Capítulo 5

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Chegando à base, vi centenas de homens e mulheres que haviam sido recrutados, assim como eu. Todos pareciam ansiosos, como se estivessem fazendo a coisa mais importante da vida miserável deles. Mas na verdade, eram um bando de otários que não tinham nada mais para fazer.
Agora essa merda ia começar. Eu seria um espião no exército. Eu só não sabia o quanto a minha vida ia mudar. Tudo por causa de uma porra de uma promoção.
Fiquei encostado em uma parede, esperando a palhaçada começar. Segundos depois, um homem moreno e alto e cara de neném se aproximou de mim.
Meu nome é Poncho Herrera e o seu? – ele disse alegremente estendendo a mão para me cumprimentar.
William Levy. – eu respondi mal humorado, mas apertando a mão dele.
Prazer. – ele disse sorrindo – Sabe, é um sonho meu, estar aqui. Desde criança, eu sempre quis ser do exército. – ele disse com orgulho.
Bom para você. – eu respondi sem qualquer entusiasmo.
Bom mesmo! – ele falou animado e eu olhei para ele.
Será que ele não entendeu meu sarcasmo? Acho que não, porque ele continuou tagarelando:
Eu nem consegui dormir direito ontem. E hoje de manhã, eu mal consegui tomar o meu café direito. E olha que minha mãe fez um café da manhã especial para mim.
E pela primeira vez desde que eu cheguei à base, eu sorri. Pouco, mas sorri. Poncho parecia ser um bom rapaz, apesar de não ter nenhuma noção do mundo real.
Nós dois ficamos conversando até que um soldado ordenou que todos se dirigissem a um galpão. Eu e Poncho fomos andando tranquilamente até o galpão. Nem no caminho Poncho parou de falar por um segundo que fosse. Eu não sabia se ele era sempre assim ou se só estava empolgado com o fato de estar no exército.
O galpão era enorme. Não era mal cuidado, mas também não era enfeitado. As cadeiras tinham sido enfileiradas e à nossa frente havia uma mesa onde estavam sentados com dois homens e uma mulher fardados.

Eu reconheci a mulher imediatamente. Era a Capitã Perroni. Aquela que eu deveria ter matado alguns anos atrás. Enquanto os dois militares conversavam, ela estava séria olhando para os recrutas que chegavam ao galpão.
Eu e Poncho nos sentamos no fundo. Os militares ficaram em pé em volta das cadeiras, criando em circulo em volta de todos os recrutas. Uma sineta tocou e todos ficaram em silêncio.
Um homem muito forte de cabelos pretos se levantou e todos os militares que estavam no galpão nos acompanhando bateram continência em sincronia. Ele bateu continência em resposta.
Descansar. – ele disse firmemente.
Os militares afastaram um pouco as pernas e colocaram as mãos para trás. Aquela era a posição de "descansar" deles. Como eu disse antes, uma palhaçada.
sou o Capitão Sebastian Rulli. Esses são o Major Ivan Sanchez e a Tenente Coronel Maite Perroni – ele disse apontando para Maite e o homem ao seu lado.
Então, ela não era mais Capitã? Desde o nosso 'encontro', ela já havia sido promovida? Caralho! A filha da puta deveria ser realmente competente. Não é à toa que Don Anthony havia pedido a sua cabeça.
Eu percebi que ela e o tal Sanchez ficavam olhando atentamente a todos os recrutas, enquanto o Capitão Rulli fazia o discurso.
Hoje nós damos início a mais um recrutamento. – o Capitão Rulli continuou – A nossa missão é lutar e vencer todas guerras que participamos, proporcionando, assim, segurança a todos os cidadãos americanos. Nós honramos o nosso país demonstrando coragem e destemor. A partir de hoje, vocês darão a sua vida se necessário para proteger nosso país e seus cidadãos. Quem não tiver coragem suficiente, pode se retirar agora! – ele ordenou.
Os recrutas olhavam uns para os outros, claramente assustados com o discurso, mas ninguém teve a coragem de sair. Um murmurinho começou entre os recrutas. Rapidamente, a Tenente Coronel Perroni se levantou.

Calados! – ela gritou de forma autoritária dando um murro na mesa.
Imediatamente um silêncio mortal se fez. Ela correu os olhos por todos os recrutas, como se ameaçasse a todos somente através do olhar. Após alguns segundos daquele silêncio incomodo, ela continuou:
Quando uma autoridade estiver falando, vocês, aspirantes de merda, calem a boca! – ela falou com voz de comando – Quem sabe trinta dias de prisão para todos aqui não sirva para vocês aprenderem a se calar perante uma autoridade?
Os dois homens ao lado da Perroni abriram um meio sorriso ao ver como todos os recrutas acataram as palavras dela com medo. Ela se sentou novamente ao lado do Major Sanchez ainda com a feição de raiva e disse alguma coisa entre dentes.
Ele e o Rulli deram uma gargalhada, mas ainda assim todos os recrutas permaneceram calados, com certeza com medo daquela mulher.
This We'll Defend". Esse é o nosso lema. – Rulli continuou. Era nítido que ele estava se divertindo com toda aquela situação – E também será o lema de vocês, a partir de hoje!
Nesse momento, todos os soldados que estavam ao redor das cadeiras gritaram muito alto: - "This We'll Defend"!
Poncho, esperto como sempre, deu um pulo de susto da cadeira. E ele não foi o único. A maioria dos recrutas se assustou. Percebi pelo olhar da Perroni que ela se divertia com a cena, apesar de ela não esboçar nenhuma menção de sorrir.
O treinamento consiste em quatro etapas mais a graduação. Claro, para aqueles que conseguirem concluir todo o treinamento. – Rulli falou debochado – Assim, estamos declarando aberto o 58o Treinamento de Recrutas de Fort Hamilton. Bem vindos, recrutas.
O Capitão Rulli se sentou no meio da Perroni e do Sanchez. Eles sussurram alguma coisa e voltaram a prestar atenção nos recrutas enquanto um soldado qualquer começava a primeira etapa do treinamento.
Confesso que a primeira fase do treinamento foi a mais fácil e chata. Quando eu falei chata, eu quis dizer, chata pra caralho!

Military SeductionWhere stories live. Discover now