Capítulo 36 - Crise

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Ela passou o dia todo na minha cabeça. Houveram momentos em que eu me distraí, foquei em ajudar os feridos e repôr as armas. Mesmo assim, ela vinha à minha mente. Fiquei realmente impressionado quando a vi entrar na banheira. Ela é uma mulher de atitude e eu sabia disso mas realmente fui pego de surpresa. Fiquei feliz por ela ter confiado em mim. A noite foi quente, nós dois estávamos nos entendendo de forma carnal e amorosa. Não foi perfeito, não vou mentir, mas, para mim, foi perto disso. Eu não queria errar... não com ela. Realizei meu desejo de tocá-la, de fazê-la sentir prazer. Ai, Kaya...

—Onde esteve? —Elijah me tirou de meus devaneios.

—Por aí.

Estávamos ajudando a organizar os suprimentos no depósito.

—Tivemos que enganar o comandante por você.

—Fico te devendo essa —Falei ao jogar um saco de farinha em cima de outro. —E Jackson?

—Preguiçoso —Resmungou. —Não aparece nem pra dar bom dia. Estava com hematomas e a mão estava enfaixada. Foi tudo o que consegui.

Kaya. Sorri comigo mesmo.

—Precisamos desmascarar esse cara. O que ele anda fazendo? —Elijah parecia mais estressado que eu quanto ao assunto.

—Vamos descobrir —Tentei acalmá-lo. —Relaxa. Temos uma guerra pra ganhar enquanto isso.

Perdemos quase duzentos na batalha de ontem. Eles não recuaram, apenas mudaram o local de ataque. Não sabemos quando vão fazê-lo novamente e isto é o que mais nos preocupa. Núcleos renithianos ainda estavam a noroeste. Estávamos repondo suprimentos, amolando as espadas, curando os feridos e convocando mais pessoas. A verdade é que estávamos ferrados.

Depois de empilharmos os suprimentos e carregar alguns feridos, jantamos no pátio. Estávamos racionando comida desde já. O rei sabia que a guerra seria dura mas não movia uma palha para proteger o povo na cidade. Isso me preocupava mais que tudo.

Comi pouco já que minha cabeça estava cheia demais para me permitir sentir fome. Fui até a enfermaria. O local cheirava a morte e doença, sangue e remédios. O som ambiente era dominado por choro e gritos. Estavam enroscados em panos, com bandagens e sedativos. Vários ali já estavam inutilizados. Arriscaram sua vida pelo reino, se machucaram e são considerados inúteis. Muitos deles por perda de algum membro, outros por questões psicológicas. Homens e mulheres perderam braços, pernas ou até mesmo a vida por uma luta que nem conheciam.

—Estão precisando de algo a mais? —Perguntei à enfermeira, que estava prestes a largar tudo e correr.

Ela esfregou a testa, parecendo tentar se lembrar, e disse:

—Morfina e esparadrapo.

—Vou trazer os carregamentos que temos mas... devo dizer que não durarão muito.

Ela estalou a língua.

—Tudo bem. Obrigada.

Corri até o depósito e peguei as poucas caixas que restavam com esparadrapo e morfina. Levei para a enfermaria, ajudei a armazená-los. Senti minha cabeça e meus músculos latejarem em resposta ao esforço que fiz naquele dia e no dia anterior. Gal estava ajudando as enfermeiras com as feridas. Disse a ela para me chamar caso precisasse de algo e fui rumo ao meu quarto, no castelo. Odiava ter que dormir ali ainda. Enquanto subia as escadas, dei de cara com o príncipe fazendo o caminho inverso.

—Alteza —Fiz a reverência.

Os Dons de Lithia: Entre o Amor e a Guerra Where stories live. Discover now