Capítulo 9

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No outro dia, fomos acordados por uma buzina irritante e alta. Muito alta. Muito alta mesmo.
Imediatamente, eu me sentei na cama ainda meio perdido por ter acordado tão de repente e puto por causa da merda daquela buzina.
Eu abri os olhos, tentando me adaptar à luz que alguém tinha acendido. Demorou alguns segundos até eu entender onde eu estava: na merda de um treinamento das Forças Especiais.
Essa missão estava cada vez mais instigante. Depois de ontem, eu percebi como seria difícil terminar o treinamento. Mas eu sabia que conseguiria... e depois de um tempo, eu copiaria a merda do disco rígido do computador central das Forças Especiais, entregaria para Don e missão terminada.
Falando assim parecia fácil, mas eu sabia que não seria. Por isso, era tão excitante para mim. Eu me amarrava nessa porra toda de máfia e missões. Eu não estava nessa por causa de dinheiro... até porque meus pais tinham grana e, desde que fui adotado, nada nunca me faltou.
Mas nada comparava ao perigo... à adrenalina. Era simplesmente viciante.
A buzina tocou de novo, me assustando. E mais uma vez Poncho caiu da cama. Ele olhava assustado para os lados, procurando a buzina. Dessa vez, foi impossível não rir.
Vai gostar assim de um chão, hein Poncho? – eu falei o zoando.
Ele resmungou alguma coisa para mim e se sentou na cama de uma maneira meio desajeitada.
Eu olhei para a porta, esperando ver a General Perroni e seu olhar frio, mas surpreendentemente, eu não a encontrei.
Na porta, estavam o Coronel Sanchez e a Major Contreras. Os dois usavam a farda preta e a boina verde das Forças Especiais, como sempre.
A Major segurava uma buzina com uma das mãos. O Coronel estava atrás dela, encostado no portal da porta. Diferentemente da Perroni, os dois não escondiam como estavam se divertindo ao nos assustarem daquele modo.
Olhei pela janela e suspirei cansado. Mais uma vez, fomos acordados antes do raiar do sol. Com certeza havíamos dormido apenas algumas horas. Acho que isso seria de praxe nessa merda de treinamento.

Estejam prontos em cinco minutos se os senhores quiserem tomar o café da manhã dessa vez, novatos. – a Major Contreras falou.
Os dois se viraram e saíram da cabana. Eu e Poncho nos olhamos por alguns segundos e depois saímos correndo em direção ao banheiro comunitário.
Lá, encontramos Christopher, Eric e Royce. Eles também estavam correndo para não perder a hora. É... pelo jeito ninguém queria ficar sem café da manhã de novo. E com razão.
Do meu lado, eu vi que Christopher estava cuspindo sangue na pia.
O que aconteceu? – eu perguntei para Royce, que estava do meu outro lado.
Ele não acordou com a buzina. – ele me contou – Então, a General o acordou à la Perroni. Eu já imaginava como deveria ser esse jeito de acordar alguém da Perroni.
Caralho! – eu falei – O que ela fez?
Bem, ele estava deitado, então, ela o levantou pela gola do pijama e o jogou do outro lado da cabana. Ele bateu na parede e caiu no chão. Ela mandou que ele levantasse e assim que ele levantou, ela deu um soco na boca dele.
Que bela forma de ser acordado... mas eu não esperava nada menos da General Perroni. Aquela mulher era maluca. Só podia ser.
Eu tratei de escovar meus dentes, porque não tinha tempo a perder.
Com toda a correria, nós cinco entramos praticamente juntos no refeitório. E para variar, todos os 'boinas verdes' já esperavam por nós, sentados em uma mesa.
Imediatamente, a General Perroni olhou para seu relógio. Ela não fez nenhuma feição, mas ela provavelmente estava puta por nós não termos chegamos atrasados, porque assim, ela não podia sacanear a gente.
Foi então, eu percebi que tinha algo diferente no refeitório. Algo muito diferente, na verdade. Em uma parede, tinha a foto bem grande de cada novato, com o nome e sobrenome em cima da cada foto.
A foto do Tyler estava pichada e tinha a palavra "fraco" escrita com uma tinta vermelha. Ele havia desistido do treinamento. Afinal, depois de quebrar o braço em dois lugares, com certeza ele não voltaria nem a pau para esse inferno.
Em cima da foto de Tyler estava escrito em letras garrafais: "Novatos 0 X 1 Boinas Verdes".

Todos nós ficamos olhando as fotos por alguns segundos. Pelo jeito, eles, os 'boinas verdes', realmente não nos queriam por lá. Mais óbvio que isso, impossível.
Gostaram da nossa nova decoração, novatos? – o Tenente Arenas perguntou se levantando. Os novatos se entreolharam em dúvida, mas ninguém respondeu.
Eu perguntei se os senhores gostaram? – ele repetiu a pergunta puto pelo nosso silêncio.
Fala sério! O cara não tinha a menor moral com a gente. Era visível como ele queria ser temido como a General Perroni era... o problema era que ele não conseguia nem chegar perto. Ele era muito forçado. Dava para perceber. Não metia medo nem em uma barata.
Já a Perroni... caralho... a maldita não precisava sequer abrir a boca para botar moral em um batalhão inteiro. E não era pelo físico, porque ela não era alta e muito menos musculosa.
Era por causa da postura dela. A forma de andar. O olhar. Tudo nela dizia que ela era perigosa e deveria ser respeitada, apesar do seu tamanho.
Sim senhor. – nós respondemos ao Arenas sem nenhuma emoção.
Ele sorriu satisfeito. Nossa... como esse imbecil era um idiota!
Eu apostei com meus colegas que até o fim da semana, eu irei fazer pelo menos mais um de vocês desistir. – ele falou olhando para mim, no que deveria ser uma maneira ameaçadora, mas não era – Então, não me decepcionem, novatos. Assumam logo que os senhores não servem para as Forças Especiais e desistam deste treinamento de uma vez por todas.
Se aquele idiota achava que estava me assustando ou coisa do tipo, ele estava terrivelmente enganado. O cara era um babaca e ponto final.
Na verdade, eu nem me importava de ter que cair na porrada com ele mais uma vez. Quem sabe ele apanhava mais um pouco e então parava de encher o meu saco?
E ele estava errado em uma coisa: ele não faria ninguém desistir... ele não tinha moral nenhuma para isso. Já a Perroni...
A General se levantou e ficou ao lado do Arenas.
Agora, sentem-se à mesa, novatos. Vocês terão exatamente dez minutos para tomar o café da manhã. – General Perroni ordenou.

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