Capítulo 53 - Monstro

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Não sonhei naquela noite. Não deu tempo. Eu saltava sempre que estava adormecendo. Algo em mim me impedia de dormir profundamente. Angústia. Eu temia por minha filha, sozinha naquele quarto com desconhecidas, e temia por Ethan, sozinho e machucado... e temia por mim. O que eu faria? Não tinha ninguém, absolutamente ninguém que poderia me ajudar.

Fiquei de pé e bati com o punho fechado na porta três vezes. Não sabia que horas eram, queria sair dali. Estava quente ali dentro, aquele vestido estava me matando.

—Me deixa sair! —Gritei. —Pietro, por favor!

Bati mais algumas vezes até ser atendida. A porta foi destrancada e Pietro estava com mais uma de suas roupas reais chiques.

—Dormiu bem? —Perguntou, como se nada tivesse acontecido.

Suspirei e tentei sair mas ele ficou no meu caminho.

—Preciso ver a minha filha —Disse.

Ele não me respondeu ou saiu da frente, apenas esticou a mão para mim, esperando que eu a segurasse. Como não fiz isso, ele pegou minha mão e puxou-me para perto.

—Espero que me perdoe e entenda que eu não posso confiar em você se continuar a me tratar daquela forma —Acariciava a minha mão enquanto falava. —Precisa esquecer aquele nefando se não quer sofrer as consequências.

Tentei soltar minha mão da dele mas ele segurou com mais força antes de me dar um beijo na testa.

—Vamos tomar café da manhã —E me puxou para o quarto, para que pudéssemos sair dali.

Tentei fazê-lo parar de andar puxando seu braço e forçando meu corpo para trás. Nada adiantou. Pietro teve tempo suficiente para aumentar a massa muscular e eu, para perder a minha. Ele continuou a me arrastar até sairmos do quarto. Parou de repente e disse:

—Pode ir buscar nossa filha. Está livre para fazer o que quiser —E enfatizou, antes de sair: — dentro do castelo.

E seguiu escada abaixo, com a postura impecável. Eu sentia falta do Pietro pelo qual me apaixonei. Ele tinha a mesma postura e um pouco menos de poder mas não era um abutre. Precisava fazer algo para me livrar dele.

Fui até o quarto de minha filha, onde as outras mulheres cuidavam dela. Pedi licença e tomei-a em meus braços. Estava com roupas mais leves que antes. Riu ao me ver e acalmou meu coração quando se aninhou em mim. Ainda bem que eu tinha a ela.

—Vamos comer um pouco e depois vamos brincar bastante —Falei enquanto descia as escadas. —Vai ser um dia difícil mas vamos conseguir.

Cheguei na sala de jantar e coloquei minha filha no berço que Pietro tinha mandado colocar. Sentei-me à mesa e respirei fundo antes de começar a comer.

—Lembra do nosso primeiro beijo? —Perguntou ele.

Ergui os olhos do melão para ele com o cenho franzido. Pietro, no entanto, estava sorrindo.

—Lembro —Respondi, relutante.

—Estávamos muito apaixonados —E deu um gole no suco. —O que mudou? Por que você não me ama mais?

Me remexi na cadeira. Como eu ia explicar para Pietro aquilo? Ele estava muito alterado e sensível do que há um ano.

Pigarreei antes de começar:

—Eu nunca te amei como você acha, Pietro —Ouvi o copo aterrisar na mesa de maneira agressiva e estremeci. —Eu te expliquei isso. Você foi minha primeira paixão mas meu primeiro amor é Ethan. Você me deu minha filha e momentos incríveis. E... foi isso.

Os Dons de Lithia: Entre o Amor e a Guerra Onde histórias criam vida. Descubra agora