Capítulo 33

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Nós temos que sair daqui urgente. – eu falei.
Jura, Levy? – ela falou sarcástica, ligando o carro e fechando a porta do carro – Eu pensei em ficar para tomar um cafezinho com eles.
Eu bufei e ela acelerou, cantando pneu e indo em direção à floresta.
Enquanto tentávamos nos esconder, eu escutei Maite falar pelo rádio para o Ivan se manter escondido entre as árvores por causa da van.
Cosa Nostra podia me fazer um favor e matar Ivan de uma vez por todas. Mas seria bom demais para ser verdade. E pior que acho que nem morto ele ia me dar sossego.
Você consegue ver quantas pessoas estão na van? – Maite me perguntou.
Não, o vidro é escuro. Eu consigo ver apenas o motorista. – eu a respondi.
Eu ainda olhava para trás com o binóculo, vigiando a van da Cosa Nostra, que se aproximava cada vez mais da pista.
Eles estão se aproximando. – eu falei sem tirar os olhos do binóculo – Acelera mais.
Eu estou acelerando caralho. – ela resmungou.
Ela acelerou ainda mais e nós entramos na floresta. Rapidamente, eu perdi a van do meu campo de visão.
Pronto. Já estamos longe da vista deles. – eu falei voltando a me sentar normalmente no banco do passageiro.
Só que a doida não diminuiu a velocidade. As árvores passavam como um borrão e o carro balançava muito por causa do solo irregular.
Nós já estamos seguros. – eu falei.
Eu sei. – ela respondeu, mas continuou dirigindo como uma louca.
Pode parar agora Maite. – eu disse.
Só mais um pouquinho.
Você não consegue passar mais. – eu falei enquanto ela cismava de passar entre as árvores, que ficavam cada vez mais próximas.
Não consigo uma porra... – ela disse e continuou.
No final, ela até que conseguiu mesmo passar por entre as árvores, mas o carro estava todo fodido, sem os retrovisores e todo amassado dos lados.
Ela continuou dirigindo até cairmos em um pequeno barranco. O carro ficou de lado, quase virando. Eu não conseguia abrir a minha porta, pois estava presa por causa de uma árvore.
Você é uma péssima motorista. – eu resmunguei e ela me ignorou.


Olhei para os lados. Nós estávamos no meio floresta e com certeza não seríamos descobertos. E pelo visto não sairíamos dali tão cedo.
Maite saiu do carro e começou a olhar para os lados. Eu tive que ir para o banco do motorista para então consegui sair do carro.
Maite subiu em cima de uma árvore.
O binóculo. – ela pediu.
Eu entreguei a ela. Ela pegou o binóculo e passou a ver o que estava acontecendo na pista.
Os capangas da Cosa Nostra estão vistoriando a área. – ela disse ainda olhando pelo binóculo – Eu contei sete homens. Três estão armados com pistolas e um está armado com uma metralhadora. Os outros quatro estão apenas fazendo uma varredura na área.
Até que Don é precavido. – eu comentei – Ou será que ele está desconfiado de alguma coisa?
Por que ele desconfiaria? – ela perguntou agora olhando para mim.
Pode ser uma armação de Victoria. – eu falei.
Não começa, William. – ela me repreendeu já sem paciência – Eu tenho Victoria sob controle.
Eu não confiaria nela.
Já chega! – ela falou incisiva – Essa conversa acaba por aqui.
Eu revirei os olhos. A conversa nem começou e já estava acabando.
Um trovão escoou pela floresta e alguns pingos de água começaram a cair. Ela desceu da árvore e foi em direção ao carro.
Aonde você vai? – eu perguntei.
Para o carro ou você quer se molhar? – ela perguntou enquanto a chuva começava a se firmar.
Eu revirei os olhos. Que ótimo! Eu estava preso em um carro junto com ela... hoje o dia realmente prometia.
Ela entrou no carro pelo lado do motorista e se sentou no banco do carona. Eu também entrei no carro e me sentei no lado do motorista.
Mais um trovão ecoou e a chuva aumentou consideravelmente.
Eu me acomodei no banco e fechei os olhos tentando ignorar a presença de Maite ao meu lado. Depois de um tempo senti que estava sendo observado. Eu abri os olhos e vi Maite me encarando.
O que foi? – eu perguntei incomodado.
Achei que você iria preferir ficar na chuva. – ela disse.
E por que eu ia preferir ficar na chuva?

 Para continuar fugindo de mim. – ela respondeu dando os ombros, como se fosse óbvio.
Eu não estou fugindo de você. – eu menti desviando meu olhar.
Ela arqueou a sobrancelha como se soubesse que eu mentia. É... ela sabia que eu mentia.
Só me deixa quieto no meu canto. – eu pedi.
E ela atendeu meu pedido... pelo menos por um tempo. Depois de alguns segundos em silêncio, ela ligou o rádio e passou por todas as estações e em seguida desligando-o.
Maite estava estranha... inquieta. Por um momento, eu quase perguntei o que estava acontecendo, mas preferi me calar. Até porque provavelmente ela ia dizer que não era da minha conta mesmo.
Eu ainda tentava organizar meus pensamentos sobre o que Ana tinha me contado ontem à noite. Afinal, por que Maite não me prendeu? O que ela estava esperando? Simplesmente não fazia sentido nenhum.
Então, Maite começou a bater os dedos no painel do carro, fazendo um barulho irritante para caralho, me tirando dos meus pensamentos confusos. Eu até tentei ignorar aquele barulhinho irritante, mas não consegui.
Para com isso porra! – eu explodi.
Ela respirou fundo e parou com o batuque dos infernos. Aquele delicioso silêncio se fez novamente.
Posso te fazer uma pergunta? – ela perguntou.
Eu suspirei de saco cheio. Eu não ia ter paz nunca.
Vai adiantar eu falar que não? – eu devolvi a pergunta.
Não. – ela respondeu.
Então faz logo. – eu disse mal humorado.
Por que você não me matou? – ela perguntou.
O que? Eu a encarei confuso. Ela realmente queria saber isso?
Por que você não me matou? – repetiu.
Sobre qual das vezes que ela queria saber? Era péssimo admitir, mas ela já esteve sob a minha mira mais vezes que eu gostaria.
Há cinco anos... quando você atirou em mim no Central Park. – ela explicou.
Eu me lembrava perfeitamente desse dia. Eu a vigiei por um mês e quando achei a oportunidade perfeita, errei.
Eu fiquei na dúvida se respondia ou não, mas ao fitar seus olhos castanhos, decidi contar a verdade.

Military SeductionWhere stories live. Discover now