Capítulo 38 - Boas notícias

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.•**•..•**•..•**•..•*KAYA*•..•**•..•**•..•**•.

Outra invasão. Leste. Os renithianos planejavam nos cercar. O pessoal na rua fingia que nada acontecia. Levei minha espada para o trabalho, fiquei alerta o expediente inteiro.

—Não acham que deveríamos fechar? —Perguntei a Rainara e Paul.

—A invasão é a leste, não ao sudoeste. Estamos bem aqui —Paul respondeu.

—Mas, se outro ataque estiver planejado a acontecer...

—Deixe de dar desculpas esfarrapadas e volte ao trabalho! —Ele vociferou.

Senti a raiva começar a me tomar.

—Senhor...

—Garota insuportável!

—Paul! —Rainara repreendeu.

—Você sabe que eu nunca teria aceitado essa menina aqui se Ethan não tivesse pago para aceitar ela.

Oi? Meu coração congelou e eu travei. A raiva foi imediatamente substituída por decepção. Aquilo seria verdade?

—Paul!

O homem entrou enraivecido na ferraria. Dona Rainara voltou-se para mim, segurou meus ombros e disse:

—Ele não...

—É verdade? —Perguntei.

—Querida... —Ela passou a mão por meu rosto, tentando me acalmar.

—É verdade? —Insisti, mais firme.

Ela não respondeu, apenas balançou a cabeça. Fechei os olhos para evitar que palavras jorrassem de mim e que eu socasse alguma coisa. Uma falta de ar me tomou e eu precisei inspirar com força. Eu iria matar Ethan. Planejei diversas maneiras de como iria socar a cara dele quando o visse e... Como fui burra! Achei realmente que era capaz de algum trabalho? Com o zero de experiência em uma barraca onde dois idosos trabalhavam?

—Eu me demito —Falei. —Usem o dinheiro de Ethan para algo útil —Tirei o avental que ela me deu e coloquei sobre a banca. Saí marchando para a casa dele.

—Querida, por favor, não vá!

Não consegui olhar para trás ou agradecer por tudo. Eu estava transtornada. Fui para a casa dele, juntei minhas coisas e esperei que ele chegasse. Ele viria. Nem que eu esperasse o conflito acabar mas esperaria. Por conta da raiva que eu sentia, o tempo se arrastou. Demorou para que ele chegasse. Acredito que era madrugada quando isto aconteceu. Arrasado, ele abriu a porta com mais hematomas. Nem perto do que eu faria com ele.

—Pra onde você vai? —Perguntou, olhando minha trouxa de roupas.

Me segurei para não voar no pescoço dele naquele momento.

—Você realmente me achou tão incapaz? —Com lágrimas de raiva nos olhos, perguntei.

Ethan olhou-me inicialmente com dúvida mas pareceu entender do que se tratava segundos depois. Vi seu rosto se fechar.

—Kaya...

—Eu disse que não precisava da sua ajuda e você não respeitou isso! —Exclamei, uma lágrima escorrendo por meu rosto. Era péssimo estar sensível.

A preocupação instalou-se no rosto dele, que se aproximou.

—Por favor, deixe-me explicar.

—Se fizer sentido, eu até te desculpo —Falei com a voz embargada. Cruzei os braços e esperei.

Ele limpou a garganta e suspirou.

Os Dons de Lithia: Entre o Amor e a Guerra Onde histórias criam vida. Descubra agora