Capítulo 27 - Tudo o que eu precisava ouvir

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.•**•..•**•..•**•..•*ETHAN*•..•**•..•**•..•*

Então meu sonho estava certo. Kaya realmente foi torturada e... estava grávida. Eu deveria agradecer aos céus por ela estar viva e bem mas... não consegui me alegrar. Eu queria tanto entrar na cabeça dela para saber como ela estava se sentindo. Senti como se aquele pouco da casca dela que eu tinha destruído tivesse se reconstruído ainda mais forte. Claro, ela se abriu comigo mas tenho certeza de que ela teria medo... Kaya é forte porém a vida já a derrubou tantas vezes que eu já nem sei mais o quanto ela vai aguentar.

Por isso, tentei apoiá-la o máximo que pude nessa "missão urgente". Fiquei meio... decepcionado porque ela foi falar com Pietro e me senti um idiota no segundo em que lembrei que ele é o pai de seu filho/sua filha.

No treino de arco e flecha, eu tentei descontar toda a preocupação. Ao invés de piorar meu foco, apenas aumentou e eu raramente errava um alvo. Enquanto isso, minha cabeça estava a mil.

—Oi, Ethan —Gal tocou meu ombro para que eu abaixasse o arco.

Assim fiz e a observei parar a minha frente, entre mim e o alvo. Eu não tinha percebido que ela estava perto até que me tocasse.

—Você vai muito bem com o arco —Começou a girar uma flecha usando o dom.

—Obrigado —Falei, coçando a cabeça.

Eis um fato: Eu não entendo as mulheres. Eu as observo, admiro, observo novamente, escuto mas nada adianta. Então, não sabia o que a Gal estava fazendo ali ou por que.

Ela parecia estar em dúvida se falava ou se continuava quieta, rodando a flecha.

—Você... soube? —Sua voz saiu tão baixa quanto um sussurro.

—O quê?

Ela olhou para os lados, como se estivesse com medo que alguém ouvisse.

—Acho que o Jackson está em alguma enrascada. Com o comandante, quero dizer —Limpou a garganta.

Tenho certeza que a Gal não falaria isso se não tivesse realmente suspeitado. Afinal, ela mal falava. Fora isso, sempre achei o Jackson meio... fora do ar. Mesmo assim, tive esperanças de que o comandante apenas tivesse mentido sobre "ter um Selecionado".

—Eu sei que parece loucura...

—Como você chegou a essa conclusão?

Ela hesitou. Parou de girar a flecha e olhou para o chão.

—Nós dormimos juntos —Soltou — e quando eu acordei no dia seguinte, ele estava falando com o guarda, algo sobre serviços ao comandante —Suspirou. —Só quero ganhar essa merda de guerra e o filho da puta fica de papinho com o comandante!

Vi as flechas começarem a se mexer e punhados de terra ao seu redor se elevaram. Toquei o braço dela para que se acalmasse.

—Falei com o Elijah —Continuou, respirando fundo. —Ele disse que ia ficar de olho. Mas...

—Vou ver o que descubro —Falei, antes que ela terminasse.

Gal anuiu e me devolveu a flecha.

—Acha que eu deveria treinar arco e flecha? —Perguntou, reerguendo a flecha em minha mão, fazendo-a apontar para trás de mim, assim como ela fazia com o olhar.

No começo, fiquei sem entender, mas depois de espiar um pouco pelo canto do olho, vi que um soldado aproximou-se. Fiz que não com a cabeça para ela e gesticulei para que se afastasse. Ela anuiu e nos deixou.

Os Dons de Lithia: Entre o Amor e a Guerra Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu