Capítulo 26

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Aflição. Medo. Angústia. Nunca eu me senti tão impotente e desesperado.
Por toda a minha vida, eu fingi para todos que me cercavam. Eu era tão filho da puta que nem mesmo os meus pais sabiam quem eu realmente era.
Durante anos, eu menti... enganei... roubei... matei... mas carma é uma merda: eu enganei a todos... mas, no fim, também fui enganado.
A Cosa Nostra havia seqüestrado meus pais. Eu sempre soube que não podia confiar em Don e em Victoria, mas não nunca imaginei que eles seriam os meus inimigos de verdade. Afinal, eles eram meus pais de sangue...
Eles queriam matar as únicas pessoas que eu amo neste mundo. Instintivamente, eu olhei para a linda morena sentada na minha frente. Não... meus pais não eram as únicas pessoas que eu amava...
Eu demorei tempo demais para reconhecer meus verdadeiros sentimentos por ela... e agora era tão claro para mim que nunca foi apenas tesão... era cumplicidade... amizade... admiração... e amor.❤️
Só que podia ser tarde demais para nós dois.
Ela me tratava com frieza... parecia ter um oceano de distância entre nós dois... não importando quão perto estávamos um do outro.
E por mais que eu tentasse, ela não me deixava aproximar.... era difícil estar tão perto e tão longe ao mesmo tempo... pois tudo me atraia a ela.
Essa distância e frieza me machucavam mais do que todos os seus socos e murros... mas eu merecia... eu fui um filho da puta e merecia sofrer.
Os 'boinas verdes' a vigiavam todo segundo... como se quisessem protegê-la de mim... eu queria mandar todos a merda e gritar que eu jamais a machucaria... mas era mentira.
Pois eu já a tinha machucado... e muito.
Mas, no momento, eu tinha que me concentrar em achar os meus pais. Eu sei que a cada minuto que se passava, ficava mais difícil de localizá-los.
Eu estava literalmente lutando contra o tempo para salvá-los. Cada segundo era fundamental para salvar a vida deles.
Eu já não me preocupava com a minha vida... até porque já havia uma fila enorme de quem queria me matar, mas eu tinha que salvar meus pais.
Qualquer que fosse o preço, eu estava disposto a pagar.

Mas naquele momento, eu só tinha uma certeza: eu iria derrubar os filhos da puta da Cosa Nostra um a um. Eu iria matá-los com a porra das minhas próprias mãos e ninguém iria me impedir.
No helicoptero, ao meu lado, estão os 'boinas verdes'. Meus supostos inimigos que agora se uniam a mim para salvar o que eu mais tinha de precioso nessa vida.
Era nítido o empenho de cada um para me ajudar... mesmo depois de eu tê-los traído da maneira mais vil.
Eu jamais esperava que eles fossem me ajudar, principalmente Maite... mas aqui estava ela, à minha frente... tentando posar de forte quando que sabia que estava quebrada por dentro... eu entendia sua dor, afinal, eu mesmo a sentia também.
O meu erro durante todo o tempo foi tão somente um: demorar demais a perceber o que se passava a minha volta. E eu me culpava imensamente por isso.
E eu já havia decidido... depois de tudo, eu me entregaria aos 'boina verdes'. Eu pagaria por todos os meus crimes.
Mas antes eu acabaria com Don e Victpria e qualquer outra pessoa que estivesse no meu caminho. Afinal, mais dois ou três assassinatos não mudariam em nada a minha merecida punição.
Eu disse isso no início e volto a repetir: Vingança é um prato que se come frio. Merda nenhuma! Minha vingança não seria lenta e eu não esperaria o prato esfriar. Minha vingança iria ser quente e mais rápida do que eles estavam esperando.

Instintivamente, eu peguei minha arma e apontei para Maite, que agora estava sentada na cama com uma arma apontada para mim.
Ela levantou o rosto, me encarando com a pose "sou foda" de sempre. Seu olhar era totalmente inexpressivo assim como todo seu rosto.
Maite... – eu falei com cuidado – Eu... eu preciso da sua ajuda. Ela não falou e nem fez nada. E ficamos assim: um apontando a arma para o outro, olhando intensamente um nos olhos do outro.
Ela sequer piscava. Seu único movimento era o subir e descer pesado do seu peito. Ela me encarava como se eu fosse um inimigo... o que, para ela, eu realmente era, especialmente porque eu estava com uma arma apontada para ela.
Sua arma estava apontada diretamente para o meu rosto. Apenas um movimento em falso e eu sabia que ela atiraria sem hesitar.
Maite. – eu a chamei com cautela tentando formular a melhor forma de falar com ela – Eu pre...
Veio terminar o serviço, Levy? – ela me interrompeu, perguntando com desprezo.
Não. Claro que não. – eu neguei com toda convicção do mundo.
Em toda nossa convivência, matá-la nunca me passou pela cabeça. Isso nunca foi uma opção. Nem mesmo quando o desgraçado do Don mandou.
Ela arqueou a sobrancelha duvidando de mim. Com razão. Nem eu acreditaria em mim se estivesse no lugar dela.
Só me escuta... por favor. – eu pedi.
Eu precisava provar a ela que eu não faria nenhum mal, então, eu levantei a mão livre em sinal de rendição e lentamente também levantei a mão que segurava a minha arma, a deixando apontada para o teto.
Ela seguia todos os meus movimentos com a maior atenção... nada passava despercebido pelo olhar dela.
Meu coração estava acelerado e a minha respiração descompassada. Eu sabia que se ela fosse me matar, essa seria a hora.
Mas era um risco que eu tinha que correr... afinal, ela era a única que poderia me ajudar a salvar meus pais.
Ficamos nos encarando por alguns segundos em silêncio. Eu só queria que ela acreditasse que eu não faria nenhum mal a ela.
Percebendo que ela não atiraria em mim, eu fui até o pé da sua cama o mais devagar que eu consegui, ainda com as mãos para cima.

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