Capítulo 16 - Dois homens e uma guerra

9 1 0
                                    

.•**•..•**•..•**•..•*KAYA*•..•**•..•**•..•**•.

Ficar sozinha no lago com os meus pensamentos foi uma ideia terrível. Eu estava confusa e isso nunca fiz questão de esconder de mim mesma. Minha vida pessoal sempre foi o pior problema para mim mesma, já que não consigo entender ou resolver.

Mesmo que tudo estivesse de volta ao normal com Pietro, eu ainda não sabia se o amava. Daquele jeito, quero dizer. Não sabia se queria ficar com ele "para sempre". E o pior: achava que estava ficando atraída por Ethan. Ótimo.

A situação só piorou quando ele ficou me observando quando me tirou da água. Eu senti meu corpo queimar. Eu queria que ele me olhasse e isso me deixou... culpada.

Mais tarde, quando Ethan foi para o jantar com os Selecionados, fui ver Pietro. Entrei em seu quarto e sentei ao seu lado, no chão, diante das prateleiras de livros.

—Oi.

—Olá, linda —Ele deu um beijo na minha cabeça. —Como você está?

Mais uma vez, uma sensação de culpa tomou meu coração. Envolvi meus braços em seu corpo e afundei minha cabeça em seu peito, querendo esquecer aquela culpa.

—Estou bem. E você?

—To legal. Ainda bem que você veio. Queria te dizer que papai vai falar com um investigador. Precisa detectar se há algum traidor. Ele queria que você reunisse os seus guardas.

—Ok. Obrigada por avisar.

Ele estava acariciando minhas costas com a ponta dos dedos. Eu não conseguia não pensar no olhar de Ethan sobre mim e eu gostando disso. Fechei os olhos e sacudi a cabeça, querendo apagar a culpa.

—Você está estranha, Kaya. Aconteceu algo? —Pietro perguntou, com a voz suave.

—Só estou com a cabeça cheia —Ergui a cabeça e enterrei o rosto em seu pescoço.

Deixei um beijo aí e deslizei o nariz por sua pele até chegar em sua boca. Beijei-o e depois fiquei abraçada com ele.

É muito doloroso pensar em uma pessoa quando está com outra. O pior de tudo é que eu sei que Pietro me ama. E sei também que não sinto o mesmo.

Me afastei dele e, com o coração já dando pontadas em meu peito, falei:

—Precisamos conversar, Pietro.

Ele cravou os olhos nos meus e eu...

Bem, nós dormimos juntos. Eu fui uma idiota, eu sei. Mas eu queria me convencer de que eu estava errada. Mesmo amando fazer amor com ele, eu sabia que não estava errada.

Pela manhã, eu sabia que não iria conseguir olhar em seus olhos e sabia também que ninguém precisava nos ver ali, fora os guardas. Deixei um beijo na sua testa e saí do quarto.

.•**•..•**•..•**•..•**•..•**•..•**•..•**•..•**•.

—Terra chamando Kaya —Ethan jogou mais uma esfera de água em mim.

Passei a mão por meu cabelo molhado e, enquanto ele ria da minha situação, falei:

—Deveria guardar suas demonstrações para Marlon.

—Tá irritadinha hoje? —Ele manteve o ar risonho.

—Você não imagina o quanto —Me posicionei novamente. —Vamos continuar.

Ele fez o mesmo e eu o ataquei. Aproveitei a situação para descontar todos os sentimentos de confusão e culpa. Decidi surpreender: ao invés de atacar diretamente, como costumava fazer, dei-lhe uma rasteira. Ele caiu e eu parti para cima com socos no seu rosto enquanto sentava sobre suas pernas, para evitar seus movimentos. Eu ia iniciar uma chave de braço mas ele, de alguma forma - não estava muito focada no que estava acontecendo, meus sentimentos não deixavam -, conseguiu segurar meus braços e inverter as posições. Ele começou a me bater, meio hesitante ainda, mesmo depois de uma conversa que tive com ele, dizendo que, na guerra, não havia distinções entre homens e mulheres. Em um desses segundos de hesitação, aproveitei para socar seu maxilar. Pus-me de pé e falei, cuspindo um pouco de sangue provido de um corte dentro da minha boca:

Nunca hesite. Surpreenda.

Ethan anuiu, ainda um pouco atordoado por conta do soco que dei em seu maxilar.

—Vá para a enfermaria —Falei. —Você ainda tem que ver Marlon.

Ele se aproximou de mim e disse:

—Você deveria descansar um pouco, Kaya. Nunca te vi tão agressiva.

Mesmo sendo Ethan, notei o tom de seriedade na voz dele.

—Eu estou bem —Falei, sem olhar para ele.

—Não tente mentir para mim —O sorriso do cafajeste voltou.

Ao ver que eu não falaria nada, ele dirigiu-se à saída:

—Se cuida.

Suspirei e me senti um pouco aliviada por estar sozinha. Peguei um curativo na enfermaria e fui procurar Arthur.

—Por favor, me fala que sua vida não está uma bosta —Pedi a ele quando o encontrei no pátio.

Ele ajudava os outros soldados carregando alguns sacos de comida e eu resolvi ajudar.

—Na verdade, está bem mais ou menos. Por que a sua está tão ruim? —Colocou mais um saco de feijão dentro do depósito.

Deixei o peso que carregava ali também.

—Não queria falar sobre isso agora, desculpa.

Ele anuiu mas falou:

—Sabe que odeio ficar curioso.

—Sei que sim, amigo —Eu sorri. —O que você tem feito por aqui?

—As mesmas chatices de sempre. Às vezes, só queria dar o fora daqui —Suspirou.

—Está louco? Sabe que nosso plano é fugirmos juntos.

—Você tem um príncipe agora, Dagenhart.

Não queria ter ouvido aquilo mas... meu amigo não sabia. Então, sorri e acabei não respondendo.

Passei o resto da tarde com ele, conversando sobre coisas aleatórias, como por que o castelo era tão feio, a possibilidade de os peixes enxergarem o ar, já que nós enxergamos a água, e falamos sobre a nova paixonite de Arthur.

—Ela me enlouquece —Ele mordeu o lábio ao parecer pensar nela.

Eu tive que aguentar já que Arthur já ouviu muito dos meus dramas.

—É muito boa de cama e faz querer viver aos pés dela. Eu babo por ela.

—É recíproco? —Fiz a pergunta mais importante.

Ele pareceu pensar um pouco antes de responder:

—Acredito que sim. Nunca falei sobre com ela. Vou tentar.

—Não assusta a garota.

Ele anuiu. Passamos alguns segundos em silêncio e falei, de repente:

—Será que as nuvens também tentam adivinhar com o que a gente parece?

Arthur gargalhou.

—Você tá ingerindo alguma erva?

—Bem que gostaria —Eu disse, também rindo.

Às vezes, eu queria que a vida tivesse mais momentos calmos quanto esses. Queria passar mais tempo falando bobagens com Arthur, relaxando, podendo ser eu mesma.

Mas eu tinha dois homens na minha cabeça e uma guerra para enfrentar.

   .•**•..•**•..•**•..•**•..•**•..•**•..•**•..•**•.

Oi, meus xuxuzinhos,

    E aí, o que acharam?

O que é mais difícil: a guerra do coração ou da nação?

Espero que estejam gostando.

    Como eu esqueci de postar segunda, eu vou postar dois capítulos.

Obrigada a quem está acompanhando 💙

Não esqueçam de dar a estrelinha e comentar bastante! ✨

    Beijos de luz ✨,

     Anaaclarag 💙

Os Dons de Lithia: Entre o Amor e a Guerra Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu