Capítulo 15 - Tive que complicar as coisas

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.•**•..•**•..•**•..•*ETHAN*•..•**•..•**•..•*

   Na tarde daquele dia, fiquei, mais uma vez, no tédio. Sentado perto da janela do quarto, acabei fechando os olhos. E agora eu estava perto do lago do castelo. Vi uma movimentação na água. Eram bolhas. Depois, a movimentação aumentou e eu pude ver braços sacudirem, agonizantes. Não hesitei em mergulhar de cabeça. Busquei aqueles braços na água turva. Assim que os encontrei, notei que a dona deles era Kaya. Seu corpo estava começando a convulsionar. O desespero tomou conta do meu coração mas não deixei que isso afetasse meu ato. Segurei-a com força e puxei-a para fora.

   Abri os olhos e notei que talvez tivesse cochilado.

   Vá até o lago, Ethan; ouvi uma voz falar.

   Fechei os olhos novamente e sacudi a cabeça.

   —Falou algo, Cecil? —Perguntei a um dos guardas.

   —Não, senhor.

   Vá até o lago, Ethan; ouvi novamente.

   —Eu preciso ir ao lago —Falei aos rapazes.

   Eles anuíram e saímos do quarto. Cruzamos o jardim do castelo e chegamos ao lago, no fim dele. O pequeno lago tinha bordas coloridas, com grama bem verde. Vi uma roupa jogada ali e uma movimentação na água.

    Temi que minha visão fosse... um aviso. Pulei na água e procurei por Kaya. Notei que eu estava respirando. Eu estava respirando embaixo da água! Agarrei seus pulsos e puxei-a para fora.

   —Ei! Ei! Calma —Ela pediu assim que emergimos.

   —Você está bem? —Eu analisava sua cabeça ainda sem soltar seus pulsos.

   —O que você está fazendo aqui? —Ela me fez soltá-la.

   —Eu... —Soltei um suspiro. —Desculpa.

   Comecei a sair do lago mas ela segurou meu ombro.

   —Explica —Pediu.

   —Eu achei que você... estivesse se afogando.

   Ela deu um meio sorriso e passou as mãos pelos cabelos negros.

   —Tive uma visão sobre isso —Justifiquei.

   Ela olhou para os guardas e falou:

   —Podem descansar um pouco, rapazes.

   Traduzindo: "Saiam". Eles anuíram e se afastaram um pouco.

   —Prossiga —Pediu.

   Sentei na borda do lago e ela me seguiu, sentando ao meu lado. Tentei não olhar seu corpo moreno molhado mas não consegui. Ela usava roupas que cobriam os seios e a intimidade, como calcinha e sutiã - eu estava tão atordoado que não consegui definir nada direito. Observei suas pernas, seus ombros, a clavícula, seu pescoço, seus lábios... quando cheguei em seus olhos, ela desviou o olhar e meio que se encolheu, envergonhada. Quase vi uma coloração avermelhada aparecer em suas bochechas.

   —Eu cochilei hoje e vi você se afogando em um sonho —Falei enquanto torcia a barra da blusa para tentar tirar a água dela. —Fiquei com medo.

    Decidi não contar sobre as vozes. Não queria que ela me achasse um louco.

    —Obrigada —Ela falou —por se preocupar. E molhar a roupa por mim. Neste sentido —Destacou. — Eu só... tomei um susto.

   Eu anuí e tentei manter meus olhos e meus pensamentos longe de seu corpo. Depois de alguns segundos em silêncio, ela pôs-se de pé e começou a se vestir.

Os Dons de Lithia: Entre o Amor e a Guerra Onde histórias criam vida. Descubra agora