Capítulo 49 - Perdida

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.•**•..•**•..•**•..•*KAYA*•..•**•..•**•..•**•

NO DIA ANTERIOR

   Minhas pernas tremeram. Eu não estava pronta para aquilo. Ele estava realmente ali, de pé na minha frente. Minha cabeça explodiu em milhares de perguntas e xingamentos, tanta coisa que não consegui externar nada. Fiquei olhando como boba para ele, que também parecia não saber o que dizer. Ficamos nos encarando, os olhos dele não se prendendo ao meu rosto. Percorreu desde meu corpo até chegar no berço de Dalila, onde seu olhar ficou grudado. Meu coração acelerou. Não.

   —O que está fazendo aqui, Pietro?

   Ele ainda olhava para minha filha. Estreitei o olhar e limpei a garganta. Ele olhou de volta para mim e arrumou a postura.

   —Sinto que precisamos conversar.

   —Você sente? —Cruzei os braços.

   Ele suspirou.

   —Por que demorou tanto para aparecer? —Perguntei.

   Ele desviou o olhar, encarando os produtos na mesa. Eu não sabia o que sentir em relação a ele. Acho que eu queria socar a cara dele.

   —Eu te mandei mensagens, te avisei e te pedi pra vir. Você falou que estava animado para ser pai...

   —Eu sei, Kaya...

   —Então por que não veio? —Aumentei o tom de voz, inconscientemente.

   Notei que alguns homens se mexeram ao nosso redor. Guardas. Ele trouxe guardas. Não. Sinalizou para que ficassem onde estavam.

   —Guardas, Pietro? Sério?

   —Eu sou rei agora.

   —Eu sei —Falei. Minha voz tinha tom agressivo.

   A decepção estava clara em seu rosto. Ele suspirou mais uma vez antes de falar.

   —O último ano foi difícil. Perdi meu pai, minha irmã, minha vida mudou totalmente de rumo. Eu não consegui...

   —Não conseguiu aceitar sua nova realidade? —Continuei ríspida.

   —Kaya...

   —Minha filha tem um ano de idade, Pietro. Você teve mais de um ano para vir. Você me fez acreditar que queria ser pai.

   —Eu quero ser pai. Eu sou pai.

   —Não, Pietro, não é.

   Seu rosto se fechou, rugas se formaram entre suas sobrancelhas.

   —Você pode achar que um ano é pouco mas não é. Eu e Ethan recomeçamos milhares de vezes. Lutamos contra frio e fome com uma criança de colo. Nós cuidamos dela.

   —Quero outra chance, Kaya. Eu posso ainda ser um bom pai.

   —Ela já tem um pai e uma mãe.

   —Esse pai sou eu! —Ele cerrou os punhos.

   —Esse pai é Ethan —Expliquei, calmamente.

   Ele deu um soco na mesa, que acabou derrubando vários produtos no chão, e me fez estremecer. Dei um passo para trás. Dalila começou a chorar, assustada com o barulho. Pietro aliviou a tensão do rosto quando ouviu o choro da menina. Peguei-a do berço e ele ficou hipnotizado, olhando para ela. Balancei-a e consolei.

   —Vai embora —Pedi. —Não temos mais nada para conversar.

   Comecei a me afastar ainda mais, rezando para que os anjos o tirassem dali.

Os Dons de Lithia: Entre o Amor e a Guerra Onde histórias criam vida. Descubra agora