Capítulo 29 - Começando de novo

13 2 0
                                    

.•**•..•**•..•**•..•*KAYA*•..•**•..•**•..•**•.

Eu estava me sentindo horrível, um monstro. Ethan tentava me preencher com coisas boas e eu continuava o tratando mal.

Agora, em sua casa, eu olhava nas gavetas de seus móveis as coisas que ele deixou para trás: poucas roupas, algumas pequenas esculturas de rosas - eram tão belas... Será que foi ele quem as fez? Eram de madeira, delicadas. Assim como toda a casa. Os pequenos móveis decoravam o espaço, que só tinha um quarto, um banheiro e o primeiro local, que era a cozinha. Nela, uma mesa e alguns armários vazios. A única coisa que separava os cômodos eram cortinas. Mesmo assim, era um lar incrível, confortável.

Enquanto eu terminava de guardar minhas poucas roupas, bateram à porta.

—Kaya, você está aí? —Ouvi Ethan chamar do outro lado. —Por favor, eu te procurei em tantos lugares...

Abri antes que ele terminasse. Deu um sorriso ao me ver. Com um pequeno gesto com a mão, criou pedaços de gelo, que se uniram, formando uma rosa. Peguei a mesma, encantada, e falei:

—Desculpa por... te bater.

—Você sabe que não é culpa sua. Eu não deveria ter te beijado.

Balancei a cabeça.

—Eu não queria me deixar abalar, sabe? —Observei a rosa começar a derreter, tirando o calor de minha mão.

Ethan entrou e fechou a porta atrás de si.

—Nem pense em fazer isso! Você precisa focar em se recuperar. Você tem uma vida nova, certo? —Sentou-se à mesa. —E carrega mais uma.

Coloquei a mão sobre meu ventre. Outra vida... Eu mal cuidava da minha própria vida. Mesmo assim, eu mal esperava para ver minha barriga crescer, ter meu filho / minha filha em meus braços. Tive tempo suficiente para pensar, enquanto tudo acontecia. Eu não ia abortar ou abandonar a criança. Eu podia não ser a pessoa ideal para ser mãe mas aconteceu. Acho que posso lidar com isso. Eu quero aprender a lidar com isso, quero tentar. Para isso, precisava começar do jeito certo.

—Preciso de um trabalho —Falei.

—Eu poderia te ajudar, o rei...

—Um trabalho, Ethan. Eu quero ter o meu dinheiro.

—Tudo bem. Mas aqui está bem difícil, sabe? Estamos em guerra —Começou a sacudir os pés —, muitos deixaram a cidade e cada vez menos pessoas estão oferecendo algo...

—Eu me viro —Encostei na perna dele para que parasse de se mexer. —Você conhece o lugar então... o que acha de me mostrar um pouco? —Sugeri.

—E se você não conseguir?

—Eu vou conseguir.

Ele anuiu. Meu corpo sacudiu quando ele sorriu. Algo estava errado. Como um sorriso poderia me afetar tanto? Sorri de volta.

—Vamos, acho que sei onde podemos encontrar um emprego para você —Levantou e segurou minha mão, me levou para fora.

A luz do sol competia com as nuvens que tentavam cobri-lo. A cidade estava decorada com as bancas da feira. Apesar de todos os acontecimentos, a esperança na cidade não morria. E a minha também não. Eu precisava começar de novo e tinha que ser logo.

Uma senhora simpática sorriu para nós. Em sua banca simples de madeira, oferecia uma enorme variedade frutas e verduras. Uma casa ao lado emanava um intenso calor, que tocou nossa pele assim que ficamos a alguns metros dali. A mulher largou as frutas para nos cumprimentar.

Os Dons de Lithia: Entre o Amor e a Guerra Onde histórias criam vida. Descubra agora