Capítulo 15

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Moleque... – Don falou sério – nós estamos precisando dos seus serviços com urgência.
Eu preciso conversar com você e com Victoria antes. – eu falei de maneira seca.
Eu iria tirar a limpo essa informação de que Harry era informante da Cosa Nostra. Eu não tinha engolido essa merda dehistória e eu ia descobrir a verdade a qualquer custo.
William, você sabe que é complicado nos encontramos. – Don respondeu hesitante – Você faz parte das Forças Especiais agora e nós temos que tomar cuidado redobrado. Nós não podemos dar mole não, moleque.
Eu bufei sem paciência. Eu nunca gostei desse papo de "te escondemos para te proteger"... agora menos ainda.
Foda-se. – eu esbravejei – Eu quero conversar com vocês. E é urgente.
Eu escutei sua respiração acelerar pelo telefone. Provavelmente ele estava puto com minha falta de respeito... como se eu estivesse preocupado com isso.
Tudo bem. – ele disse impaciente – Amanhã, às seis horas da manhã no Central Park. No lugar de sempre.
Às seis, então. – eu concordei – Aproveite e leve os dados sobre o próximo alvo.
Até amanhã, moleque... – ele despediu.
Ele desligou e eu joguei o celular na parede, o quebrando. Caralho! A Perroni tinha acabado de fuder com as minhas noites... como se já não bastasse tanto segredo e mistério, agora eu descubro que ela sabia mais coisa sobre a minha vida do que eu mesmo.
Apesar de que não era culpa dela... e eu sabia disso. Os culpados eram Don e Victoria... e eu ia me ver com eles. Eu não duvidava que Elizabeth também soubesse... afinal, ela era o braço direito dos dois. E ela era mais filha deles que eu.
Eu tinha tanta coisa na minha cabeça... e o pior é que tudo me levava a Perroni. Aquela maldita mulher! Ela estava colocando a porra do meu mundo de ponta cabeça.
Eu suspirei derrotado. Isso é que dar pensar com a cabeça de baixo.

...
No outro dia, eu acordei cedo. Eu tomei um banho rápido e coloquei uma calça jeans e uma camisa preta. Deixei um recado para Poncho, o avisando que eu tinha saído.
Eu passei no Starbucks para tomar um café com leite e fui me encontrar com Don e Victoria. Nós sempre nos encontrávamos em um dos lugares mais deserto do Central Park... por precaução.
Quando eu cheguei, os dois já estavam lá, me esperando em pé perto de uma pedra enorme.
Por que vocês nunca me contaram que Harry era um informante de vocês, porra? – eu perguntei assim que me aproximei deles.
Eu percebi que Victoria ia me dar um abraço, mas pela minha pergunta e meu tom de voz, ela apenas ficou parada no lugar, com os olhos arregalados. Segundos depois, lágrimas começaram a descer livremente pelo seu rosto.
Como você descobriu? – Don me perguntou também espantado.
Pelo menos, eles não tiveram a cara de pau de negar. Eu dei um sorriso sarcástico.
Ora, Don, eu sou um 'boina verde' agora. – eu falei – Eu sei de muita coisa.
Na verdade, eu não sabia de mais merda nenhuma, mas ele não precisava saber disso. Eu já não confiava neles... e depois do que eu descobri, agora que eu não confiava mesmo.
Nos perdoe, meu filho. – Victoria pediu chorando.
Não me chame de filho! – eu falei friamente – Beatriz e Alessandro são os meus pais. Vocês apenas me conceberam... e mais nada.
Victoria começou a chorar mais ainda. Don me olhou com raiva, mas eu não me importei. Aquelas lágrimas não me comoviam nem um pouco.
Não há necessidade de falar assim com a sua mã... com Victoria, William. – Don me chamou a atenção.
Não? O que você acha que depois de quase vinte anos, você descobrir que foram seus próprios pais biológicos que te deixaram aos cuidados dos desgraçados que te espancavam? – eu perguntei descontrolado.
Meu fil... William, por favor, entenda que... – Victoria tentou argumentar.

Entender o que, porra??? – eu falei quase gritando – Vocês por acaso sabem quantas noites eu dormi pensando em me matar? Eu era apenas uma criança e já não queria viver! Tudo por causa daqueles filhos da puta! E vocês... – eu os olhei com toda raiva que estava sentindo –Vocês me entregaram de bandeja a eles! Eu sempre os culpei de me terem escolhidos naquela merda de orfanato... mas quando na verdade, os culpados sempre foram vocês!
Se acalme William. – Don falou.
Eu não vou me acalmar porra nenhuma! – eu esbravejei.
Nos deixa explicar. – Victoria pediu chorando – Por favor. Só nos deixe explicar.
Eu respirei fundo, fechei os olhos e passei as mãos pelo meu cabelo, me despenteando ainda mais. Eu respirei fundo mais uma vez.
Podem falar. – eu disse abrindo os olhos.
No seu primeiro ano de vida, nós pagávamos à diretora do orfanato para não deixar ninguém te adotar. E o nosso trato estava dando certo... mas a direção mudou e a nova diretora não era confiável. Nós tivemos medo de um estranho te adotar. Se isso acontecesse, nós perderíamos o contato com você... e nós não queríamos isso. – Don contou – Harry não era da Organização. Ele era apenas um informante. Foi a única forma que encontramos de ter você por perto.
Por perto? – eu ri com raiva – Por perto? Onde estavam vocês quando aqueles malditos me espancavam? – eu perguntei.
Nós não sabíamos. – Victoria disse chorando – Nós acreditávamos que você estava bem. De vez em quando Harry tirava uma foto sua e nos dava. Você parecia estar bem.
Assim que você nos contou, nós os fizemos pagarem amargamente por cada vez que eles o tocaram. – Don disse com raiva estampada em seus olhos – Nós nos vingamos. Eu juro que nós nos vingamos. Eu mesmo me certifiquei disso.
Vocês esconderam isso de mim durante esse tempo todo! – eu exasperei – Por que, caralho?
Eu tive medo. – Victoria falou e olhou para o Don – Nós tivemos medo de você não reagir bem... de nos culpar... exatamente como você está fazendo agora...
Eu passei a mão pelo meu cabelo nervosamente. Que porra de vida!

Military SeductionWhere stories live. Discover now