Capítulo 4

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Você deve estar se perguntando: o que aconteceu para o "filho" dos chefões da Máfia trabalhar no exército, certo?
Bem, o que aconteceu? Foi uma porra de uma "promoção". Isso que aconteceu.
Deixe-me explicar direito. Era o meu aniversário de 22 anos. Eu havia acabado de me formar em Direito na Universidade de Nova Iorque. Sabe, eu adorava leis e jurisprudência, mas não gostava daquela palhaçada toda de um julgamento.
O dia estava nublado e frio. Eu havia acordado cedo por causa dos pesadelos que me acompanhavam desde criança. Tentando não pensar nos meus pesadelos, eu vesti uma calça jeans e uma camisa preta. Peguei minha jaqueta de couro preta e sem me preocupar em pentear os cabelos, saí de casa.
Passei no Starbucks e comprei um café com leite bem quente para esquentar. As ruas de Nova Iorque estavam vazias por causa da iminente chuva. Depois, fui para o Central Park.
Eu ainda tinha aquela mania de ir ao parque para pensar na vida. Eu sempre ia para o mesmo lugar. Onde Don Anthony e Victoria me encontraram pela primeira vez.
A vista do lago com patos nadando e a verde grama me fazia esquecer de todos os problemas que eu tinha.
Eu me sentei no banco de sempre e fiquei olhando a paisagem. Pensando na minha vida, eu podia dizer que ela até que era boa. Quero dizer, eu não tinha do que reclamar, veja só:
Eu tinha uma puta conta bancária e vários investimentos em paraísos fiscais, porque eu jamais poderia declarar para o Governo a porra do dinheiro que eu recebia das missões. Desde a última vez que eu chequei, ainda não tinha um espaço em branco para descrever atividades ilegais na declaração de renda.
Eu tinha uma noiva gostosa que não se importava de eu ter amantes. Bem, mais ou menos. No inicio, Elizabeth fazia escândalos quando descobria uma traição minha, mas com o tempo, ela passou a não se importar, ou pelo menos a não demonstrar.
Além do mais, a minha cama nunca estava vazia. Não que eu saísse atrás de um rabo de saia, mas as mulheres sempre davam mole e eu achava um pecado negar.
Eu também tinha os meus pais. Alessandro e Beatriz se preocupavam comigo e me amavam muito.

Minha mãe faria um almoço especial de aniversário para mim, como era o nosso costume. Eu não ligava para aniversario, mas minha mãe fazia questão de comemorar.
Eu cheguei à casa dos meus pais e vi a mesa posta. Minha mãe tinha feito meu prato favorito: risoto de camarão.
Ei meu filho. – meu pai me cumprimentou colocando um vinho na mesa. Ele veio em minha direção e me abraçou.
Parabéns! Que todos os seus desejos de realizem. – ele falou enquanto me abraçava.
Obrigado pai. – eu respondi.
William! – minha mãe gritou e correu para me abraçar.
Ela ainda estava usando avental e luvas de cozinha. Eu a abracei, a levantando e a rodei. - Parabéns meu filho!!! – ela disse – Que Deus te ilumine e abençoe sempre.
Obrigado. – eu falei a colocando no chão.
Vamos almoçar? – ela perguntou alegremente.
Eu e meu pai assentimos na mesma hora e nos sentamos à mesa.
Depois do almoço, nós três ficamos conversando por horas. Posso dizer que passei uma tarde agradável ao lado dos meus pais.
Temos um presente para você. – minha mãe falou.
Não precisava. – eu disse.
Até parece que você não conhece sua mãe, William. – meu pai falou rindo.
Minha mãe me deu uma caixa. Eu a abri. Era um cordão com um crucifixo de ouro amarelo com ouro branco. O cordão era fino e o crucifixo era pequeno.
É para te proteger, meu filho. – minha mãe falou emocionada – Eu agradeço a Deus todos os dias por Ele ter te colocado em minha vida.
Eu beijei sua testa e coloquei o cordão e o crucifixo.
Meu pai começou a conversar comigo sobre a Lei do Toque de Recolher, que a prefeitura tinha publicado por causa do Assassino da Cruz. Ele havia lido um artigo e queria minha opinião. Nós conversamos enquanto minha mãe arrumava a cozinha.
Quando percebi, já estava anoitecendo. Então, eu me despedi dos meus pais e fui para a casa andando.
No caminho, parei em uma banca de jornal e vi a notícia: Assassino da Cruz: 02 anos espalhando o medo em Nova Iorque em nome da máfia!

Eu não agüentei e comprei o jornal. Eles listavam todos os assassinatos e seqüestros que eu havia cometido ao longo desses dois anos. Caralho! Eu tinha trabalhado demais!
Na matéria, eles faziam suposições sobre a identidade do Assassino da Cruz. A tese da vez era que o Assassino da Cruz era um homem traído pela esposa e frustrado sexualmente.
Eu tive que rir. Era hilário.
Por alguma loucura, eu lia tudo o que era escrito sobre Assassino da Cruz. Os jornais chamavam vários psicólogos para tentar traçar o perfil do destemido assassino.
Eu cheguei em casa, joguei o jornal fora e liguei o meu computador. Eu falaria com Don Anthony ou Elizabeth sobre meu próximo alvo. Normalmente, eles se comunicavam comigo por videoconferência, através de uma linha segura.
Eu me sentei em frente ao computador no meu quarto e minutos depois, eu recebi o convite para integrar a conversa. A tela se abriu e estavam Don Anthony, Victoria e Elizabeth.
Estranho. Geralmente, quem me passava às missões era Elizabeth ou Don Anthony, mas nunca todos juntos, principalmente Victoria.
Querido! Como está? – Victoria perguntou.
Estou bem Victoria! – eu disse dando um meio sorriso – Mas por que estão todos aí? É uma festa e ninguém me convidou?
Estamos aqui por dois motivos. – Don Anthony falou – Primeiro para te parabenizar pelo seu aniversário.
Obrigado. – eu respondi sorrindo ironicamente. Eu sabia que eles nem deviam lembrar direito que era meu aniversário – E o outro motivo?
Bem, amorzinho, acontece que sua "missão" será mais complicada desta vez. – Elizabeth disse mais séria que de costume.
Eu estranhei, mas os deixei continuar.
William, como você sabe, o exército está cada vez mais próximo de nós, por causa dos ataques terroristas e dos seqüestros. Eles estão atrapalhando os nossos negócios e prendendo nossos homens. Nós não podemos deixar isso acontecer! –Don Anthony disse revoltado.
Sim, eu sei. – eu disse.
O exército estava apertando o cerco contra a Organização. Ainda mais por causa do fiasco que eram as operações para prender o Assassino da Cruz, ou seja, eu.

Military SeductionWhere stories live. Discover now