Capítulo 48 - Estou com medo

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Ajudei o senhor Nemetik a fechar a loja. Ele já era um homem de mais ou menos 70 anos. Teimoso como qualquer velho. Tentei ajudá-lo a carregar sua bolsa mas...

—Não venha exibir sua juventude, Luzern —Resmungou.

Sorri de canto e não insisti. Seguimos lentamente, acompanhando os passos dele, lado a lado pela rua larga onde eu trabalhava.

—Pode andar no seu próprio ritmo, posso me cuidar.

—O senhor deveria deixar de ser tão ranzinza —Falei. —Quero te fazer companhia.

Ele estreitou os olhos, formando um monte de rugas em seu rosto, e me analisou de cima à baixo, debochado.

—E por que eu iria querer sua companhia?

Eu ri mais uma vez.

—Achei que o senhor gostasse de mim.

—Que ideia maluca! —Arrumou a bolsa debaixo do braço.

Chegamos à praça e seguimos rumo às tendas. Ele morava por perto e eu não gostava da ideia de um homem tão idoso como ele andando sozinho, por mais estressado que ele fosse. No céu, o sol estava quase se pondo.

—Sua esposa trabalha por aqui? —Perguntou.

—Sim... mas Kaya não é minha esposa.

Ele pareceu confuso.

—Como não? Vocês moram juntos e têm uma filha!

Bem, ele não estava errado. Estávamos basicamente casados há mais de um ano. Apenas dei de ombros. Ainda não falamos sobre casar. No oficial, digo. E eu não me importo muito, desde que eu esteja com ela. Ela continuava do mesmo jeito: linda, teimosa e arisca. Seus cabelos cresceram e ela engordou um pouco - surtava por conta disso às vezes, quando estava muito estressada, e eu lhe dizia a verdade: não era gordura que ia me afastar dela.

Chegamos em frente à casa do meu patrão e paramos.

—Tenha uma boa noite, senhor Nemetik —Desejei, já me afastando - ele odiava que eu "tentasse descobrir o segredo da chave da porta" dele.

O velho resmungou, como sempre:

—Você também, Luzern.

Segui meu caminho até a tenda de Rainara. Todas as outras tendas estavam fechando. Ao longe, o relógio da torre do castelo anunciava a hora da cidade adormecer. Depois do fim da guerra, o número de soldados na rua reduziu, apenas pequenas tropas continuavam fazendo patrulhas.

A cidade estava tão calma que realmente pensei que estávamos em paz. Eu estava errado.

Percebi isso quando cheguei na tenda. Encontrei Kaya nos braços de Rainara, toda encolhida, chorando inconsolavelmente. Meu coração se encolheu em meu peito. Notei que a tenda estava toda bagunçada, alguns potes e comida estavam no chão.

—O que houve? —Fui até elas e passei o dedo pelo rosto de Kaya, tentando inutilmente limpar seu rosto.

Ela soluçava alto. Rainara estava claramente desesperada. O rosto de Kaya estava todo molhado, os olhos e o nariz vermelhos. O que fizeram com ela?

Rainara colocou-a em meus braços e, enquanto Kaya pressionava o rosto contra meu peito, começou a explicar:

—Eu não faço ideia. Quando cheguei, ela já estava assim.

Os Dons de Lithia: Entre o Amor e a Guerra Where stories live. Discover now