descobri como a vida é frágil e como as pessoas são capazes de quase tudo. E mais. Eu descobri que eu era capaz de quase tudo.
Passados alguns meses e vários outros assassinatos desde a morte do senador Armando, a mídia começou a noticiar o aparecimento de um assassino da Máfia Cosa Nostra.
Como ninguém sabia quem era o assassino e a única pista eram as balas gravadas, passaram a chamá-lo de "Assassino da Cruz".
Desde a morte do senador Armando, a minha rotina era essa: Eleazar ou Don Anthony me passavam o alvo e algumas informações básicas. Eu o seguia por duas semanas e depois o matava, com um tiro único e certeiro.
Uma onda de pânico havia tomado conta de Nova Iorque, por causa dos assassinatos. Os jornais só falavam sobre esse assunto. A prefeitura estipulou um toque de recolher. As pessoas andavam na rua olhando para os lados, como se a qualquer momento poderiam ser assassinadas.

Military SeductionWhere stories live. Discover now