Capítulo 39

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Eu seguia os dois oficiais do exército pelo corredor escuro e estreito. O chão de cimento era velho e imundo. O cheiro de mofo era forte e a umidade tornava difícil respirar normalmente.
Ao passar pelas celas pequenas e lotadas, os presos gritavam a plenos pulmões palavrões e ofensas, me impedindo de pensar em tudo que havia acontecido sexta-feira à noite. Minha cabeça latejava e parecia que ia explodir a qualquer momento, meu estômago embrulhava e parecia que a qualquer momento eu ia vomitar.
Meus movimentos eram todos automáticos, como se eu tivesse apertado o botão "play". Eu andava lentamente atrás dos oficias. Pé ante pé, com as mãos no bolso e a cabeça baixa. Se eles paravam, eu parava. Se eles andavam, eu andava. Se eles viravam, eu virava. Sinceramente, desde que entrei no presidio, não tive mais ideia para onde estava indo, apenas sabia que eu entrava cada vez mais para dentro do enorme complexo de prédios que abrigavam os mais perigosos dos Estados Unidos.
Eu sentia Maite atrás de mim. Seu olhar parecia queimar em minhas costas. Eu sabia que ela queria conversar comigo sobre o que tinha acontecido, mas eu estava a evitando. Eu sabia disso e
ela também, não que ela estivesse gostando de ser ignorada, mas era o melhor que eu podia fazer enquanto eu não colocasse minha cabeça no lugar.
Enquanto andávamos pelo corredor, os gritos dos presos ficavam cada vez mais distantes e eu sabia que estávamos nos afastando das celas feitas para os presos comuns.
Os oficias pararam em frente à uma porta e eu também parei. Ela foi rapidamente aberta e nós continuamos em um corredor ainda mais estreito, mais escuro e mais fétido.
Agora somente o barulho dos coturnos sob o chão frio ecoava pelo corredor. Os oficiais pararam em frente a uma porta no final do corredor, me fazendo parar também mais uma vez.
Eu levantei a cabeça e vi os dois oficiais olhando para Maite, esperando uma ordem dela.


Eu respirei fundo e a encarei também, afinal, eu não podia fugir para sempre. Ela já estava olhando para mim. Meus olhos automaticamente se conectaram aos delas. Ela me encarava sem sequer piscar. Seus olhos castanhos sempre misteriosos hoje estavam apreensivos.
Eu assumo daqui, senhores. – ela dispensou os dois oficiais sem tirar os olhos de mim.
Eles assentiram e um deles entregou a chave da cela para Maite. Ela apenas pegou a chave ainda me encarando e os dispensou novamente com um gesto impaciente com a mão.
Os dois prestaram continência e saíram pelo corredor.
Eu e Maite ficamos parados em frente a porta da cela, apenas olhando um para o outro... até que eu baixei meu olhar para o chão.
Não. Não faça isso. – ela disse em uma ordem. Sua voz era firme, quase com raiva – Não desvie o seu olhar do meu.
Eu levantei novamente a cabeça e a olhei.
Eu fiz o que achei que fosse certo. – ela disse.
Eu fiquei em silêncio, sem saber o que dizer. Ela me deu um olhar magoado pelo meu silêncio, que logo foi substituído pela sua arrogância natural.
Eu sou a porra da General do exército. Sou a líder da equipe alfa das Forças Especiais. – ela falou aumentando seu tom de voz. – Eu fiz o que eu achava que era certo.
Eu resmunguei algo que nem eu mesmo entendi. Eu não queria ter essa conversa com ela. Não aqui. Não agora.
Merda William! – ela esbravejou, fechando as mãos em punho – Isso não é hora para ter crise de consciência, caralho.
Ela respirou fundo e fechou os olhos, nitidamente tentando se acalmar. Ela então abriu os olhos e me olhou, dizendo:
Eu protejo os meus. Você melhor do que ninguém deveria saber disso.
Mais uma vez eu não a respondi. O silêncio incômodo durou apenas alguns segundos, porque rapidamente ela passou por mim, esbarrando rudemente em meu ombro e colocou a chave na fechadura. Ela me olhou uma última vez e abriu a porta.
Eu estarei por aqui, se você precisar. – ela me avisou.
Não. – eu neguei rapidamente. – Eu preciso fazer isso sozinho.
Ela assentiu sem dizer nada, mas eu conseguia ver que ela estava puta comigo. Ela destrancou a porta e a abriu.


Você tem cinco minutos, William. Nem um segundo a mais. – Maite disse rispidamente.
Eu assenti e dei dois passos, entrando na cela. Imediatamente senti a porta sendo trancada atrás de mim. Corri o olhar pela cela. Era escura e suja. A cama de alvenaria estava arrumada com um lençol que há muito tempo atrás deveria ter sido branco.
Eu respirei fundo e o cheiro forte de mofo me atingiu. Esse lugar era péssimo. Um verdadeiro inferno. Aposto que todos achavam que era digno no terrível Assassino da Cruz.
O que você está fazendo aqui? – a voz surpresa de Victoria ecoou pela cela.
Vim ver com meus próprios olhos o grande Assassino da Cruz preso. – falei sarcasticamente.😱😱😱😱😱
Victoria abaixou o livro que estava lendo sentada na cama e se levantou, vindo em minha direção. Fechei os olhos por alguns instantes. Eu ainda tinha as imagens de ontem à noite na minha mente.

Flashback On (Sexta-feira)
Sentem-se. – o General Uley ordenou e todos fizeram – A General Perroni me chamou para dar uma informação. Eu quero saber o que é de tão importante para me fazer viajar até Nova Iorque.
Maite se levantou com toda aquela pose de general e correu os olhos por todos os presentes, parando alguns segundos em mim. Ela deixou Ivan para o final. Ela o encarou e ele assentiu disfarçadamente.
General, eu gostaria de informar-lhes que descobrimos quem é o Assassino da Cruz. – Maite afirmou.
Eu fiquei tenso. Apenas aguardando a hora de me entregar e acabar com isso de uma vez por todas.
Vocês o que? – o General perguntou surpreso.
Nós descobrimos a identidade do Assassino da Cruz. – ela repetiu. – E quem é o desgraçado? – o General perguntou.
Maite fechou os olhos e soltando um suspiro cansado e olhou para mim. Ivan se levantou e saiu da sala.
Em alguns segundos mais tarde, ele retornou trazendo Victoria. Ela estava algemada com os braços para trás e mantinha a cabeça baixa. Ela usava um uniforme prisional vermelho. Ela estava pálida e com os olhos fundos.
Victoria Lombardi 😱. – Maite disse.

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