Capítulo 28 - Lindamente terrível

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.•**•..•**•..•**•..•*KAYA*•..•**•..•**•..•**•.

              ALGUMAS HORAS ANTES

   —Não temos muito tempo até o amanhecer, Majestade —Comecei, tentando organizar meus pensamentos. —Preciso que o senhor saiba o que aconteceu durante sua ausência.

   —Senhorita, tenho certeza que este assunto... —Balançou a cabeça.

   —Eu não viria aqui se não fosse urgente —Apressei-me.

   Vi o rei suspirar e quase ouvi sair de sua boca que eu tinha enlouquecido de vez, porque era isso que seus olhos apontavam. Mesmo assim, continuei:

   —O comandante não cumpriu suas ordens, Majestade. Sentiu-se no direito de fazer o que bem entendia.

   —Foi esta a minha ordem.

   Senti que o rei não estava nem um pouco a fim de me ouvir.

   —Eu fui sequestrada. Por dias, estive em instalações renithianas, sendo torturada.

   Uma expressão de horror tomou o rosto de Pietro e orei franziu o cenho.

   —O comandante não se preocupou em me procurar ou procurar pelos outros que estavam comigo. Além disso, manteve em cárcere um dos Selecionados.

   —Ele deve ter tido bons motivos, Dagenhart —O rei uniu as mãos, ponderando. —E não estou entendendo qual o seu objetivo em vir me dizer isto.

   —Para que o senhor tome as medidas necessárias e...

   —E quais seriam estas medidas? —Interrompeu-me, desafiando com o olhar.

   Senti meu corpo ferver, gelar e tremer ao mesmo tempo. Raiva.

   —A senhorita não pode vir acusar um superior de algo desta intensidade: traição, corrupção... Além disso, não vejo marcas de tortura em seu corpo e não fui informado sobre nenhuma prisão. Logo...

   —Eu sou uma mentirosa —Concluí, com a voz trêmula.

   O rei estreitou o olhar, parecendo lembrar de algo.

   —Se foi sequestrada e não apresenta marcas, tenho certeza que contou algo aos renithianos. O que você fez? Te mandaram para nos jogar uns contra os outros?

   Ah não. Eu deveria saber que o rei faria de tudo para proteger o comandante. Afinal, anos de amizade não seriam abalados por uma soldada qualquer.

   —Kaya Dagenhart, entregue seu traje e sua espada, você está fora do exército
Lithiano.

   Neste momento, inventei novos xingamentos. A raiva e a decepção encheram meus olhos de lágrimas e meu coração acelerou. Com as mãos tremendo e segurando um grito, joguei a espada no chão e comecei a me despir. Arthur jogou um manto sobre meus ombros.

   —Pai! —Pietro repreendeu, pondo-se ao meu lado.

   —Pietro, não dirija a palavra a mim! — O rei nem olhou para o filho, deixando o olhar de raiva restrito a mim.

   Eu sabia que Pietro não responderia, já que odiava humilhar seu pai na frente dos outros. Bem, Pietro era todo calmo mas sabia dar boas respostas. Pietro deu um aperto de leve em meu braço e se afastou um pouco em seguida.

   —Você desonrou o reino —Me olhou com nojo.

   —Desonra é manter sob suas asas alguém que apunhala o reino pelas costas —Falei.

Os Dons de Lithia: Entre o Amor e a Guerra Where stories live. Discover now